sábado, 30 de abril de 2011

Bolinhos de milho


Mistura...

3 chávenas de chá de farinha de trigo
2 chávenas de chá de sêmola de milho
1 chávena de chá de açúcar
2 colheres de chá de fermento

Mistura...

200 granmas de manteiga derretida
1 chávena de chá de leite
1 ovo

Juntar as duas partes...
Colocar em forminhas...
Levar a meio do forno...


Nota: receita retirada do programa de TV 'Barefoot Contessa' do canal Food Network, por isso o texto tão sucinto.

30 de Abril


Despede-se o Abril...

Em águas mil.

Bolachas de aveia

Bate...

200 gramas de manteiga à temperatura ambiente
1 chávena de chá de açúcar mascavado
1 chávena de chá de açúcar branco

Mistura...

2 ovos
2 colheres de chá de essência de baunilha

Peneira e junta...

1,5 chávena de chá de farinha
1 colher de chá de fermento
1 colher de chá canela em pó
1 colher de chá de sal

Junta...

3 chávenas de chá de aveia
1 chávena de chá de passas
1 chávena de chá de nozes picadas grosseiramente

Faz bolinhas...
Leva a meio do forno...
Assim que douradas retirar, aguardar que arrefeçam um pouco e comer.



Nota: receita retirada do programa de TV 'Barefoot Contessa' do canal Food Network, por isso o texto tão sucinto.

Importante

Acabei de me lembrar de algo tão importante que quero partilhar: se este dia não fosse este dia, então seria outro dia qualquer.

...

Pensei nisso mas achei que assim, simples, ficava melhor. Afinal de contas a simplicidade é uma das minhas marcas mais profundas.

Solitude

Estou sozinha mas isso hoje não me está a assustar. Vim para aqui falar com o mundo a ver se não me deixo envolver em loucuras e devaneios dos quais esta mente padece. Até agora está tudo muito bem... porque estou a escrever. Não há ninguém desse lado, o que não é nada fora do habitual, mas se eu estiver a escrever comigo, estou bem.

Ti ti ti

Sonhei que morria. Ou por outra, sonhei que estava a morrer, não me lembro de estar morta porque estava a sonhar. Só sei que via quase tudo branco e dentre o branco havia laivos de vida, pessoas, árvores e outras coisas que já não estão muito distintas na minha cabeça. Ninguém lamentava ou chorava a minha morte. Se morrer é aquilo, então está bem, morri. Só por dizer que não é nada diferente do que agora estou a viver.

Autenticidade

Descobri recentemente que a autenticidade está sempre presente nas nossas vidas. Ainda que fingindo, estamos a ser nós, a viver a nossa vida. Nada há que deixe de ser autêntico. Se eu tenho uma personalidade hipócrita não estarei a ser autêntica, real, genuína? Se por outro lado, nem por isso, e encaro as coisas como são e não finjo porra nehuma, não estarei também a ser verdadeira?
É isto o que há a fazer - acreditar na autenticidade - ou parecer-nos-á constantemente que tudo à nossa volta é mentira.

Baixinho

Olá! Nem tinha dito nada...

Olá.

Estavam aqui tantas vozes...

Sim, sim.

… A minha nem se ia ouvir.




Guitarra Toca Baixinho

Guitarra toca baixinho
Que alguém pode escutar
Só ela deve entender, só ela deve saber
Que estou falando de amor...

Cantam os grilos no campo,
E um pássaro no ramo,
Ninguém dorme nesta noite,
E menos ela que agora,
Escuta um riacho e suspira !

Pura prata no céu,
Um vaga-lume que passa,
Guitarra minha toca baixinho,
E mesmo com a mão incerta,
Toca guitarra que é hora !

Refrão
É hora, de dar-lhe todo bem que há no meu peito,
Dizer-lhe Deus também tenho direito
De amá-la como nunca amei ninguém !
É hora de respirar um pouco de ar puro,
Um prado é verde quando é primavera,
E o sol é quente mas a noite espera,
Por nós ...

A noite está tão serena,
E eu dormindo em seu seio ...
Deus! Como bate o coração,
A gente sonha e agora,
Dorme guitarra que é hora!

