quarta-feira, 30 de abril de 2008

cor-de-laranja
"Palavra que não sei como há pessoas que pintam as unhas de cor-de-laranja..."
Foi o que eu disse o professor lá do ginásio quando ele manifestou apreço pela cor do meu verniz.
aqui referi e vou repetir-me: aquele moçoilo tem montes de piada.
Ele também se repetiu: voltou a dizer-me que eu tenho os ténis mais giros da Academia... e anda de volta de mim para ver se eu faço tudo bem-feitinho... ai ai ai...

terça-feira, 29 de abril de 2008

Manobra graciosa

Olhei para um aviso que o Luís tem lá na loja dele e que diz simplesmente isto:
Estimados Clientes:

Informamos que só aceitaremos pagamentos multibanco em valores superiores a 10.00 euros.

Gratos pela atenção.

Assinado: A Gerência

Logo de seguida, "saiu-me" isto:


AVISO...

... AO CLIENTE DO CORAÇÃO:

Queira vossa excelência ficar informado de que apenas aceitarei pagamentos através do Terminal de Pagamento Automático (vulgo TPA ou ainda Multibanco, para o caso de vossa excelência não fazer a mais pequena ideia que raio será o "TPA") em valores superiores a 10.00 (dez) euros.

Ficarei elevada e antecipadamente grato pela compreensão que irá demonstrar depois de ler este aviso.
Assinado: Eu, o patrão.

Ele não quis expôr este aviso no lugar do outro... porque será?

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Subitamente...

Há uns dias atrás publiquei este post . Nele havia fotos mas não me ocorreram quaisquer palavras para as comentar. Apareceram hoje formando o pequeno texto que se segue:


Fui com o meu amor ver o rio Tejo. É o que vale. Aliás, ele é quem vale.

domingo, 27 de abril de 2008


Não tenho paciência para estar sentada e quieta muito tempo. Quaisquer dez minutos me fazem dormências e começo a ficar inquieta, desejosa de andar um pouco, aliás, normalmente fico desejosa de andar muito. Foi por isso que deixei os amigos a jogar ténis e fui dar uma volta por ali, não sem antes agarrar na máquina fotográfica.
O circuito de manutenção do Cabeço de Montachique é um recinto cheio de árvores e também flores como as que figuram na foto que ilustra este post e das quais não sei o nome mas também não interessa muito por agora.
Mas ia eu escrevendo, fui dar uma volta por ali, sozinha. Estou demasiado habituada a estar sozinha. Nem sei como adquiri este hábito e pergunto se será bom porque acho-me quase sempre sem vontade de grande convivência com outras pessoas da minha idade. Porém, sinto falta de convívio e normalmente convivo. Não desenvolvo grandes conversas mas normalmente converso e descubro afinidades daquelas que me aproximam das pessoas. Não sou uma pessoa divertida ou que divirta mas normalmente divirto-me.
Sou assim...

"A curiosidade matou o gato"

... mas eu ainda não morri. Se calhar qualquer dia, o gato curiosíssimo que há em mim, morre. Causa de morte: curiosidade...

sexta-feira, 25 de abril de 2008

carinho profissional

da droguista:
ai aaai!!! meu diluente celuloso lata de 5 lt para ser muuito grande!!! minha lixa garnet grão 40, com tanto grão que até arranha!!! meu pó amarelo para chão de madeira!!! minha aguarraz de limpeza!!! meu limpa metais Coração!!! Ai coração, coração... AMO-TE TANTO... vem cá!!!
do ferrageiro:
aaai!!! minha porca zincada 3/16"!!! minha escapula com rosca lacada a branco 5x70!!! meu parafuso auto-perfurante cabeça sextavada M6x90!!! minha anilha de 1/4" latonada!!! AMO-TE TANTO... 'tou a ir!...

