domingo, 31 de julho de 2011

Costa de Caparica, 31 de Julho de 2011

Julho termina. Um cuco dá a voz à paisagem. Um pau segura uma árvore desiquilibrada. As pinhas estão secas. Há árvores inclinadas pela força de muitos ventos e ninhos de caracóis pequeninos nos candeeiros da rua. Fotografei arte na parede dum prédio e uma trave de portão numa casa completamente abandonada.
Julho termina.







O calor

Costa de Caparica, 31 de Julho de 2011
Depois o calor apareceu. Quando avistei estas dois bancos à sombra e sem ninguém até suspirei de alívio.
Despertei curiosidade num menino. As crianças são tão engraçadas, eu não estava a fazer nada para além de estar ali mas ele achou-me algo curioso, não tirava os olhos de cima de mim enquanto se afastava pela mão do pai.

O(s )destino(s)

O destino é uma graça bendita. Por sua obra hoje andei pela praia, vagueando sozinha, sem... destino.
Um frio do caraças! O sol num dos ombros à ida para lá. O sol no outro ombro à vinda para cá.


Costa de Caparica, 31 de Julho de 2011

sexta-feira, 29 de julho de 2011

A escrevente

Eu, por mim, ficava aqui o resto da tarde a vê-la escrever. Tão bom...

Acho que não

Entrou de rompante, o senhor dos sabonetes pedra-pomes. «Já li aquilo tudo!», disse ele com entusiasmo, «e para não lhe pedir coisas que arranhem, hoje venho comprar cola!».
Para não variar do meu costume fiquei sem palavras, não consegui perguntar ao homem se tinha lido o meu blogue, pareceu-me que «aquilo tudo» a que ele se referira era o tal texto... Só isso.

O maluquinho de Arroios

Data: 28 de Julho de 2011
Hora:17 horas e 18 minutos
Local: Lisboa, Rua Morais Soares
Coordenadas: Pois...

Seguia na rua em passo cadenciado. Desviava-me das pessoas ou fazia as pessoas desviarem-se de mim, andando sempre ao mesmo ritmo. De repente um sujeito pára à minha frente e diz muito alto, a fingir que ralha comigo numa voz de sapo Cocas:

– Não esbarre! Está grávida?! Não! Os pensamentos pagam imposto?! Então pense!

Fui andando, a bem da verdade mal parei. Fui andando e rindo. Ele há cada um...

Elogio

A dona Carminda do banco viu a minha pulseira quando lhe estendi o grosso molho de notas. Elogiou o meu bom gosto, que era uma pulseira muito bonita, toda artesanal e blás.
Se eu sei a que se deve este elogio? Sei. Sei mas não conto a ninguém.
A mulheres não têm máscaras umas para as outras. Eu, falando por mim, muitas vezes sinto pena de conter tanto saber nesta minha cabeça.

Agora

Eu agora sou um crente. Não pratico nescidades, não digo merda nem filho dum cabrão. Não posso, agora sou crente. Desvio o olhar da perversidade, não maldigo, não murmuro, não atraiçoo. É que eu agora sou crente.

Fixar

Este post

serve para eu fixar

duma vez por todas

que os faxes chegarão

corretamente ao destino

se enviados

com as letras para cima.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O problemão

Chegaram as ceras.
Tenho um problema de etiquetas com estas embalagens: não há sítio propício para as colar. Ele é modo de usar, ele é composição, volume e código de barras, ele é avisos de várias ordens, ele é medalha de ouro em 1900 e carqueja...

As etiquetas ficaram coladas na base, lá lhes achei poiso. 

E ficaram bem.

Pingue-pongue

Se estou triste tomo o comprimido vermelho. Melhoro.
Se estou ansiosa tomo o comprimido rosa. Melhoro.
Se estou hostil tomo o comprimido amarelo. Melhoro.
Se estou mole tomo o comprimido laranja. Melhoro.

Ingiro drogas para conter as emoções mais primárias que existem. Abomino a vida, afinal.

A droguista

Caro colega, não digas aos clientes que por intuição esbarraram no teu balcão que, em querendo, encontrarão o artigo assim-assim na drogaria a seguir. Bem sabes que nesta rua não imperam as drogarias. Não existe uma dessas em cada porta, pois não? Existe apenas uma, não é? Então...

Frase da rica filha, fotografia minha

Esta foto não vai mudar, nós vamos.

Leite-creme

Ele – Então e... (sobremesa)

Ela – E há? (leite-creme)

Ele - Leite-creme, há sim senhora!

Ela – Então, vá.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

As livreiras

Livreira júnior, muito espantada: - Ah, este livro tem a lombada estragada!

Livreira sénior, cheia de saber: - Os livros que têm esse tipo de lombada não se podem pôr em pé na prateleira.

Livreira júnior, meio indecisa: - E agora?

Livreira sénior, paciente: - Agora tem de dizer à colega livreira que não coloque esses livros em pé na prateleira.

SSSS

Desequilibrei-me, é certo, mas como sou uma senhora ágil não caí. Portanto, dama da esplanada, contenha o riso.
Ah, e aquele ssss que a senhora ouviu, não foi 'foda-se' que proferi, foi 'ups'. Portanto, dama da esplanada, não cometa a falsidade de pôr uma máscara de senhora educada.

Pedinchices na avenida

Há uma pedinte que sabe dizer ajuda, senhora e boa-tarde. É quanto baste, eu sei.

«Olhe, minha senhora!», diz o pedinte do triciclo.
«Olho pois, para a frente, se não caio!», respondo eu.

Há ainda uma outra. Estende a mão num gemido, contrai todo o rosto, como se tivesse uma grande dor de alma. Ora...

Talvez sentisse dó desta gente se não tivesse de os ver todos os dias.

Vergonha

Às vezes as pessoas ficam algo apreensivas ou até mesmo nervosas antes de pedir as coisas. Não que eu venda preservativos ou bombinhas de mau cheiro, o mais que faço é vender tubinhos de vaselina que podemos facilmente associar a virgens, celibato e, horror dos horrores, sexo. Já agora, numa de publicitar (porque não?), acrescento que também tenho vaselina em embalagens de duzentos e cinquenta gramas e até de um quilo para os casos difíceis.
Há nas minhas prateleiras pensos higiénicos e tampões para senhoras, estou a lembrar-me. Mas as senhoras em idade de menstruar já não sentem vergonha de comprar este tipo de produtos, isso era dantes. Então, também não é por aí. Esta é a realidade: eu vendo coisas normais, para pessoas normais e pelas vias normais.
Portanto, caros clientes desta dependência química (lá estou eu a falhar, agora liguei o texto a drogas, oh céus... devia ter escrito drogaria, simplesmente), não tenham vergonha de mim, não se deixem levar pelo embaraço, esse castrador de vidas, está bem?

Quarta-feira

O meu colega:
– Que dia é hoje, pá?

A colega do meu colega:
- É quarta-feira, claro. Não vês que vem lá a dona Raqueline? Não sabes que lava a cabeça todas as quartas-feiras ali na cabeleireira?!

A cliente

Olá, está boa?

(Estou muito boa, obrigadinha.)

Dê cá uma beijoca!

(Eh pá, uma pessoa até fica maluca com isto...)