Francisco José


Fonte: http://www.vagalume.com.br

X triliões:

Ó Gina...

A sua idade, por favor

O senhor Blogspot agora não deixa que a idade se veja no perfil. Deve ser de bom tom ou asim. Deve ser para que todos pensem que quem escreve é jovem. À partida os jovens é que têm o tempo e a paciência necessária a esta arte de blogar. Um(a) bloguer jovem por si só é apanágio de visitas, cliques, hits, o que promove e engorda o tal senhor. E depois, os jovens são mais soltos, livres de inibições e não se deixam levar com a ideia do que é que vão pensar daquilo que escrevem. Logo... mais visitas, cliques, hits.
Eu tenho esta idade, as amarras que me seguram têm tantos anos que se enterraram na carne, sofro reprimendas de várias partes e sou muito inibida. Mas não fujam. 
Ah, e tenho 42 anos durante mais dois meses e poucochinho. Depois mudo para 43.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Tentativa

Lisboa, 28 de Abril de 2011


É imensa a quantidade de parvoíces que passam pela minha cabeça.
Há as não posso escrever,
as que não devo escrever,
as que posso escrever,
as que devo escrever,
as que posso e devo escrever e,
finalmente...
as que efectivamente escrevo.
Destas últimas constam (também) as que não posso nem devo escrever mas escrevo, que constituem (normalmente) os textos mais interessantes.

Hoje não tenho assunto, estou vazia. Não escrever implica uma solidão enorme. Este post nasceu da indomável vontade de escrever, apesar do vazio. Já escrevi.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Loucura iminente

Quando sentires que os teus passos te enlouquecem senta-te a ver se passa.


Lisboa - Rua Cândido Guerreiro, 27 de Abril de 2011

Jardins

Ler é concentrar-me na vida dos outros. A leitura é particulamente bem-vinda nos momentos em que não me suporto.

Estive a ler num jardim onde um homem cortava a relva.

Depois estive num jardim, só olhando. Não que eu estivesse só, mas também.


Lisboa - Jardim Fernando Pessa, 26 de Abril de 2011

Lisboa - Rua Cândido Guerreiro, 26 de Abril de 2011

Que horas são?

Perguntei as horas à pessoa errada pois não as sabia por não ter onde consultar. Logo um cavalheiro sorridente que se encontrava razoavelmente perto responde que mas dizia... e eram grátis! Que simpático, pensei eu.
Os olhos eram lindos... E é só. É o suficiente. Para quê nome, morada, telefone, religião, opção política ou sexual, escalão social, parentalidade? Bastar-me o momento isolado e sem acrescentamentos é mister.

Portas e assim

A minha relação com as portas lisboetas é mais que muita: reconheço um grande número de porteiras das avenidas e arredores.

A minha aura

A mulher é maluca. Anda pelas ruas, passeando aqui e ali, aparentemente nada faz ou nada tem para fazer, tem um olhar tão perdido quanto alucinado.
Eu também sou maluca mas ninguém acredita que sim. A bem da verdade eu nunca sou porra de coisa nenhuma. Nem boa nem má, não sou pão nem bolo. Não sou e pronto. Tenho uma qualquer aura que me protege de ser, de existir. A minha aura é também inesxistente, já que sou uma espécie de vácuo, ou de ar em excesso, depende da hora.
Não obstante, contudo, porém e efectivamente, eu estou aqui... Mas depende da hora.

Apanhada

Já me aconteceu muita coisa ao balcão, já sim senhores. Já me apanharam em falgrante a cantar, gingar, espreguiçar, comer, emitir barulhos em geral... Tossir, espirrar, assoar-me ruidosamente, que é que estãopara aí a pensar? Continuando, e também já me surpreenderam descargas urinárias, o que é profundamente constrangedor, a voz tensa e abafada com que digo: 'só um momento, por favor' não deixa qualquer dúvida do que estou a fazer...
Ora bem, só nunca me tinha acontecido ser apanhada por um jovem e bem-disposto cavalheiro, batendo palmas efusivamente e gritando repetidamente a plenos pulmões:

O que elas querem é sexo!