As figuras (cómicas) que eu faço

A chave rodou na fechadura fazendo o barulho característico. Exclamei:
- Olá amô!!! - e corri para a porta julgando que era o meu amor.
- Mãe, sou eu... - disse a rica filha sorrindo maliciosa - o Hugo pode entrar?
- Sim, claro! - respondi eu sem esconder o desapontamento. E depois, dirigindo-me ao moço:
- Não és quem eu estava à espera mas és bem-vindo na mesma - e não me contendo, muito depressa disse:
- É que eu passo o dia todo ao pé do meu marido!!! e hoje já estou sem ele há uma data de horas!!! e estou a ficar doida!!!
A Ana Cláudia ia-se engasgando com a água que estava a beber no momento preciso em que proferi aquelas palavras e o moço foi entrando calado. Não é de estranhar, que iria ele responder àquilo?
Como é possível esta criatura (eu) dizer tanta parvidade em menos de trinta segundos?

25 de Abril de 1974

Ora aqui estou eu recém chegada de dentro de um balde de água com detergente e de pano do pó pousado no ombro, esfregona na mão esquerda e spray limpa móveis na mão direita, disposta a lembrar o dia 25 de Abril de 1974.
Não tenho idade para me lembrar em concreto da Revolução de Abril '74. Mas lembro-me do 25 de Abril por uma razão muito simples - o meu pai chegou nessa mesma madrugada de Moçambique onde estivera a trabalhar durante um ano.
Havendo recebido no dia 24 um telegrama do meu pai avisando que chegaria no dia seguinte a Lisboa, a minha mãe deslocou-se ao aeroporto fazendo-se acompanhar da minha pessoa (pequenina), o meu irmão e um amigo da família para esperarmos pelo meu pai.
Tenho na minha memória algumas imagens dessa manhã: eu dentro de um táxi preto e verde que me parecia gigantesco, o cheiro da pele dos estofos, a minha altura mal dar para ver a rua, os soldados alerta e armados dentro do aeroporto, o nervosismo da minha mãe por não nos deixarem entrar e por não haver notícias do meu pai. É por causa disto que me lembro do 25 de Abril, senão ter-me-ia passado ao lado, de certeza...
Felizmente, nada se passou com o meu pai, o avião tinha sido desviado para o aeroporto de Faro devido à Revolução. No dia 26 todos pudemos matar saudades do meu pai...

quinta-feira, 24 de abril de 2008




Sinto-me mal e bem.


Ilusão e expectativa.


Um ardor que repousa.

E uma loucura que eleva.


Mescla doentia, esta.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

3# Volkswagen Jetta 1300 CL

Está na hora de falar do Jetta. Foi o que apareceu a seguir. E apareceu num dos meses de 1995 mas não posso precisar qual porque não me lembro.
O Jetta era um carro seguro e confortável, um carro familiar. Afinal de contas, já tínhamos dois filhos, a família estava crescida.
O Jetta acompanhou-nos em algumas estadias de férias e a mais marcante dessas estadias foi a que ocorreu em 1996. O Luís sempre teve a mania de se meter em atalhos, o que normalmente é sinónimo de trajectos inadequados para um carro daquele género. Em suma, o Luís gosta de se meter onde não é chamado...
Ainda não foi "aqui" que comecei a conduzir embora tenha também posto as mãozinhas no Jetta algumas vezes.
Deste carro não há muitas recordações em relação aos ricos filhos. Há a recordação de eles adormecerem uns cinco ou dez minutos depois de embalados pelo Jetta em movimento. O rico filho adormecia na sua cadeirinha e a rica filha adormecia encostada à cadeirinha do mano. Ricas sonecas!...
No Jetta já a Ana Cláudia não ferrou os dentinhos nem o André andou às voltinhas como no Ritmo. Mas... já aqui mesmo por baixo pode-se ver que também não tinham grandes melhoras...


Seguem-se as fotos comentadas:



Esta fotografia é das melhores que tenho dos meus filhos. Sempre que a vejo dá-me vontade de rir. Como é que uma "coisinha" que nesta altura nem um metro de altura devia ter, conseguiu subir para inspeccionar a mala do carro pelos seus próprios meios? E mais, depois de lá estar ainda se queria fechar a si próprio lá dentro.... E a mana... pois a mana - que sempre foi muito sossegadinha também - ia a caminho para ajudar a "coisinha" a concretizar os seus intentos...