A beleza dum hífen

Palmilha anti-odor;
cartaz anti-derrapante;
placa termo-isolante.


Não-ficam-tão-bonitas-as-palavras-hifenizadas?

O copo d' água

Estou cheia de sede.

Quando é que foi a última vez que bebeste um copo d' água?

Há uma semana.

Onde?

Na casa da dona Esmeralda.

Hum... Deves ter muita sede, deves.

EU

Olá, eu sou d' Orey. Tenho um nome pomposo, todo ele respira glória e nobreza. De maneiras que só podia vender produtos para limpar objetos valiosos. Tudo quanto seja de pratas para cima, nada menos que isso.
Às vezes venho aqui a esta loja a ver se estes pacóvios já precisam dos meus maravilhosos produtos. Não raras vezes dizem-me que não. Pudera! São uns pobretanas, têm um negóciozeco de bairro, uma loja mal apresentada. Nem devem saber vender... Vou até Campo d' Ourique, Alvalade, Olivais e Madredeus. Um dia volto a esta espelunca.

terça-feira, 26 de julho de 2011

A morte espreita-me

Morreu o homem da ourivesaria. Aquele que vende (vendia) futilidades e ganhou muito com isso. Aquele que me chateou a mona até mais não por causa do preço dum parafuso. As disparidades desta vida são mais que muitas. Bah, morreu! Tive mais pena da Amy Whinehouse... E nem posso dizer que tenha sentido pena dela.
Ok, eu digo doutra maneira: se me dessem a escolher entre o homem da ourivesaria e a Amy Whinehouse...

A morte espreita-me

34º

Calor do caraças!

Tenho frio.

Será a morte a rondar?

A morte espreita-me

Engasguei-me com água. O engasgo foi brutal. Cuidei que ia morrer.

A morte espreita-me

Sou como a Sónia Frazão - no passado quis morrer, no presente quero viver.

A morte espreita-me

Ontem (sim, outra vez ontem...) li imensos blogues. Caí em dois cujos autores já não pertencem ao grupo dos vivos.
O primeiro pertencia a um jovem a quem foi diagnosticado um cancro e morreu poucas semanas depois.
Fiquei com a ideia que o blogue tinha sido criado após ele ter tomado conhecimento da aterradora notícia e depois da sua morte o seu pai continuou publicando alguns textos que ainda não haviam sido publicados. Uma tristeza...
O outro blogue era de alguém na casa dos cinquenta, suponho. Havia comentários saudosos elogiando a pessoa que a bloguer fora e percebi que a mesma havia morrido. Outra tristeza...
Às vezes penso que uma situação destas pode acontecer-me. Sendo um acontecimento repentino, como se saberia?
Pesquisei junto da rica filha:

– És capaz de guardar num sítio qualquer a palavra-passe do meu blogue para o caso de um dia me acontecer alguma coisa tu vires cá dizer que morri? Tens estofo para isso?

Ela fica muda e atónita (a mudez é uma raridade nela). Depois responde:

– Essas coisas não se pedem aos filhos, mãe... Porque não pedes ao pai?

Passado o choque inicial recupera a habitual postura de jovem mulher pragmática. Fui talvez demasiado objetiva, usei de pragmatismo eu também. Mas ela recompôs-se rapidamente:

– Eu sei qual é a tua palavra-passe, mãe. Não é aquela tal e tal? Então está bem...

Aparentemente tenho o 'problema' resolvido...

A morte espreita-me

Ontem tinha um vidro em cima das massas que seriam o meu almoço.

Pés

O sapateiro é coxo.

Não é cómico?

Até posso falar no plural, conheço dois sujeitos que encaixam perfeitamente na descrição: os sapateiros são coxos.

Não é mesmo muito cómico?!

Agora é prática comum.
Só por dizer que não estou habituada a praticar.
A falta de hábito torna a prática incomum para mim.
Estou confusa.

O comentário

Nunca desejei tão fervorosamente um comentário como no post anterior. Dum leitor/visitante qualquer mas não um comentário qualquer. Tem que ser um comentário onde me sinta acompanhada nesta situação. Alguém que espere uma família de emigrantes para poder ter o gozo de não fazer a ponta dum corno. Alguém assim como eu, pronto.

As férias

O resto das minhas férias depende da chegada duma certa família emigrante às terras lusas. Fantástico...

Ontem

Ontem dei uma grande volta pelas imagens que constam na memória do meu computador. Fui dar com mais duas, estavam completamente esquecidas. Apresento-as agora, uma vez que não é tarde.

Esta é uma rua silenciosa e pacata. Em paralelo encontra-se o frenesim – Rua Morais Soares. Podia ter ido por lá, ia acompanhada das gentes, via a vida acontecer e o mundo girar sem eu lhe tocar. Às vezes não gosto disso. Escolhi ir por aqui, optei pelo silêncio...


Lisboa - Rua Sebastião Sarava Lima, 7 de Julho de 2011

Eis o moinho saloio, em Santa Susana, perto de Sintra. A fotografia foi tirada num museu de artesanato em barro, um negócio familiar. Maria Sabina Azenha é o nome que por lá aparece.
Comprei uma miniatura de cozinha saloia em barro. É muito semelhante às cozinhas alentejanas, tem a brancura das paredes caiadas, lareira, louças penduradas e a quarta de água em cima do poial.


Santa Susana, 16 de Julho de 2011

Hoje é dia de …

t
tr
tra
trab
traba
trabal
trabalh
trabalho
trabalho.
trabalho..
trabalho...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

17 luzinhas


Parabéns ao rico filho!


O ano passado, quando a rica filha fez anos, comprei um pacote de velas que continha 36. Usei 19 no bolo da rica filha.
- Olha mãe, sobram 17, para o ano já tens velas para o bolo do mano. - Disse ela.

E já está a zeros.

Colagem do Picnik

De repente fiquei sem nada para escrever.
Dei uma voltas pelas minhas coisinhas de computador e encontrei um passeio que dei com o meu colega (estando de férias e falar de algo que lembre o trabalho é o post ideal). Ele havia-me dito: «olha, vem ali assim comigo que está lá uma coisa gira para tu leres e tirares fotografias» (foto do meio). Tirei também, outras fotos como é já meu costume (eu já tirava fotos aos montes em 11 de Maio último). O nome da rua é que se me escapuliu... É em Lisboa e pronto.

[Por favor
Não queremos publicidade
Mas não mesmo]


Lisboa, 11 de Maio de 2011

19:01


Deixo-vos agora, caríssimos leitores. Já escrevi tudo o que me apetecia. A imagem está gira, está sim senhores. Não, não tenho mais nada que fazer não senhores.
Vou pintar as unhas. De cor-de -laranja.
Talvez volte.

P.S.
Estou de férias.

qb

Já alguém tinha reparado que qb é o 69 das letras?!


Não, ?

Atendimento

Eu - às vezes - também sou cliente...

Senhora que ia pedir pizzas mas ainda não sabia quais:

- Tem tempo para me aturar?

Funcionário jovial e simpático qb:

Se tenho tempo para a aturar?! Tenho... Quer dizer, tenho uma pizza para fazer, o cliente vai esperar mais uma meia hora, para aí...

Resolvi ligar mais tarde. Não que achasse que ia demorar meia hora a escolher mas pronto... Não gosto de empatar as pessoínhas que estão a trabalhar.