Sim, é verdade, aconteceu. Explicar porquê e como aconteceu tiraria toda a graça à cena. Imaginem... Conseguem? Posso acrescentar que fiquei vermelha que nem um tomate maduro... Valeu-me a boa disposição do homem, claro.

Conversa sem-migo

Muitos parabéns! Já sei que é papá...

É verdade... Obrigado!

Assistiu ao parto?!

Sim.

Viu mesmo bem?

Hum-hum.

Então nunca mais quer nada com aquilo, aposto!

Versejar

Eu ando a fazer uns poemas mai lindos! Oh, glória dos prazeres... das letras(?).

Cárinha sua fotocópia, viu?!

Vi.
Vi,
ouvi,
cheirei e
engoli.
E fiz bom proveito,
obrigadinha.

Diz lá

Sabes...
o que eu te digo?
Que tu és meu amigo e
eu vou contigo.

Quimera

Sinto amiúde que escrevo com a mão e alguém me observa com interesse.

Um dia

O Filipe, quando anda, leva a anca à frente dos pés e as costas atrás dos mesmos, o que lhe confere um ar de permanente desiquilíbrio.
Num daqueles dias, chegados daqui a décadas, numa altura das nossas vidas em que a diferença de idade existente entre nós diminuirá consideravelmente, hei-de ler este post e lembrar-me de mim assim: observadora, comunicativa e trocista.

Descubra a diferença


As pessoas são outra gente se me recebem em casa ao invés de estarmos entre um balcão de loja. Não duvido da sua autenticidade numa e noutra situação, mas é assim: em nossa casa, se formos pessoas educadas, ainda que o tenhamos sido através do modo mais simplório, sempre fazemos por se sentir bem quem lá se encontra, mesmo que seja por motivo profissional.

O troco

A senhora que bandeia a cabecinha por causa duma doença de nome inglês estendeu-me uma nota de vinte euros para pagar uns míseros quarenta cêntimos. Perguntei-lhe se não tinha moedinhas e ela responde, à laia de ralhete carinhoso:
– Ande lá, guarde a nota!
Esta senhora tem como companhia o inglês (Parkinson) mas também o alemão (Alzheimer), e tem piorado consideravelmente deste último. De há uns tempos para cá faz sempre o mesmo, quer dar-me um gorgeta, ou algo do género. Voltei com o troco certo para lhe dar, é meu costume recusar a oferta gentilmente, mesmo a senhora insistindo.
Não quero dar a ideia de que sou muito boa pessoa, que nunca me aproveitaria da situação da mulher, mas também não quero dar a impressão de que seria incapaz de fazer tal coisa. Quero, ou queria, fazer por aparecer a hipótese de escolha que sempre temos na vida, o balanço entre duas opções. As tentações existem, deixemo-nos cá de pintar a vida com flores vívidas, passarinhos livres e crianças alegres. Eu podia ter arrecadado dezanove euros e sessenta cêntimos sem trabalho nenhum, a vida colorida havia-os colocado à distância de um simples passo. Ainda pensei na possibilidade mas não fui capaz de a concretizar. Se calhar por estarem duas pessoas a assistir à conversa...

Post barrento

Não tem vasos de planta em barro?

(Já está a dizer que não... Em barro... a planta ou o vaso? Ah, o vaso. Claro, que cabeça a minha.)

Meca

Ela diz meca em vez de merda. Que gira...
Eu não. Se eu quisesse dizer merda, dizia merda e pronto. Meca não é nada porque meca não é merda, a bem dizer nem existe. Merda sim, é, está. Dizer meca em vez de merda é a mesma merda. Não sei para quê tanta merda! Eu não faria assim, nunca por nunca, por merda nenhuma.

Para que conste:

Vendi um cadeado. Diz que numa das pontes de Paris há o costume de atirar as chaves ao rio Sena e atar o cadeado algures e depois deixar tudo lá (ou então é ao contrário, já não me lembro muito bem...), que se assim for feito a família prosperará e viverá feliz.
De maneiras que é assim: havendo viagem a Paris e valorizando estas crenças, o leitor faça o favor de vir aqui comprar o cadeado que eu preciso de vender para prosperar o negócio. Para adiantar a coisa agradeço já: obrigadinha!