O Jetta esfalfou-se para chegar até aqui. Infelizmente não recordo o nome deste sítio. Lembro que era o cimo de um monte algures perto de Almeida. Para lá chegar percorremos uma estrada de terra batida que circundava o monte e ia subindo, subindo, subindo... até ali onde foi tirada esta foto.



Num dia de férias do ano 1996, o Luís meteu-se em atalhos e depois em trabalhos. Achou que um carro deste tipo podia atravessar um riacho. Realmente não se enganou, o Jetta atravessou o riacho para lá e depois viu-se forçado a atravessá-lo para cá, uma vez que o lado de lá não tinha saída para viaturas... Quem tirou esta foto fui eu resgistando assim um momento com alguma perigosidade. E o mais engraçado disto tudo é que o lado de lá era Espanha e o lado de cá era Portugal. Viémos a saber isto quando observámos o mapa com mais rigor umas horas depois.

E aqui sou eu e o rico filho numa altura em que ele era muito mais pequeno que eu...

O Jetta também não acabou a sua "vida" da melhor maneira. Em Dezembro de 1997 o Luís despistou-se e teve um acidente com alguma gravidade. A gravidade suficiente para eu não ter ficado viúva por um triz. E o Jetta... foi para o galheiro, ficou irrecuperável, morreu. Antes assim, pois claro!

A história do Jetta fica assim, não vou aqui contar a história do acidente do Luís porque ainda hoje é um assunto que me atormenta um pouco.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Passei grande parte deste dia com uma sensação de objectivo incumprido. De manhã, a minha vizinha do lado viajou ao mesmo tempo que eu e o resto da malta cá de casa no elevador. Trazia mesmo na cana do nariz um bocado de creme de rosto mal espalhado. Aquilo ali!... Mesmo à minha frente!... E eu não fui capaz de dizer à rapariga para espalhar melhor o creme!... O drama maior ainda foi esperar ardentemente não cruzar o olhar com nenhum dos ricos filhos... ia ser mau porque eu não ia aguentar o riso. Ai não ia, não.

E ela lá foi à sua vida com uma risca de creme branco para aí com um ou dois milímetros de espessura e três ou quatro centímetros de comprimento... mesmo em cima do nariz.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

domingo, 20 de abril de 2008

Dia igual

Uma vez mais estou em clara dissonância. Tenho o tempo e o PC mas falta-me o assunto para escrever. É mais um dia sem relevância nenhuma, um dia igual.
Sinto uma espécie de urgência em usar o tempo de forma produtiva. Acho que tenho sempre que estar a fazer alguma coisa, usando o meu tempo em algo que considere útil, para mim é urgente fazer algo. E neste caso, estar aqui no meu palco, com tempo para escrever algo que me dê prazer e não usar esse tempo da forma que gostaria, custa-me horrores. A urgência fica maior, até ouço a sirene...
Sou uma falsa calma, porque a aparento mas não a sinto. Nem sei porque é que sou tão contraditória ou para que é que sou tão contraditória. Será toda a gente assim ou eu é que saí com defeito?
Mas agora pensando bem, nem foi um dia assim tão igual. Teve a sua graça.

sábado, 19 de abril de 2008

Loures, 31 de Outubro de 2006

Nestes últimos dias há um pensamento que não me sai da cabeça mas também não sei definir o meu estado de espírito neste momento.
Há pouco pensei em quão habituada estou a analisar a minha personalidade e as minhas atitudes. É bom, consigo compreender porque faço o que faço e porque sinto o que sinto. E é mau, estou sempre demasiado ansiosa e preocupada, espero demasiado de mim mesma. Estou permanentemente expectante, desejando algo. E assim nunca consigo corresponder às minhas próprias expectativas. Acabo por concluir que sou pouco inteligente...

