domingo, 13 de janeiro de 2008

Conversa no elevador

Cinco segundos depois de eu ter carregado no botão de chamada do elevador - que é como quem diz: depois de ter chamado o elevador - este chegou ao meu andar trazendo um ocupante que viajava desde o sétimo andar.
O ocupante abriu a porta e ia sair, convencido que estava no piso térreo. Quando me vê, rapidamente se apercebe que o elevador parara no terceiro andar e não no rés-do-chão.
- Olá, boa tarde! - cumprimentei eu.
- Ah... olá!...Estava aqui entretido a espremer umas borbulhas do nariz... sabes que este espelho enorme... é mesmo bom... - falou hesitante, julgando que eu tinha visto o que ele estava a fazer.
- Sim... e a iluminação é perfeita para isso - respondi. E para o deixar mais à vontade, continuei:
- Mas olha que há mais.
- Ai há?
- Sim, há mais quem aproveite as viagens de elevador para espremer borbulhas. E até há também quem aproveite para espremer as borbulhas de narizes alheios.
Rimos os dois. Nesta altura o elevador ia para aí entre o segundo e o primeiro andar.
- Então, está tudo bem?... - ele retomou a conversa.
- Sim... e com vocês, também?
- Sim. Eh pá!... Ando agora a ver se arranjo orçamento para nos virem pintar o prédio. Hoje vou saber mais um. Já é o quinto!...
O elevador chegou ao rés-do-chão. Confesso que senti uma ponta de alívio porque ali já eu estava sem assunto. Ele usou de cavalheirismo abrindo a porta do elevador e dando-me a primazia na passagem e repetiu os mesmo gestos na porta do prédio. Agradeci a dobrar, despedi-me e segui o meu rumo mas não sem pensar neste pequeno episódio.
Habitualmente tenho facilidade em desanuviar tensões que não sejam minhas. O meu vizinho ficou algo atrapalhado quando pensou que eu tinha visto que ele estava a espremer o nariz. Constatando isso, eu tive espontaneidade e rapidez suficiente para encontrar algo engraçado para dizer que desanuviasse a sua tensão. Mas também, rapidamente fiquei sem mais nada para acrescentar...
Costuma dizer-se por aí, que quando não existe ligação entre duas pessoas e por algum motivo se encontram e têm que ficar juntas, ainda que por pouco tempo, uma delas abordará certamente o estado do tempo - a chuva, o sol, o vento, o frio, o calor... Ao menos, eu e o meu vizinho, falámos de coisas diferentes...



Uma perguntinha: não achas que a cabine de um elevador é um dos locais mais constrangedores que existe?

4 comentários:

Anónimo disse...

resposta á tua pergunta: Depende da companhia loool

isto ha com cada um...lool

beijinhos

redonda disse...

Muito diferentes mesmo. Penso que esse tema nunca me ocorreria e não seria capaz de pensar com tanta rapidez no que dizer :)

Anónimo disse...

Os elevadores são óptimos locais para utilizar os "desbloqueadores de conversa". Realmente, o tema de espremer borbulhas do nariz, é um óptimo exemplo disso mesmo, ehehehehe!
Uma história muito divertida!

Gina G disse...

Olá Patinha:
Sim, é verdade, depende também da companhia...:-)

Olá Redonda:
É... eu acho que estou demasiado habituada a ter que encontrar algo para dizer... ossos do ofício.:-)

Olá Paski:
Pelos vistos lá arranjei um bom "desbloqueador de conversa".:-)