Pai e filho

Olhe, eu fui ali ter com o seu filho mas ele mandou-me vir ter com o pai.

E então, o que é que a senhora quer do filho e do pai?



Para mais graça lhe dar, o pai do filho não se ficou por ali:

A que horas é que a senhora está em casa?

segunda-feira, 25 de abril de 2011

25 de Abril

Esta simpática e sorridente senhora vai deixar de estar presente no cabeçalho do meu blogue para dar lugar a uma imagem primaveril. Podiam ser cravos, já que estamos neste dia.

O pior é que eu nem sei o nome das flores que apresento, estou agora a lembrar-me. Sempre posso descrevê-las: são altas, as folhas são amarelas e possuem vários tamanhos dando a ideia (a quem não percebe nada de horta como eu...) de que vão crescendo infinitamente, a textura é lisa e possui alguma fragilidade e exalam um odor suave e doce.

Fica por aqui o meu contributo em matéria de revoluções de cravos, ter cinco anos de blogosfera trouxe-me a ideia de que já falei tudo o que penso e sinto acerca desta data comemorativa em particular, bem como o marco histórico que houve na minha infância precisamente nessa madrugada.

A beleza

Digam lá o que disserem, a cidade de Loures é linda...
Apresento apenas o lado campestre, sim, mas ainda assim é uma cidade linda.











Loures, 25 de Abril de 2011

domingo, 24 de abril de 2011

Boa Páscoa

Dantes ficava entusiasmada com o significado da Páscoa, entoava cânticos de alegria num púlpito da saloiada e acompanhava uma série de festejos religiosos. Hoje não. A vida passa, muda, evolui. Tanto faz. A vida não é o que era e isso não é ruim.
De manhã fui vistar o Museu da Cidade, em Lisboa - Campo Grande. Fechado... Oh! Lá por causa disso não deixei de tirar fotografias. A vida agora é assim e tem o seu quê de boa vida. Tem, tem.











sábado, 23 de abril de 2011

Literatura

– Literatura é uma pessoa escrever e já está, não é ricos filhos?


Rico filho, não querendo contrariar a mãe, como que fazendo de cordial cavalheiro:

– É sim senhora!


Rica filha, muito técnica, muito precisa, qual boa estudante:

– Não sei, o meu curso não é propriamente sobre literatura, mãe, é de ciências da linguagem.


?!

Escrevo 'conatatação' se quero escrever...

Constatação a seguir

Escrevo 'euq ue' se quero escrever 'eu que'.

Constatação

(Credo, um nome tão grande para uma coisita tão pequenina que quero dizer...)

Escrevo 'qeu' quando quero escrever 'que eu'.

Hã?!

A rica filha anda de roda da história dela. Há pouco confidenciou-nos que vai matar a avó. Primeiro fiquei boquiaberta. Depois percebi que é uma avó que há lá na história dela que vai morrer porque ela acha que sim e pronto. Que alívio. É que eu eu gosto muito das avós da rica filha...

Escrever o quê?!

Isto:
Hoje, que tem sido um dia dado a
cozinha; cozinhar; cozer,
posso escrever que só falo dos tomates no plural.
Tomate, para mim não existe.
Não sei...
Acho que há coisas que só ficam bem se forem mais que uma.

Ç

Na internet as finanças deste país chama-se portaldasfinancas. A ver se o fe-mi dá com isto...

P.S A internet não é portuguesa, presumo, ou escrever-se-ia: ínternete.

19:13

Olá!

Esta aqui sou eu num momento que não tem ainda duas horas de ocorrido.
Já que estou tão gira - tipo fotocópia,  ou não estaria assim tão gira - lembrei-me de me pôr aqui com esta cara para os leitores me verem bem. 
Até o (des) penteado está muito bem, na minha opinião. Nada como uma ar desalinhado para parecer natural.
De óculos e tudo, para dar um ar inteligente, que é coisa que habitualmente não tenho.
Refiro-me ao ar inteligente, não à inteligência.
Eu sei que sou inteligente, as outras pessoas é que - habitualmente - não.
E então é assim: as férias estão a ser óptimas, obrigadinha.