sexta-feira, 18 de abril de 2008


Arroz-doce



O meu arroz-doce é divinal! Desculpa lá mas é mesmo sem modéstia que digo: o meu arroz-doce é MA-RA-VI-LHO-SO!
Porém, tem um senão: é bem capaz de ser difícil transmitir a receita do "meu arroz-doce". Quer dizer, transmitir a receita não me é difícil, não é segredo que eu queira guardar, agora... é possível que ninguém consiga confeccioná-la. Ora vê lá:



Num tachinho coloco água até onde acho que chega e acrescento duas ou três pedrinhas de sal. Deixo a água ferver e verto lá para dentro arroz carolino até onde acho que chega. Entretanto, num tacho grande ponho um litro de leite e mais um pouco até onde acho que chega, uma casca de limão, um pau de canela e trinta pacotes de açúcar e ponho ao lume. Assim que esta mistura estiver a ferver deito nela o arroz já cozido e deixo ferver um bom bocado. Quando acho que já chega... desligo o lume, deixo repousar para arrefecer um pouco e quando acho que chega, junto quatro gemas e misturo muito bem... até achar que chega. Depois verto o arroz-doce para um recipiente e quando estiver quase frio acrescento canela em pó.


Mesmo com tantos "até achar que chega's", queres tentar? Força...

quarta-feira, 16 de abril de 2008

PARABÉNS BLOG!!!

No passado dia 14 fez dois anos que escrevo para outros lerem. O meu blog (comecei aqui) está de parabéns. Tem sido muito agradável publicar o que penso bem como receber comentários. Gosto bastante dos comentários, é assim como que gratificante, significa que afinal até alguém que vem aqui ler isto e tal... porque uma coisa é certa, se eu não quisesse que lessem ou comentassem não publicaria o que escrevo.
No entanto, já me apercebi que poderei deixar de ter vontade de escrever aqui algum dia, às vezes já sinto algum cansaço que se deve principalmente à discordância existente entre dois pontos - o tempo e a inspiração.
Termino este pequeno post agradecendo a quem vem aqui gastar tempo a ler o que escrevo porque gosta e porque acha que vale a pena.



P.S. É o meu blog que está de parabéns ou sou eu? Sou eu, creio.

domingo, 13 de abril de 2008

Namorados

Vi-os por acaso, caminhavam lado a lado. À distância parecia que conversavam alegremente. Continuei a observá-los da janela do meu quarto. Duas figuras familiares, de uma delas conheço a fisionomia e o andar a centenas de metros de distância.
A estrada descreve uma curva acentuada ladeada de passeios calcetados à portuguesa. Na curva deram as mãos manifestando desse modo afecto e cumplicidade. E eu observando-os embevecida, por eles me fazerem recordar o tempo em que eu sentia daquela maneira, uma maneira pura de sentir, sem culpas e sem medos. Tentei sair do meu lugar de mãe e observei unicamente por delícia. Pus de parte o medo e tentei ser tão pura como eles me pareciam. Consegui e continuei a vê-los caminhar de mãos dadas. Pouco depois acentuaram o afecto e a cumplicidade, caminhavam abraçados como um par de namorados... afinal é o que são.


É difícil deixar os filhos "voar". Muito difícil.

Mudar

Acho-me disposta a mudar qualquer coisa mas incapaz de o fazer. Há qualquer coisa que não devia ser assim mas é, qualquer coisa que eu tenho que mudar mas não sei fazê-lo. Não é porque não quero é porque não sei.
Eu quero mudar para alegrar outros. Não é porque os outros queiram que eu mude, é porque eu queria mudar para contribuir para a alegria de outros. Eu seria contagiada pela alegria dos outros e assim ficaria alegre. Parece tão fácil e no entanto sou incapaz de mudar.

sábado, 12 de abril de 2008

O antes e o depois

Hoje que tenho tempo, e também pelo facto de não andar por aqui muita gente (pelo menos que comente), resolvi publicar estas fotos. Entre elas existe uma distância de 14 anos. Na foto de cima eu tinha 25 anos e a de baixo foi tirada no Verão passado e apesar do calor, os meus 39 anos estavam mais fresquinhos do que estão agora.
Em 14 anos acontece muita coisa na vida de uma pessoa. A vida dá muitas voltas e só agora que tenho várias décadas de vida me apercebo das voltas que a vida pode dar. A minha já deu tantas... Algumas dessas voltas eu não "posso" publicar por várias razões mas tenho pena que assim seja e é nestes momentos em que me questiono se verdadeiramente escreverei com liberdade. Afinal, está a parecer-me que me restrinjo a alguns assuntos e eu não queria que fosse assim...