P.S.
Estou de férias.

Telegrama

Estou de férias. Stop. Amanhã vou trabalhar. Stop. Ontem estive de fim-de-semana. Stop. Amanhã stop às férias.

Zapping

Um gordo apresentava a metereologia. Não tenho nada contra semelhantes que tais mas é que o homem ocupava metade do ecrã! Credo...

P.S. 
Estou de férias.

Olha!

Acabei de me lembrar: a bem da verdade, eu estou de férias!

Zapping

Num desse canais infantis estava a dar um programa chamado 'Brincadeiras com Henrique, o gato comilão'.

Não, eu não estou a pensar nada disso. É um programa para crianças...

18:07

Lanchar um café e restos de cobertura de bolo de cenoura também me parece bem...

18:00

Fazer um cheesecake cor-de-rosa parece-me bem.

O rico filho é rapaz mas pronto...

As folhas de gelatina eram coloridas, que fazer?

Cheesecake cor-de-rosa, claro.


Cheesecake, o bolo maravilha!

Ingredientes da massa: 200 gramas de bolacha maria moída, 100 gramas de manteiga amolecida.

Ingredientes do recheio: 400 mililitros de natas geladas, uma lata de leite condensado, 250 gramas de queijo mascarpone, 6 folhas de gelatina.

Preparação da massa: misture aos dois ingredientes com as mãos até ficar pastosa. Forre um forma de fundo amovível e leve ao frigorífico. Entretanto...

Preparação do recheio: batas as natas, acrescente o leite condensado, o queijo e por fim as folhas de gelatina previamente derretidas num pouco de água em banho-maria.
Quando pronto deite por cima da massa de bolacha e manteiga e leve ao frio durante pelo menos três horas. Decore com geleia de amora ou morango.

17:55

Loures, 25 de Julho de 2011
É verdade, hoje o rico filho faz anos e eu tive assim como que tipo um dia de férias... Sozinha.
Agora apetece-me escrever e vou fazê-lo. O post dos parabéns ao rico filho vai ficar lá para baixo, o mais certo é ninguém o ler... Parabéns rico filho. Este dia é teu. E o blogue é meu.

O rico filho

O rico filho hoje faz anos: 17! Que crescido está o meu mais novo...
Parabéns, que sejas muito feliz por muitos mais anos.

Ter um filho parecido comigo, rever nele algumas das minhas caraterísticas é maravilhoso, os filhos são o nosso maior legado.
O André é muito parecido comigo, tem uma cara larga e grandes olhos, come com os mesmos gestos e tem algo sério no olhar que se confunde não raras vezes com tristeza ou aborrecimento.
Por alturas da adolescência a minha mãe perguntava-me amiúde:
«Gina, estás aborrecida, filha?».
Agora é o rico filho que engana o pai:
«Que é que tens, filho?»
A mim o rico filho não engana, sei como é... eu (ainda hoje) sou assim.
É um rapaz muito seguro, não vai atrás de confusões, marimba para quem não concorda com ele, qual é o problema de não pensar como este ou aquele? Nenhum. O rapaz não gosta de confrontos. Eu também sou assim.
Exprime-se com timidez mas responde sem receio quando o questionam, seja qual for a espécie da questão não se coíbe, fala, responde sem reservas. Às vezes é numa tentativa de que o deixem em paz, não quer falar do assunto e atira a crua verdade. Perguntaste, toma lá e agora cala-te. Sei como é, rico filho, a tua mãe faz igual. Igual, igual.
Mas é mesmo assim, não é? Quem sai aos seus não degenera.


domingo, 24 de julho de 2011

Novidade no lar

Tenho um novo eletrodoméstico cá em casa: um ralador elétrico. Ao qual eu, carinhosamente, chamo 'galador'. E tiraram-me muitas, muitas, muitas 'fufafrias'.
Eu sei, eu sei, é lindo de morrer o meu 'galador'!

Loures, 24 de Julho de 2011

A fada do lar

Loures, 23 de Julho de 2011

Esta sou eu. Fiz um intervalo na lida da casa, tirei um fotografia. Uma intermitência, digamos. Antes dela lidava na minha casa, muito compenetrada dos meus deveres, depois dela retomei o trabalho, zelosa e capaz de obter um lar perfeito.
Não sou uma fada do lar, não tenho uma varinha de condão. Se tivesse, ordenaria a este mangnífico objeto que lavasse desde interiores de roupeiros, passasse pelo frigorífico e despensa e rodopiasse por toda e qualquer superfície deixando tudo limpo, desinfetado e - ainda - perfumado. Uma maravilha...

As batatas

Deram-me uma grande caixa cheia de batatas.
Ela, a pessoa que me deu as batatas, em brincadeira diz que não é uma pessoa, é uma gaja boa. 
Concordo. É uma gaja muito boa... Muito boa. Mesmo!

Urbe em sépia

Lisboa, 23 de Julho de 2011

Psst!

Psst! Olhe, minha senhora! Psst! Psst! Olhe aqui, a senhora tem o cinto torto, já viu?! Não quer amanhá-lo, por favor? Eu ajudo. Vá lá, faça-me esse favor... É que eu sou esquizofrénica, não suporto nada que esteja fora dos eixos, um cinto revirado é coisa para me pôr completamente louca... Por favor, eu não consigo viver com a desordem. Psst! Ó minha senhora! Ponha lá o cinto como deve ser, porra!

sábado, 23 de julho de 2011

Já chegou!

Loures, 22 de Julho de 2011

Ah,

que

saudades

do

meu

popozinho

lindo...

Bolo Húmido de Natas com Streusel

Massa

Bate até ficar leve e fofo:

150 gramas de manteiga amolecida
1 ½ chávena de chá de açúcar branco

Peneira e reserva:

2 ¼ chávena de chá de farinha de trigo
¼ chávena de chá de farinha de milho
2 colheres de chá de fermento em pó
½ colher de chá de bicarbonato de sódio
½ colher de chá de sal fino

Junta ao creme de manteiga e açúcar:

3 ovos, um de cada vez
1 ½ colher de chá de essência de baunilha
1 ¼ chávena de chá de natas

Junta, por fim, os ingredientes peneirados.

Streusel

¼ chávena de chá de açúcar amarelo
½ chávena de chá de farinha
1 ½ colher de chá de canela moída
¼ de colher de chá de sal fino
3 colheres de sopa de manteiga amolecida

Mistura tudo com as mãos até ficar esfarelado.
Coloca metade da massa numa forma untada, metade do streusel, restante massa e restante steusel.
Leva ao forno.

Nota: receita retirada do programa de TV Barefoot Contessa.

Ela, a perfeita

Alguém me disse, em relação à falta de água já anunciada no post anterior, que estranhava bastante eu não estar prevenida com um garrafão de água em casa. 'Uma senhora destas...', disse a pessoa, fazendo ver que eu pertenço ao grupo das senhoras que se esmeram no lar. Ele não sabe nada...

