terça-feira, 31 de agosto de 2010

...

Convém que interiorize a ideia de que os figos não mordem nem picam, que são seres vivos sem meios de locomoção e portanto nunca largarão a árvore para me devorar, tomara eles que não os devore eu. Vamos lá embora a pensar as coisas como deve ser que isto assim não dá ares a nada.

...



A minha pele cheira a lágrimas.

Encontro

Desabafo do senhor doutor em sua graciosa pronúncia de Coimbra:
- Acho que esta tarde vamos morrer todos de calor!
Resposta quiçá inadequada desta que escreve:
- Então é melhor prepararmos a ialma para o encontro com o Senhor!
Gosto de espicaçar este senhor doutor nas questões espirituais só porque ele é daqueles que não acredita em Deus. A meu ver esta descrença é descarada porque de vez em quando ele diz que:
'Tenho tido sempre trabalho, graças a Deus!'
Ou:
'Até para a semana, se Deus quiser.'
Eu acho isto tão interessante... Deus é importante até para quem não lhe dá qualquer importância.

Matar o tempo

O tempo é o que mais se quer ver morto. Este é um ódio sem nexo. Como todos, afinal.

Uma fotografia por dia que bem iria... (93)

Las Chapas - Espanha, 30 de Julho de 2010


Se eu pudesse agora estava aqui a ver as vistas e a descansar.

Na tasca

A mulher do restaurante encosta-se à bancada que separa a área onde cozinha e prepara as travessas da salinha de refeições. Com a sua habitual amabilidade tosca pergunta se já vou. Responde muito depressa o marido lá do balcão do fundo:
- Não... Vai ficar aqui o resto da tarde a olhar para a tua cara! Não deve ter mais nada que fazer!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Humor feminino

Num programa de TV acerca da comédia nacional ouvi a Ana Bola justificar o número de mulheres comediantes em comparação com o número de homens - os homens são notoriamente mais. Diz ela que às mulheres parece mal dizerem certas piadas, o que num homem tem muita graça e toda a gente se ri, uma mulher dizer a mesma piada é imediatamente mal vista e não tem gracinha nenhuma.
Esta manhã enquanto espalhava o creme no rosto, e como estava ranhosa, fiquei indecisa se espalhava creme ou macacos pelas maçãs do rosto. Ri-me sozinha, lembrei-me de escrever um pôste contando este episódio com o tipo de humor que me é característico, mas depois eu própria critiquei a ideia e desisti. Ninguém consegue criticar o que escreve. Se critica, elimina ou esquece. A crítica veio da ideia de que uma mulher não pode escrever sobre estas porcarias, a sociedade não deixa...
A mulher é educada para não olhar, para não ouvir, para não rir, para não sentir, para não beber, para não fumar, para não amanhar as mamas em público por mais que incomodem quando estão fora do sítio. A mulher é educada a não viver plenamente, em suma. Uma mulher tem de se portar como deve ser, e o deve ser é estar aprumada e ser muito recatada em todas as situações da vida. Uma mulher não conta anedotas de sexo, não fala (ou escreve) sobre ranho, não faz conversa (ou pôstes) acerca dos peidos que ouve. Se o fizer desmorona a fachada, ui que esta não interessa a ninguém, ui que esta vai com todos, ui que já não quero nada com ela que ainda me contamina a pureza santa que tanto me custa a manter.
Estou ciente que o meu modo de escrever não é uma fachada, esta que escreve sou eu, não faço grande diferença entre a escrevente e a falante. Mas faço diferença, reconheço que sou mais livre a escrever, muitas vezes escrevo o que não diria a ninguém. Escrevo o que tenho a escrever, chamo os nomes que tenho a chamar, uso as palavras no seu estado mais puro e construo as frases rude e cruamente porque não gosto de suavizar as minhas ideias e pontos de vista com eufemismos. Já falando, sou presa, encalho algures, e quando me desencalho vezes há em que digo o tipo de coisa que tanto se lê e vê neste blogue, porque, ainda assim, sempre paira por sobre a minha cabeça uma espessa nuvem de espontaneidade quer actue escrevendo ou falando. Felizmente que assim é, se há coisa que considero admirável e tão necessária à minha vida é a tal da espontaneidade. E se hoje tenho estado terrivelmente espontânea…

Ensinamento

Há clientes que me querem ensinar a trabalhar e dizem assim: 'veja lá se faz isso bem a senhora é que sabe que eu não percebo nada disso mas é para eu não ter de cá voltar que me custa tanto descer a alameda e depois subir e escadas e tudo tanta escada que tenho para subir a ver se fica logo bem feito a senhora sabe fazer pois com certeza mas é que não me apetece nada vir cá outra vez ai que estou tão cansado faça isso com calma olhe lá mas a senhora é que sabe quem sou eu para estar a falar que isso não sei eu fazer vá lá trabalhar vá'.