Ora então, aqui vai a descrição do antes: (por baixo da foto)





25 aninhos? 1993? O André nem sequer era nascido... Nesta altura a minha vida era muito mais simples, mas muito, muito mais simples. Resumia-se a tratar da casa, tomar conta da Ana Cláudia que tinha cerca de 2 anos e costurar para fora, naquela altura era essa a minha profissão.
Era uma rapariga alegre mas muito tímida, tinha vergonha de quase tudo e de quase todos. Neste dia estava feliz, tínhamos ido passear à Serra da Estrela.





Aqui a Gigi está com um ar interrogativo, género: "Qu' é que foi?... Qual é a espiga?... Hã?..." Continuo alegre e tímida mas num grau inferior. A vida encarregou-se de mandar embora parte da alegria e da timidez e com elas foi também a ingenuidade, a leveza e a pureza. Hoje tudo na minha vida é mais pesado. Porém, desenvolvi certas características, elevei-lhes o grau - refinei os meus gostos, apurei a minha intuição, descobri que tenho coisas boas e concentrei-me nelas para não deixar as más prevalecerem e, por último, com o passar do tempo acentuei algumas marcas...

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Esperança


Ainda um dia vou subir a calçada como se ontem não existisse.

Ai vou, vou.


E vou passar numa rua desconhecida porque ontem nunca existiu.


Oh se vou!




..................(mas ainda não é hoje)..................

quinta-feira, 10 de abril de 2008

O meu quotidiano é instável emocionalmente, lido directamente com situações que não me agradam e com sentimentos revoltantes que ajudam a tornar-me numa pessoa fria e má. E assim a culpa chega até mim e engrandece o meu mal estar. E fica tão grande... e eu sinto tanto... e vejo tudo claramente. E de repente escureço e já não sinto nem vejo porque tenho que esquecer para viver... porque se eu continuar a sentir não vou viver e vou perder tempo e o meu tempo é cada vez mais precioso e mais raro porque o tempo que me resta é cada vez menos. Corro constantemente mas a corrida é inglória. E tenho cada vez mais tempo gasto e menos tempo restante.
Estou muito cansada e venho aqui desafogar o que está dentro da minha cabeça. Aquilo que todos os dias eu tento esquecer. Quando esqueço já não dói. Agora escrever não dói. Estou a escrever aqui para mim. E daqui para o mundo.

É bem possível que ninguém entenda o que eu para aqui escrevi hoje...

quarta-feira, 9 de abril de 2008

E assim fiquei a pensar.


Eu gosto muito de escrever. Gosto tanto que o prazer é físico. Mas gosto de escrever essencialmente acerca de mim e do que conheço bem. Tenho uma grande dificuldade em pôr-me no lugar de uma pessoa inventada. Poderia exercitar a minha mente de modo a aprender. Pois podia. Mas falta-me o 'espaço' que talvez se possa chamar 'saber'. Há alturas na minha vida em que escrevo desenfreadamente e outras em que não escrevo nada. Mas quando escrevo, escrevo sempre acerca do que me concerne. Eu queira muito escrever um livro e, principalmente saber escrever um livro. Se só sei escrever acerca de mim poderia escrever a minha biografia e para tornar uma leitura interessante eu teria que escrever... tudo... e eu tenho receio da exposição em demasia. Por outro lado, penso que o meu blog é um pouco o espelho de um livro que eu viesse a escrever - numa primeira instância o meu blog não é apelativo nem estimulante. É um reflexo muito fiel da sua 'dona'. Eu também sou assim - tímida e apagada na primeira instância. Depois acendo e até faço uma grande fogueira... mas até lá mantenho-me na penumbra.