O bigode

Esta manhã não havia água cá em casa. Fiquei atordoada, miserável e aborrecida com o facto. Horas mais tarde encontrei a minha vizinha que me contou as aventuras com que uma falta destas nos castiga a vida de dona de casa e eu, ao invés de pronunciar as minhas próprias infelicidades de fada do lar privada do precioso líquido, reparava no bigode dela... Só tive olhos e pensamento para aquela penugem já bem visível por cima dos lábios desta minha adorada vizinha: «Credo, Elisabete, tens de ir tratar disso, mulher!»

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Saber

O leitor imagine um homem feio mas aprumado – o aprumo não está vedado aos de nenhuma beleza, não é verdade? -, a boca larga, duas orelhas de abano, um nariz ossudo e uns óculos muito discretos assentando na cara. Já está? Ótimo. Agora ponham um sorriso amarelo nessa cara, os cantos da boca quase roçam as orelhas enormes e com a contração facial o nariz toma uma largura descomunal. Obterão uma expressão de Sherk apaixonado, ou algo assim, mas em magro e esqueçam o verde, imaginem-no em cor de pele de humano caucasiano. Conseguiram? Então ei-lo. Se quiserem desenhem-no... Gostava de ver.

Conclusão:

Eu sei que sei escrever. A verdade nua e sem artifícios é: sei escrever; sei pôr em palavras o que quero dizer. Mas existem momentos em que não sei, não encontro um modo escrito de chegar ao cerne do que quero expôr. Tive uma vontade imensa de descrever a cara que o senhor António (um dos meus mais caricatos vendedores) fez quando eu lhe disse que só queria uma coisinha. Pus-me no lugar de leitora e lá me safei...

Ignorância

Mais ou menos.

Mais ou menos, o que é que isso quer dizer?

Não sei.

Então quem é que sabe?!

Sei lá!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Hum...

Uma senhora pediu um pente para os piolhos (ó glória terrestre! Esta chamou-lhe o correto!).
«É que a minha filhota tem o cabelo até às ancas e apareceu-me com piolhos! Fui-lhe dizer que íamos cortar o cabelo e ela desatou a chorar!»

Hum, o cabelo até às ancas, é?! Grande vivendão! Três pisos, sótão, jardim, garagem, parque de diversões... Há piolhos cá com uma sorte!

As 'inhas'

Há dia em que estou tão cansadinha e tão fartinha e tão saturadazinha disto meu...

Meia dúzia

A senhora veio ter comigo e dirigiu-se-me muito condoída.

«Ah, eu queria um esfregão de arame mas já está fechada... Olhe só a maçada que lhe estou a dar... Ai coitada... Ter que abrir a porta à hora de almoço... Assim canso-a...»

Desculpei a senhora com as frases da treta já costumeiras - que não passam de puras hipocrisias com as quais temos de viver, quer queiramos, quer não – e disse-lhe que para se redimir do incómodo causado comprava-me meia dúzia de esfregões e não se falava mais nisso. Porra!, diz ela muito depressa.

Ai as hipocrisias, as hipocrisias...

Terminus

Terminei de ler o livro 'Frases curtas,minha querida' de Pierrette Fleutiaux.
Devo dizer que adorei o livro, ajudou-me a compreender uma série de coisas relacionadas com a velhice e abriu-me os olhos para alguns aspetos do mundo geriátrico.
É um livro triste, indubitavelmente, a morte ronda em cada capítulo, às vezes até parecia assistir à minha leitura, espreitando as minhas expressões e tomando notas. Creio que o li na altura certa, se o tivesse feito há uma dúzia de anos atrás não teria retirado tanto proveito da leitura. Recomendei esta leitura à rica filha, vincando a ideia de que o deve ler só quando eu for muito velhinha...

As coisas que eu escrevo.
Não ias ficar contente. Estou a trair-te, a contar os teus segredos. Agora posso dizer o que quero. Os mortos já não podem dizer de sua justiça.
Não é verdade, os mortos têm forçosamente a última palavra, nunca largam a presa, estão em nós de agora em diante. Mãe, é preciso que eu escreva, isto é a minha vida, foi assim que me fizeste.E és tu quem agora está aqui, e não posso fazer nada em contrário.
Eu também não estou contente. Gostava de me expandir para outro lado, estou farta de nós, mas não há outro lado enquanto aqui estás.
Tens-me presa, mãe, e a culpa é tua.
Não vou, vou pouco, ao cemitério. Não irias censurar-me, julgo, «esses fingimentos», dizias. Tinhas especificado «Não quero flores», só zelar pela manutenção do granito.
Querias muito mais de mim, querias que fosse contigo até ao teu túmulo, que ficasse lá dentro, com os teus antepassados, rodeados pelos mais antigos da tua aldeia, todos parentes, ramos e folhas das mesmas árvores do mesmo solo desde o início da nossa era e ainda muito antes.
Digo isto, mas será verdade?
Não sei o que se passa no íntimo dos seres no momento em que os sinais do corpo acendem e apagam sobre a palavra «fim».
Puxaste tão fortemente por mim durante este período final, puxada para ti, seduzida por todas as tuas últimas forças, a ponto de me perder à força de resistir, de te seguir, de resistir de novo... Agora ando em volta dessas trevas para onde não soube acompanhar-te, ando às voltas com as minhas frases.
Vai escrevê-las para outro lado, às tuas frases, vai dançar as tuas danças para outro sítio, que não em cima do meu túmulo, é isto que tu dizes, mãe, com a tua cara de trevas, ultrajada?
Talvez não.
«Frases curtinhas, minha querida... Não te esqueças, se quiseres que te compreendam.»
Não pensava nas pessoas, pensava naquilo que tinha de escrever, é tudo. Tu, pensavas em mim.
Quando parti para uma ilha do outro lado do mundo (uma longa ausência), não sabia como anunciar-lho, receava a reacção dela. Mas os olhos brilharam-lhe «vai, minha querida», pegou no atlas, na enciclopédia, aprendeu a usar o fax.
A voz tão terna, o seu entusiasmo, «minha querida»...
A minha mãe: duas vozes, dois rostos. Vejo-os e ouço-os alternadamente. Com ela, nunca soube bem de que lado tocava a música, mas ela soube fazer-me dançar, como ninguém mais me fez dançar.
Está a olhar por cima do meu ombro, ofegando ligeiramente, como quando eu era criança.
Não quero flores, frases curtas, minha querida.
 

(páginas 216, 217)

Dias de um ginásio

Pilates é uma aula de ginástica onde consigo ouvir frases fora do comum mas contextualizadas. Existindo uma cara nova no comando é certo e sabido que vou ouvir coisas giras e, sobretudo, diferentes.
Na aula éramos só mulheres, a ordem era simples: «imaginem uma linha entrando dentro da cabeça e descendo até ao cóccix, mantenham ânus, uretras e vaginas contraídos».
Ora bem, depois chegou um cavalheiro, o discurso mudou: «mantenham ânus, uretras e vaginas contraídos... no seu caso não, claro».

Sim, eu podia fazer um post sucinto, um post terra-a-terra:

Tenho uma nova professora de Pilates. É engraçada no modo de falar, manda-me contrair o ânus, a uretra e a vagina. Tudo coisinhas simples...

Publicidades e assim

Eu sou como um Skoda: simply clever.
É, também, um facto real: não tenho um smartfhone pois o meu telefone é estúpido que se farta.