Comezainas

A ideia era fazer um gelado igual ao que vi na revista Tele Culinária e Doçaria nº 753 (só por piada vou deixar escrito que a mesma revista data de 19/07/1993 e custou-me cem escudos, uma ninharia...) intitulado 'Um Gelado para Amália'.
Ora bem, mudei tudo o que li na revista (ou quase tudo), o que pode significar que o gelado não era para a Amália, seja ela quem for. Chamei à minha recente invenação doceira 'Gelado Gina'. Só para verem como sou original em títulos...


Eis a receita:

Ingredientes:
3 claras
14 pacotes de açúcar (desses do café)
100 g de chocolate barra ralado
100 g de bolacha maria ralada
50 g de amêndoa em pó
2 pacotes de natas (400 ml)

Batem-se as claras em castelo com 4 pacotes de açúcar.
Batem-se as natas geladas com 10 pacotes de açúcar.
Misturam-se delicadamente os dois preparados.
Junta-se o chocolate, a bolacha e a amêndoa.
Vai ao congelador duas horas e já está.
Aconselho deixar repousar 10 minutos fora do frigorífico antes de comer.
Hum... É bom!

A ver se para a semana, ou assim, substituo o chocolate e a bolacha por morangos esmagados...

Refiz a receita do creme para o bolo de bolacha:, dei-lhe um toque pessoal e transmissível:



250 gramas de manteiga à temperatura ambiente
200 gramas de açúcar
3 gemas
50 gramas de amêndoa em pó
1 colher de café de canela em pó.

Bate-se muito bem a manteiga com o açúcar. Junta-se as gemas uma a uma, seguido dos restante ingredientes.
O resto o pessoal já sabe concerteza: molham-se as bolachas (2 pacotes = 400 gramas) em café forte e faz-se camadas alternadas de bolachas com o referido creme até esgotar ambos.
Muito bom este creme. Muito bom mesmo!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Ausência de assunto que leva a escrever

Escrever o quê?
Que o sô Ventura me paga um cafezinho na vez sim, na vez não pago-lhe eu, e que eu acho que este tipo de partilha se torna desnecessária uma vez que acabamos por pagar o nosso café as mesmas vezes?
Escrever o quê?
Que a dona Luísa já me disse que logo á tarde, se estiver bem-disposta, me vem chamar para um cafezinho e um bolinho, ou aquilo que eu quiser comer, que a ela tanto se lhe dá, que paga com o todo o gosto e amizade?
Escrever o quê?
Dum senhor que não encontra o creme de barbear assim-assim em lado nenhum e eu aqui tenho, que já não se encontram locais destes por aí, que aqui, neste local, apesar de exíguo, é um supermercado porque se vende de tudo?
Escrever o quê?
Da chuva que me encanta mas que, por mais que faça e diga, ninguém acredita nesse meu encantamento?
Escrever o quê?
Da exclamação rente ao terror que uma senhora proferiu quando verificou que ia ter que pagar com uma nota altíssima uma conta irrizória e que   parece-me que havendo terror no acto teria de partir de mim?
Escrever o quê?
Amanhã é sexta-feira santa mas eu não lhe prevejo qualquer santidade?
Escrever o quê?
Que o Clóvis diz que a preta do escritório tal tem uma ganda pancada nos cornos mas quem tem uma pancada do caraças é ele pelo modo dúbio como conduz a sua vida: despreocupadamente atento às pessoas, e, mesmo assim, altamente egoísta?
Escrever o quê?
Da completa confusão em que está a minha cabeça?
Da angústia que todos os dias expulso daqui para fora?
Da solidão em que me encontro porque não tenho problemas iguais aos da outra gente, porque não padeço duma doença da qual possa falar abertamente, porque tenho de esconder lágrimas e sofrimento?
Que engulo os sentires e com eles engordo a minha dor?
Que percorro quilómetros Lisboa afora almejando tão somente fugir de mim mesma?
Da astenia que não me larga e me impede de fazer coisinhas tão simples como levantar a mesa do jantar e varrer o chão?
Da culpa tão imobilizadora e devastadora que mata os meus sorrisos, as minha gargalhadas, os meus prazeres, à nascença? Que passo a vida a fingir e que isso me atormenta de sobremaneira?
Do meu desinteresse, porventura desdém, no que concerne à exposição que faço de mim mesma num blogue tão caprichoso quanto desnorteado?
Escrever o quê?
Que a vida é assim? Mas a vida é mesmo assim?!
Escrever o quê?
Voltar à carga, atentar nos outros, escrever das pessoas, dos seus afazeres, das suas características, expressões faciais e outras, da sua complexidade e diversidade?
Escrever o quê?
Que escrevo dos outros a ver se me esqueço de mim, já que não suporto ouvir o que ecoa dentro da minha cabeça constantemente?