Para além de tudo isto, há vários factores que contribuem para que eu não seja capaz de escrever um livro, mesmo a minha biografia:



há a falta de tempo quando tenho meios


há a falta de meios quando tenho tempo


há a falta de tempo quando tenho inspiração


há a falta de inspiração quando tenho tempo



...

segunda-feira, 7 de abril de 2008

A Tia Margarida

Morreu alguém de seu nome Margarida. Não tenho muitas recordações dela mas provavelmente não a esquecerei. Por entre bolos que sabiam a naftalina e o costume de pôr um pratinho na mesa para tudo, a Tia Margarida vai ser recordada.
Esta tarde ocorreu o seu funeral. Foi uma cerimónia tão triste quanto bonita. Várias pessoas subiram ao púlpito para falar acerca da crente que partira para o Céu. É nisso que acreditam. Quando se pratica uma vida espiritual é natural que a congregação tenha palavras de conhecimento e reconhecimento daquilo que a pessoa foi e do seu trabalho na Igreja.
A minha sogra foi uma das pessoas que subiu ao púlpito, cantou um hino. Chorei mas não foi pela Tia Margarida. Chorei porque há muito tempo que não ouvia a minha sogra cantar. Há muito tempo que não vou à Igreja. Hoje é um daqueles dias que sinto que há tempo demais... qualquer dia deixo de ter tempo.

domingo, 6 de abril de 2008

O Primo

Tive amigos cá em casa a almoçar. Os amigos são recentes e quando lhes foi perguntado se quereriam ver os álbuns de fotografias do meu casamento demonstraram interesse. Achei curioso porque normalmente fotografias deste tipo só interessam a quem aparece nelas ou a quem esteja ligado por laços familiares.
Ao folhear os álbuns relembrei e contei várias histórias de familiares. E também lembrei pessoas que já morreram, as que já tinham morrido naquela data e as que já morreram depois disso. Infelizmente já são várias...
Depois disso, inevitavelmente, fiquei nostálgica. Lembrei-me do meu primo que morreu quando eu tinha 15 anos e ele 18. A morte dele custou-me muito, era o meu primo preferido, tinha-lhe uma amizade tão grande e tão profunda que mais parecia paixão, embora eu não sentisse absolutamente nada de físico em relação a ele, era um amor platónico.
O António era um excelente rapaz, muito meigo e calmo. Tinha montes de paciência para mim e para as minhas infantilidades. Conversávamos imenso sobre tudo e mais alguma coisa, nunca me dizia que não lhe apetecia brincar ou falar comigo. Eu ficava deliciada com a atenção que ele me dedicava, era muito diferente do meu irmão que não tinha grande paciência para mim...
Não nos víamos muito porque morávamos distantes. Porém, a última vez que o vi tive uma espécie de pressentimento de que não o veria mais. Quando me despedi dele pensei algo que hoje sei que foi assim:" É a última vez que eu te estou a ver." Talvez eu tenha tido aquele pensamento (que na altura não foi claro, só ficou claro na minha cabeça assim que soube da sua morte, pois foi esse o primeiro pensamento que tive) por a nossa amizade ser tão forte e tão especial.
Não quero escrever um post místico e que incida no sobrenatural, de maneira nenhuma. Mas a verdade é que eu acredito que há algo de transcendente porque o ser humano não é só corpo, é também espírito. E aquilo que eu pensei naquele dia pode chamar-se de percepção extra sensorial. Isto é algo em que acredito porque já senti pelo menos uma vez - esta vez.
O meu primo era filho único, os meus tios eram emigrantes e tinham-se fixado em Portugal alguns anos antes do trágico acidente que causou a morte dele. Durante uns tempos, julgo que anos, o seu quarto foi mantido como ele o tinha deixado, as roupas nas gavetas, os objectos pessoais nas prateleiras e inclusive, o disco que ele ouviu pela última vez em cima do prato do gira-discos, tratava-se de um grande êxito daquele tempo "The eye of the tiger" dos Survivor. (Agosto/1983)
Nas visitas que seguidamente fizemos aos meus tios, esperava uma altura em que ninguém reparava e escapulia-me até ao quarto dele. Eu tinha só 15 anos mas não tinha medo nem me fazia impressão nenhuma entrar no quarto dele, era a maneira que eu tinha de matar saudades. Ficava lá uns minutos a olhar para o seu pequeno mundo, o mundo que o António cá deixou. Estranhamente aqueles minutos faziam-me bem, era uma maneira de estar com ele.
Os anos passaram...
... e hoje eu lembrei-me do meu primo. Acho que foi um tempo bem empregue o que passei a escrever sobre ele, ainda que tenha ficado muito por escrever...