Remake

Lisboa, 6 de Julho de 2011

Sei porque tirei esta fotografia. Estava ali descansando e lembrei-me da outra vez em que me encontrei nestas condições. As mesmas condições: tempo para descansar; paciência para estar ali parada; vontade de captar o momento numa imagem. E já lá vão (quase, quase) quatro anos...

Lixo

Olha, isto ia para o lixo e eu trouxe para aqui, disse ele.
Vasculhei o pequeno baú, continha livros escolares e outros. Pedi um emprestado. Não te preocupes, eu devolvo, faço parte daquele grupo de pessoas que devolvem os livros aos seus donos. Se devolves, está bem, anuíu ele.
Trata-se de um livro de poemas: 'Meu livre mar, maresia' de José Conde Barroso, uma publicação de 1963. Tem dedicatória do próprio autor, o que o torna ainda mais valioso. Já o li de uma ponta à outra. É belo como os mares...


Desculpa lá!

Ó Antunes, desculpa lá mas a minha música é mais alta e melhor que a tua.

Ah, desculpa lá mas aqui está a tocar o Michael Bolton...

Olha! E aqui é a Lady Gaga que está a berrar! Desculpa lá mas este bit é muito melhor que o teu! Esse caramelo só sabe derreter os corações das mulheres mal-amadas...

Gina... Olha, desculpa lá mas eu hoje tenho de andar aqui a mondar as floreiras e arranjar o jardim. Desculpa lá o estorvo...

Omessa, homem! Desculpa lá tu! Eu ando a ver se arrumo os rolos de cisal num sítio de fácil acesso.

Mas a minha música é melhor que a tua e o meu rádio é mais giro e eu sou melhor a varrer o jardim do que tu achares uma lugar para arrumar... O quê? O que andas tu a arrumar?!

Fio cisal. Temos rolos de cem e de duzentos e cinquenta gramas e também há de um quilo. Queres comprar?

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O olhar

Uns olhinhos brilhantes de ebriedade fixaram-me durante escassos segundos. Apesar do efeito do álcool havia neles uma ingenuidade comovente. Sustive aquele olhar carregado de curiosidade. Perguntou-me:
– Como é que consegues?
Perguntou sem dar espaço à resposta. Eu ia responder, oh se ia. Diria que não consigo, na verdade. Não consigo aguentar, é demais para mim. Rodopio cá dentro, procuro prazeres, é o que faço. Observo as folhas, as flores e o efeito ondulante que o vento lhes provoca. Atento nos animais, nos objetos, olha só que lindos, e as nuvens, já viste como estão hoje? Olho para os gestos das pessoas, os olhares, os passos, as atitudes. Capto ninharias, coisinhas ínfimas. Acato as ordens da natureza. Atento. Atento em tudo. E não reajo, preferencialmente. Isso aniquilaria os prazeres, deitaria por terra uma imensidão de sentimentos que me fazem sentir viva.
Ah, e escrevo. Quando escrevo fico com a ideia de que possuo todos os poderes e, portanto, consigo aguentar a minha vida. Escrevo muito. Passo a vida a escrever, diga-se. Martelo nas teclas ou penso em frases, desenho uma vida abundante. Escrever é algo bom. De certo modo escrever perdoa os males do mundo. Acontece assim, não sei como nem porquê.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Retalhos da vida duma mulher

Vou na rua. A barra da minha saia levanta-se com a ventania revelando aos transeuntes os joelhos e parte das coxas. Com o balanço do meu andar as alças do soutien deslizam nos ombros provocando-me arrepios de desconforto. Isto em simultâneo, digamos. Amanhar a saia e colocar as alças no sítio at the same time é um prodígio exclusivamente feminino. Isto é tanto assim porque os homens não usam saia nem soutien, pois claro.
A vida duma mulher pode ser um suplício... Melhor seria andar despida, em dias ventosos como este.

Fui dar com isto

(uma vez que não tinha mais nada que fazer...)



Ai tanto 'que' e tanto 'eu', credo!
Mas não é isso o que interessa e sim o único comentário que recebi, cuja autoria pertence à rica filha. Apresento-o tal e qual por espelhar a época em que ela ainda não sabia que queria (e iria) ser uma aluna de línguas.

«atao e nao es? es mais bonita que a shakira... ;) la por tares a ficar velha nao quer dizer que sejas feia!! es uma beleza latina... ;)»

E é assim, caros leitores, há cinco anos atrás já eu estava a ficar velha...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Vai à merda

Este post destina-se a sossegar todos os bravos que já me mandaram à merda verbalmente e a todos os cobardes que se limitaram a pensar na injúria.
Eu hoje fui à merda. Acalmem-se lá, eu hoje fui a essas profundezas odoríferas, pastosas e pestilentas. Regozijem-se, vá.

Empréstimo

Ele lembrou-se de me emprestar um livro: 'O bilhete de Lotaria nº 9:672', Júlio Verne.
Curiosa, perguntei-lhe porque se havia lembrado de me emprestar um livro. Diz que todos os dias me vê a ler enquanto espero o almoço e como tal... E porquê este, pergunto. É para qe veja o que um bilhete de lotaria pode fazer, leia, leia, respondeu. Depois continuou falando de livros e de leitura, diz que tem muitos, muitos livros, tem dias em que lê dois. Espantada, perguntei-lhe se recorda todas as histórias e se as consegue reter na memória. Sim, consegue. E nos olhos brilharam lágrimas de emoção, 'eu tenho muitos, muitos livros...'.
Os livros são uma criação maravilhosa, capazes de suscitar as mais nobres emoções...

As consoantes que não falam

Será que tenho abolido todas as consoantes mudas dos meus textos? Elas não falam e, portanto, não dão nas vistas, mas será que dou por elas?
Não tenho a certeza, é difícil ficar atenta uma vez que tenho (alguma) prática em escrever. O escrever é algo tão automatizado, tão enraizado em nós...

O senhor arquitecto

É um homem inquieto,
o senhor arquitecto.
Fala que se desunha e não está parado nem um instante.
Comprou duas bilhas de gás lá em Espanha e
ficou tão admirado com o preço
que fez o que achou correcto:
uma espécie de prospecto.
Tirou logo uma fotografia e
escarrapachou-a no Fuçasbuque.
Se alguém lá cair, vai ficar circunspecto,
com a espécie de prospecto
do senhor arquitecto.
Hum... Não é que falte atenção e afecto,
ao senhor arquitecto
mas acho que vou pesquisar
e achar o Fuças do senhor arquitecto,
esse homem inquieto.
Dele, até sei o nome completo...


Publicado neste blogue em 29 de Março de 2011

Vozes no meu ouvido

Tínhamos 12 anos. A Maria de Jesus tinha a voz igualzinha à da irmã, Maria de la Salette*, era o que dizia a Ana Paula. Ao telefone então era demais... Ela não conseguia distingui-las.
Nunca tinha reparado em tal e a partir daí fiz-me atenta e vi que realmente havia uma semelhança considerável entre as vozes das duas irmãs.
Com os anos apurei bastante o ouvido.

Olá menina, sabe quem fala?
Sei, é a senhora que tem o mesmo nome que a praia.
Ah, tenho uma voz assim tão especial?
Não, eu é que tenho bom ouvido...