Escrever o quê? Um dia invento coisas e pronto!

Lisboa, 21 de Abril de 2011

quarta-feira, 20 de abril de 2011

...

Estando eu nada animada e muito aquém da receptividade, alguém me diz assim:

- Ai que ela não está com parvicência nenhuma para as minha paçarias...


E era isto.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Ninharias

A vida transformou-me, hoje sou selectiva, não dou atenção a ninharias, o tempo que tenho é cada vez menos, tenho essa consciência. Mas o que seria de mim sem contemplar ninharias?
Detive-me observando um prédio azul e um poste numa das avenidas mais movimentadas e mais vivas que Lisboa tem.




Lisboa – Avenida Almirante Reis, 19 de Abril de 2011

Tarde e a más horas

Saí tão tarde que a Paquita já havia posto o caixote do lixo cá fora. Vi-lhe o robe azul e comentei. Ele disse logo muito depressa que o robe da Paquita já tem uma data de anos e que seria bem melhor inovar. Estranhei mas não devia, nós somos daqueles que andam sempre metidos na casa da outra gente, somos daqueles que lhes vemos o íntimo, que lhes observamos os interiores, a alma, a vida.

Pão com manteiga

Estive na casa de um cliente que cheirava a pão com manteiga. A casa, não o cliente. É esquisito porque eram sete e tal da tarde e a casa havia ficado fechada o dia inteiro uma vez que a gente foi lá por causa duma fechadura encravada.
Andava um gato para lá e para cá, muito curioso. Se calhar é ele que sabe preparar a bucha das cinco da tarde e fica no ar um intenso cheiro a lanche.

Altamente secreto

O segredo para uma vida saudável e feliz é o equilíbrio.
Ninguém consegue obter o equilíbrio.
Não, enquanto for segredo...

?!

Comprou uma máquina corta-relva porque a mulher não quer que ele ande de sacholo na mão.
Os homens lá se amanham sempre, depositando na mulher a culpa para tudo o que fazem. Ainda que não haja maldade ou prejuízo no que estão a fazer... É a mando da mulher, ela é que disse: faz assim. E eles fazem...

Prove que é bom!

O senhor António lá de quando em quando aparece à Sexta-feira. É tão interessado em tudo o que digo que até me faz confusão, foge ao comum. Mas aproveito a atenção, claro, e esmiuço o que posso, ou eu não seria eu.
Calhou haver bolo naquele dia, bolo de banana. Adorou, diz que a minha banana era mesmo boa, que tinha um gostinho fantástico. O senhor António diz assim estas coisas mas eu não levo a mal porque tenho mais que fazer. Depois, como eu havia comprado umas bolachas que parecem canudos para comer com gelado, fiz-lhe uma breve apresentação da maravilha que é essa simples sobremesa e o homem ficou boquiaberto com a história e o conselho: prove que é bom, vai ver. Ofereci-lhe usn quantos canudos e ele diz que ia comprar gelado ,hoje não, mas ia comprar e mais não sei quê.

E é assim a minha vida - extremamente interessante.

Sol a mil, já agora




Lisboa, 19 de Abril de 2011

Águas mil





Lisboa, 19 de Abril de 2011