sábado, 5 de abril de 2008

Na casa do ferreiro o espeto é de pau - Provérbio português

Eu, vendedora que sou, esforço-me por fazer o meu trabalho o mais aprimoradamente possível. Um dos meus primores é explicar ao cliente os cuidados que deve ter com produtos químicos. Um dos químicos que mais se vende na loja onde trabalho é a soda cáustica, vulgarmente usada para desentupimento de canos. Este produto é um dos que mais perigo representa. Sei, por exemplo, que a soda cáustica não deve sequer estar exposta na prateleira junto à lixívia porque esses dois produtos juntos podem provocar um incêndio ou explosão.
Quando vendo soda cáustica advirto o cliente dos riscos que corre, tais como:



  • Não deitar muita quantidade de uma vez só porque poderá solidificar e dessa forma tornar-se ineficaz uma vez que não dilui


  • Não respirar o vapor que é libertado depois que se deitar água em cima do produto.


  • Não guardar o produto em casa pois este liberta gases nocivos à saúde.


  • Não convém, de maneira nenhuma, armazenar restos para uma aplicação futura.

E agora quereis saber o desenvolvimento, certo? Segue já:
Esta vendedora, que às vezes lhe parece ser mãe da humanidade e acha que tem que elucidar muito bem as pessoas dos riscos e perigos que correm... tem uma embalagem de soda cáustica há mais de uma semana em casa...



Eu não devia escrever estas coisas, pois não?

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Mudança ou evolução?

A vida evolui ou muda? Evolui, acho eu. O de agora não é igual ao de ontem. Então posso dizer que a vida muda uma vez que o dia de hoje não é igual ao de ontem, é uma mudança.
Não gosto de pensar que mudo, sabe-me a falta de convicção, como se eu não tivesse inteligência suficiente para ter os meus próprios ideais e, por isso, eu mudar de opinião ou atitude através da opinião ou da atitude de outrem. Isso seria uma mudança.
Por outro lado, se eu pensar que evoluo, tem outro ar. Gosto de pensar em evolução, dou um ar de pessoa entendida na (e da) vida. Eu controlo, está tudo bem e eu sou a maior, ou não controlo... porque a vida evolui.
... eu acho que a vida evolui. Ou passa? A vida simplesmente vai passando e passa por uma evolução na qual sou arrastada quer queira quer não.
É isso - a vida não muda nem evolui, a vida vai passando e eu vou-me passeando nela. É isso.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Loures, 16 de Setembro de 2006

Hoje tenho pensado que não devo conseguir escrever porra de livro nenhum. Tenho os tópicos para dois livros. Um deles é a minha biografia. Escrever a minha vida e proporcionar a quem lê uma leitura agradável e empolgante seria certamente uma obra de arte.
A outra ideia seria descrever um cenário perfeito e personagens perfeitas. Aí teria que descrever tudo isso com perfeição e seria mais uma vez algo para ser feito por um verdadeiro artista, um génio da escrita. Queria descrever esse mundo tão perfeito mas tão perfeito... que seria imperfeito. Esta segunda ideia é algo que eu idealizo e formo mas não consigo converter em palavras.
Para levar a cabo esta tarefa, não sei muito bem do que preciso. Será cultura? Maturidade? Sofrimento? Não sei... o mais certo é deixar o tempo passar e esperar que se faça luz na minha cabeça.
Mas eu queria tanto escrever um livro... queria tanto saber escrever um livro...