Bom-dia, eu...
Bom-dia, dona Arminda!
Ah! Como sabe que sou eu?!
Tenho bom ouvido.

*Não sei se é assim que se escreve. Caso não seja, as senhoras e as meninas com esta graça façam-me o obséquio de perdoar o erro.

O cimo do monte

Arrabaldes de Pai-Joanes, 16 de Julho de 2011

Este rochedo faz parte das minhas recordações infantis. Quando mudei para a Rua do Bêco ficava bem visível da janela da cozinha, imponente, até, como se fosse algo fantástico, qualquer coisa dentro do extraordinário e impossível ver ao perto .
Mudei de casa aos seis anos, ainda não tinha altura para ver o rochedo da janela mas lembro-me perfeitamente de andar com o meu irmão a ver se chegava a todos os interruptores da casa. E chegava, senti-me enorme, que sensação boa.
Mas vamos ao rochedo.
Os anos foram passando e o meu irmão lá de quando em quando idealizava um passeio para vermos as rochas de perto e andar a passear em cima delas, se fosse caso disso. Um dia fazemos um lanche e vamos lá, dizia ele. A ideia era irmos os três: eu, ele, e a minha mãe. Nunca fomos.
Por alturas da adolescência já eu conseguia admirar o rochedo enquanto arrumava a cozinha. Imaginava-me engendrando um plano e caminhando até lá sozinha e cheia de medo. Não venci o medo, nunca fui.
Há uns meses atrás descobrimos uma estrada pouco importante que liga Caneças a À-dos-Calvos. Soltei um grito de surpresa quando vi o rochedo. O meu rochedo! Aqui tão perto! Numa outra perspetiva mas é o meu rochedo!
Tirei várias fotografias mas nenhuma ficou do meu agrado. Este sábado, passando por lá novamente, cliquei outra vez. Agora está melhor...

(Um dos) ossos do meu ofício é...

… Estar sentada na sanita dum WC público, ter à frente dos olhos um puxador de porta e verificar imediatamente que o espelho retangular deste se encontra inclinado dois milímetros.

Ai o vento...

Bom-dia. A senhora tem cá daqueles espelhos para a casa de banho? Grandes... Hoje está tanto vento que tenho o cabelo todo em pé, pareço uma bruxa!

Ok, então eu não embrulho o espelho para a senhora amanhar o penteado no caminho para casa as vezes que for preciso.

A muita idade

Não quero que a minha mãe envelheça. A minha mãe não quer que a filha dela envelheça. Ela tem de ficar sólida no seu posto para me amparar, eu tenho de ficar sólida no meu para apoiá-la. Os nosso desejos chocam-se frontalmente, carneiros obstinados, quase imobilizados pela violência do choque.
Podemos chegar a extremos absurdos.
É muito simples: censuro à minha mãe ter-me dado a vida sem me ter dado também todos os dons, ter sido simultaneamente a minha boa fada e a minha fada má. Tal como à primeira alegria corro para ela antes de para mais alguém, é também para ela que corro, cheia de cólera, a cada derrota. Nãolhe perdoa por não me ter feito perfeita e imortal. Agora que a velhice me ronda, ela não suporta as minha imperfeições e a minha mortalidade.
Não tive estas exigências em relação ao meu pai. Ele estava de fora. (...)

«Tu ainda és nova!», diz ela a cada instante. Não é verdade, sou mais velha do que ela, pois tenho ainda de manter um emprego e tenho de carregar nos ombros uma velha mãe.
No espelho refletimo-nos uma e outra, indefinidamente, e nas profundezas da imagem ressoam os nossos pedidos de socorro.
(páginas 150, 151)

In 'Frases curtas, minha querida' de Pierrette Fleutiaux

domingo, 17 de julho de 2011

Acerca de mim


Hoje não vale a pena falar acerca de mim.
Nunca sou o que julgo ser. Não transmitimo o que me parece. Não penso como acho que é o correto. Sequer faço o que idealizei.
As pessoas tiram as suas próprias conclusões, normalmente certeiras.

...

Tou contente.
Já fiz is-to e a quilo.
Daqui a nada vou ali assim ver se vejo alguma cena curtida.
Depois volto.
Demoro.
A vida é bué da fixe quando é assim.
Por isso vou lá ficar um cadito a ver a quilo.

Comunicação

A mesa da cozinha. Local para conviver e comunicar. O rico filho usa-la com frequência para comunicar em modo escrito:

Fui às Festas de Loures. Já jantei uma pizza. 
D G

Se não tiver acordado à uma por favor acordem-me. 
 D G


Fui sair outra vez. Já comi uma pizza. Pai, depois podes pôr o meu telemóvel à carga? Não consigo -.- 
D G

Botões

Loures, 17 de Julho de 2011


Bem, fizemos um desvio na nossa viagem. Estamos agora sentadas em frente da caixa dos botões, como diante de uma merenda.
O botão. O prestígio concedido a este acessório. O pronto-a-vestir eliminou-o, uniformizou-o. Mas nessa época mandavam-se fazer os vestidos na costureira, as pessoas submetiam-se a longas provas, e escolhiam-se também os botões, peça-chave do vestido ou do casaco. Nessa fachada que é criada pelas roupas, constituíam a única verdadeira fantasia, o que sobrava da inverossímel abundância de enfeites imaginada na corte dos nossos reis. No botão concentrava-se a preocupação de estar bem vestido e todos os detalhes harmoniosos.
Ainda hoje, se inclinássemos a caixa, os botões arrastariam na sua cascata tilintante a recordação de cada uma das roupas que tinham ornamentado, uma grande torrente que me levaria directamente à minha mãe, aos territórios da sua vida.
Lisos ou granulosos, cheios ou esvaziados, triangulares, ovóides. Pequenos como pepitas ou grandes, finos ou espessos. E as cores: azul-pavão, azeviche, cor de madeira, azul-céu, e as cores de todas as pedras preciosas ou semi-preciosas. No centro ou nas pontas, os furos: dois ladao a lado, bem separados e bastante grandes, ou três, em triângulo no fundo de uma depressão central, ou quatro, paralelos dois a dois, quando se pretende que segurem bem, solidamente. Olhando bem, são um pouco obscenos, como os orifícios minúsculos do entre-pernas, ou os de celulóide na parte de trás dos fatos de banho.
(páginas 132/133)

In ‚Frases curtas, minha querida‘ de Pierrette Fleutiaux

sábado, 16 de julho de 2011

22

Lisboa, 11 de Julho de 2011

São 22, os anos de casados. Temos alguns defeitos, muitas virtudes, 2 filhos e outras coisas que hoje não pertencem aqui. Caminhamos lado a lado, será essa a maior virtude que possuímos.

Pão de Milho à mexicana

Ingredientes secos:

3 chávenas de chá de farinha de trigo
1 chávena de chá de farinha de milho
1/4 chávena de chá de açúcar
2 colheres de chá de fermento em pó
2 colher de chá de sal fino

Ingredientes molhados

200 gramas de manteiga derretida
3 ovos
2 chávenas de chá de leite

Ingredientes doutra espécie (facultativo)

225 gramas de queijo Cheddar ralado
1/3 chávena de chá de cebolinho picado
1 pimento (?) jalapeño picado muito miúdo

Juntar todos os ingredientes secos numa tigela e peneirá-los.
Reservar.
Juntar e misturar todos os ingredientes molhados numa tigela e juntar aos poucos os igredientes secos.
Deixar repousar durante 20 minutos para engrossar um pouco.
Acrescentar à massa o queijo, o cebolinho e o jalapeño.
Vai ao forno em forma redonda untada de manteiga e polvilhada de farinha durante aproximadamente 40 minutos.

Nota: ainda não fiz este pão com o último conjunto de ingredientes. Assim simples é muito bom. Bom apetite.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Olhar

Desejo que as pessoas falem comigo. É um desejo intenso, acontece quando me sinto só, como hoje. Normalmente as pessoas não sentem a minha disponibilidade, limitam-se a olhar, o que me deixa coberta de ideias já anteriormente criadas e que não vou repetir agora.
Identifico nos olhares muitas coisas. Não sei se correspondem àquilo que efetivamente as pessoas pensam ou sentem – curiosidade, espanto, repulsa, avaliação.
Não saberei a verdade, quando arranjo a coragem para perguntar, sem rodeios, como é meu costume, devolvem-me respostas evasivas e fogem assim que podem. As pessoas fogem, literalmente.
O olhar das pessoas lisonja-me, no entanto. Esta atenção dá-me alento. Alento que utilizo para... não sei. Viver?

Mantra

Passo o dia a repetir para comigo:

Sou uma senhora terna
Sou uma senhora gentil
Sou uma senhora branda
Sou uma senhora bondosa

A ideia inicial é ficar convencida disso mesmo mas tenho que me deixar destas coisas porque só consigo envolver-me com a ideia oposta. As repetições são circulares, transformam-se em espirais que me sugam até aos males do mundo.

A mania das doenças

Hoje estou muitíssimo doente da cabeça mas é tudo mentira.

Descobri recentemente que sofro duma doença giríssima chamada síndrome de Tollete. Consiste em relacionar com sexo tudo o que se ouve, a pessoa não se contém e faz comentários abusivos e completamente inoportunos gerando um grande constrangimento nas pessoas em geral.
No meu caso em particular não creio que mereça lugar na patologia mas acho que estou bem lançada nessa direção.
Não sei se esta 'doença' tem cura. Não vou procurá-la. Não vou tentar eliminar a doença, ou sequer tentar esquecê-la. Não vou, também, pensar nela. Estou bem assim, a loucura é-me necessária. Se está iminente, tanto melhor.


Queria fazer este post giro, cómico até, mas só me vem à cabeça aquela gracinha:
Como se chama a mulher do furacão?
Furacona.

Juventude

Três raparigas adolescentes seguiam à minha frente. Notei que iam vestidas dentro do mesmo estilo: calções muito curtos, t-shirts brancas. Tudo dentro da moda dos dias de hoje. A semelhança era tal que pareciam clones umas das outras.
A adolescência é a idade da afirmação, de procurar algo que se ajuste, de ser diferente, e no entanto os adolescentes mais não fazem do que seguir as pisadas uns dos outros. Começamos cedo a saltitar de um extremo para o outro e fazemo-lo incessantemente o resto das nossas vidas.

Tenho uns óculos novos, pois tenho

Tenho uns óculos novos, pois tenho, que me dão muito assunto para escrever...

Os meus óculos vieram dar um certo movimento à minha vida. Viro a cabeça para a esquerda e o mundo gira, viro a cabeça para a direita e o mundo dá uma volta completa. Além do mais, agora não posso andar de cabeça baixa, arrisco-me a enfiá-la nos ajaxes ou nas lixívias, se baixo a mona parece mesmo que vou marrar contra qualquer coisa.

De notar: escrevi 'cabeça baixa' substituindo a expressão 'cornos no chão' que utilizo vulgarmente porque acho que ter escrito a palavra 'marrar' chega e sobra para me dar um ar bovino.

Tenho uns óculos novos, pois tenho

Vejo as pessoas gordas...
Sim, eu sei. Não digas, não digas! Não digas que digo eu: a ver se me lembro de não me espreitar ao espelho quando os tiver na cara.

A mania das doenças

Levantei-me a custo, ai que me doi tanto a minha omoplata. Caminhei até à casa de banho com fortes dores no calcanhar esquerdo. Depois chegou a dor de cabeça, seguiu-se o sono e a astenia. Tenho que ir trabalhar. 'Bora lá... No caminho fico muito nervosa sem saber com o quê. Há um tremor cá dentro. Deixo-me estar quietinha a ver se passa. Quero deitar-me. Bebo um café, espirro três vezes. Dói-me as pernas. Suspiro com o desconforto nos braços. Tenho sono. Dói-me a tola. Subo escadas, dói-me mais a tola. Não quero fazer a ponta dum corno. Reponho artigos nas prateleiras. Espirro três vezes. Dou os bons-dias e as boas-tardes sem prazer. Quero deitar-me. Desejo tudo de bom mas não quero nada disso. Dói-me a mona p'ra caraças. Tenho muito sono. Enteso os ombros numa tentativa de elevar o pesado mundo que carrego. Fico rígida e dói-me toda essa zona do corpo. Custa-me horrores tentar desfazer a rigidez. Finjo que a desfaço. Fingir que não sinto nada cansa-me até mais não. Quero deitar-me. Procuro alhear-me de tudo o que me envolve. Espirro três vezes. Tenho sono. Dói-me os pés. Os calos dão cabo de mim.

Para começar...

… Devo dizer que isto hoje não está nada de jeito.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Do lado de fora

Lisboa, 14 de Julho de 2011

Às vezes a casa está só.
Às vezes a casa está vazia.
Às vezes a casa está abandonada.
Desprovida de presenças, descuidada. Sem vida. Inerte.
Mas nunca tinha visto uma casa com uma mistura de tudo isso.

...

Vamos ao que importa: A viagem

Por motivos que não tem interesse revelar, de há largos meses para cá não conduzo com regularidade ou frequência.
Da última vez, entrei no carro: «ok, Gina Maria, lembras-te que o pedal do lado direito é para acelerar, o do meio para travar, o da esquerda para engatar as mudanças, certo?»
Certo, certo.
Liguei o motor antes de fechar a porta, um estranho hábito que tenho desde sempre (não, não sei se faço o mesmo quando está a chover), arranquei e fui onde tinha de ir sem nunca mais me lembrar das minhas próprias recomendações. Conduzir é como andar de bicicleta e fazer amor – podem passar décadas mas a gente nunca esquece.
Ainda sei conduzir... Oh yeah!

A lista

O homem do restaurante achou particularmente engraçada a minha forma de pedir o prato: «arranja-me a primeira posição, por favor».
De há uns tempos para cá confundo qualquer lista com o Kamasutra.

1º prémio

Diz-se que todas as putas têm sorte mas não sei se concorde com a ideia.
Joguei há uns tempos... nada.
Joguei há duas ou três semanas... nada.
Joguei na passada terça-feira... nada.
Mais não faço do que ajudar a Santa Casa e os 'pobrezinhos' deste país. Uma causa nobre, portanto. Às putas não lhes é dado possuir qualquer réstia de nobreza, creio.

Tenho uns óculos novos, pois tenho

Queixava-me de falta de vista para ler as miúdas (termo que ouvi recentemente a minha sogra dizer), os óculos que eu usava dantes, usava-os há 9 anos e eram de uma graduação muito reduzida. A coisa, em questões do ver, andava de mal a pior, muito cansaço nos olhos e na cabeça, em particular se passava muito tempo a olhar para este monitor de onde escrevo agora. É tátil, dá a ideia que tem um revestimento qualquer que lhe confere uma tonalidade turva e brilhante ao mesmo tempo, o que me esgota os olhos por demais.
Mas indo ao que interessa, tenho uns óculos novos. Quando soube o preço até fiquei a ver mal (sério?!) e posso dizer que me custaram os olhos da cara (hum...).

O gesto é tudo


– Olhe, eu queria uma coisa assim... (aponta para o artigo)
– Um atomizador.
– Porque a... (gestos circulares indicam algo curvo)
– A bica da torneira.
– … coisa faz... (sons que querem assemelhar-se a água a cair)
– A água salpica.
– … Está muito alto e... (toda a linguagem gestual anterior muito desordenada, sem nexo)

(… E a senhora precisa de um atomizador que evite os salpicos de água, o desconforto pelo vestuário molhado e as recorrentes mudas de roupa e ainda a limpeza – porventura desnecessária - de armários e tudo quanto estiver ao alcance das pingas. É isso?)

Não, não vendi um atomizador a esta senhora. O balcão tem destas coisas.

Dar a conhecer

Tenho-me esquecido de falar do senhor dos sabonetes pedra-pomes, o que é repreensível tendo em conta que escrevo tudo o que envolva o meu blogue.
De certo modo este post vai contra o que escrevi neste aqui, a vontade intrínseca de ser reconhecida e aplaudida versus o secreto desejo de ser (leia-se continuar) solitária na blogosfera.
Não sei como chegámos à parte da conversa que apresento mas não faz mal. Eu sou a das falas verdes e o senhor pedra-pomes é o das falas vermelhas.

Ninguém ouve as minhas histórias.

Se não ouvem, escreva-as.

E escrevo! Pode crer que as escrevo! E digo-lhe mais: você já consta nas minhas histórias.

Sério?!

Sim. Escrevi do sabonete pedra-pomes que 'até arranca a pele'.

Ah...

Se quiser eu imprimo o texto e levo-lho lá.

Ele não disse sim nem não, acho que ficou de tal maneira surpreendido que levou tempo a processar a informação. Nesse dia à noite pesquisei o texto e imprimi-o. Assinei por baixo e coloquei o endereço do blogue. Entreguei-lhe o papel assim que tive oportunidade, revelei que tenho um blogue e que gosto imenso de escrever, «se o senhor quiser ler está aqui o endereço». O pior é que me esqueci que o endereço tem um 2... Talvez por isso nunca tenha dado pela presença deste caro senhor.

verdeagua2.blogspot.com

Data de fabrico

O meu mais recente creme de mãos foi fabricado em 24 de Novembro de 2008. Deu-me vontade de reler o que fabriquei nesse dia...






Gosto de recordar o que escrevo. Sei que a hipótese de relembrar e reviver emoções porventura tristes está presente, mas gosto de reler as minhas palavras. São carícias ao ego, masturbação intelectual, ou qualquer outra coisa, seja lá o que for é sempre concernente ao EU.
Nesta fase não andava lá muito contente com a repercussão da minha escrita, sentia-me frustrada e de certa maneira ofuscada pela exposição, talvez as luzes da ribalta me estivessem a encandear, a blogosfera já não me deslumbrava. Depois passou.
Era assim a minha vida de bloguer em 24 de Novembro de 2008.

Adenda:
Depois passou mas lá de quando em quando volta. Escrever nem sempre é uma maravilha na minha vida.

Cabeleireiro em modo macho

Passei numa rua e olhando de soslaio para dentro de um salão de cabeleireiro vi um homem com uma peruca de folha de alumínio e a cabeça enfiada num secador daqueles de pé alto. Fazia madeixas, presumo. Achei uma visão tão fantástica, tão fantástica... que voltei atrás para espreitar sem qualquer pudor enquanto dizia a quem me acompanhava 'espera aí que eu tenho de ver isto outra vez!'
E lembrei-me do Mimi... o meu novo cabeleireiro.


Iniciou-se o corte. O Mimi possui uma técnica inovadora: corta os cabelos a seco, é assim que vê e sente a personalidade do cabelo das suas clientes. Explicou-me tudinho, disse que eu ia ficar muito bem com o corte que ele idealizara levando em conta o meu tipo de cabelo, ele e o seu saber dar-me-iam um ar mais leve, mais menineiro. É um facto bem presente que quando se chega a esta idade há opções que se tomam em prol do 'parecer mais menina'.
Depois lavou-me a cabeça e fez uma massagem relaxante. Aqui não páro de pensar: «oh céus, ainda bem que sou mulher!»
No fim de me pentear reparte umas gotas hidratantes por toda a cabeleira, retoca o aspeto geral, refere efusivamente que estou gira e ainda me faz um desconto. Oh céus... que cabeleireiro espetacular fui eu arranjar!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A porrada

Caríssimo leitor, se és taxista, tens um Mercedes a cair de podre e circulavas ontem na esquina da Rua José Falcão com a Avenida Almirante Reis (Lisboa) por volta das cinco da tarde, lê aqui, por favor.

(O caríssimo leitor que não se encontra nestas circunstâncias também pode ler, em querendo.)

Aquele baque que ouviste fui eu, sim. Peço desculpa mas foi sem intenção. A culpa é dos speeds que ando a tomar, fico eléctrica, hostil e agressiva. Não creio que o meu telemóvel tenha feito estrago na porta traseira do lado direito, ainda que o carro esteja podre, como já referi. Mas também não tinhas nada que me aflorar os passos, convém deixar os peões terminarem a travessia, não é?
A próxima vez não farei assim, fica descansado. Eu prometo.

A mulher bronzeada

Ai, a menina tem-lhe feito bem a praia, dizem todos, se reparam na minha cor trigueira. E é num misto de inveja e admiração que o fazem.
Pois bem, não é praia o que acontece na minha vida, é trabalho ou então passeio pedestre. Vou daqui para ali e depois chego cá. E vou e venho. E vou e venho. Neste espaço de tempo apanho sol e arranjo esta cor dourada.
É uma linda cor dourada, eu sei. Roam-se, vá.

terça-feira, 12 de julho de 2011

vida 
é bela 
e eu 
ando 
a estragá-la.

A vendedora

'A senhora tem de vender o seu peixe!'

É uma frase que já ouvi uma dúzia de vezes, para aí. É verdade. Eu estou aqui para vender, essencialmente. Faço outras coisitas mas não passam de complementos e tarefas secundárias. Olás, passou-bens e sorrisos, também são necessários. Mas vender é primordial, indubitavelmente.

Para que conste

Convém deixar escrito que os meus pais ligaram hoje de manhã bem cedo...

- Gina, olha filha, lembrou-me que tu fazias anos o dia inteiro, até disse à ti Bia que hoje o ti Chico João também fazia anos se fosse vivo, só que depois à noite nunca mais me lembrou...

Ok, Ok. Vá, eu é que pensava que a senilidade já se tinha instalado nessas cabecinhas...