Uma fotografia por dia que bem iria... (92)

Cristo-Rei visto do Cais do Sodré, em Lisboa, 30 de Agosto de 2010

As pessoas costumam perguntar-me se sou crente. Respondo afirmativamente. Crer não é difícil, basta querer. Estalido de dedos, agora vou crer nisto e plim!, creio. É muito possível de tão fácil.
Isto da crença é, ou pode tornar-se, uma coisa religiosa e de religião não gosto. Deus devia ter feito isto de maneira a que não fosse possível misturar a religiosidade com Ele próprio. Eu quero acreditar somente n'Ele esquecendo a religião, ensinamentos e doutrinas mas não consigo.
As pessoas são horríveis, misturam tudo, credo! Credo de crença...

Lado bom / Lado mau

Todas as coisas más têm um lado bom e vice-versa. Sempre soube isto, por muito que me custe por vezes encarar este facto com naturalidade. Até a morte pode ser boa... Por exemplo: o senhor Rodrigues morreu e eu tive muita pena que tal tivesse acontecido, fiquei verdadeiramente triste. Porém, já achei uma vantagem: este ano quando voltei de férias não foi possível ao senhor Rodrigues desdenhar do meu tempo de descanso, do sítio que escolhi, da mísera quantidade de gelados que comi. De certa forma a morte do senhor Rodrigues trouxe-me alívio.
Tenho outro exemplo: a Fátima. A Fátima sofreu uma drástica operação há dois ou três anos, retiraram-lhe uma mama por causa do cancro. Penou muito com a doença, eu assisti mas não de perto, e depois de meses de sofrimento venceu-a. A doença foi muito ruim, destruiu-lhe parte da vida e do corpo.
Só o facto de ter vencido o cancro já é bom que chegue mas há mais: a Fátima vai brevemente fazer uma operação subsidiada pelo estado para reconstruir a maminha e para tal vai ser usada a chicha a mais que tem na barriga. Não é o máximo? Ela própria diz que é dois em um e está radiante. Ou seja, vai ficar elegante e vai voltar a ter duas mamas. O que a gente se riu com tanta coisa boa que veio depois de uma coisa muito má...

Saudação

Quando passou por mim ele disse 'está quase a chover' com maus modos. A mim ter-me-ia agradado ouvir uma 'boa-tarde' risonha e bem disposta mas é melhor não me queixar porque afinal de contas não gosto de hipocrisias. Pronto, está um dia escaldante, o homem estava aborrecido, que se há-de fazer? Aguenta-se.

?!

- Ó menina, que anda aqui a fazer?!
- Nada de jeito...

(Digamos que estou a olhar para um chato do caraças e a responder estupidamente a uma pergunta parva.)

Meter o Rossio na Rua da Betesga é:

Eu queria fazer o tecto ao Rossio mas depois meteu-se o Marquês de Pombal e estava lá o cavalo e fugiu.

domingo, 29 de agosto de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (91)

Loures, 29 de Agosto de 2010
Ao que parece superou, sim. O hamburguer cheio de molhos e mais as batatas fritas e ainda os aros de cebola superaram bem... Bem melhor que deitar o sofá fora, só digo!

Fim de semana

Assim à partida acho que o acontecimento supremo do fim de semana foi mesmo deitar o sofá fora...
Agora vou aperaltar-me e vou daqui direita aos hamburguers que são tão bons e sabem tão bem. A ver se tal acontecimento supera o descrito acima.

Lixo

É melhor não se chegarem muito aqui porque eu tenho estado numa de deitar tudo fora. Tenho a sala nua, palavras do rico filho. Quer dizer, nua a sala não está mas falta lá um objecto enorme: o sofá. E agora onde nos vamos sentar?! Nos pufs, objecto demasiado jovial para pessoas na casa dos quarenta, custa a levantar de lá p'ra caraças! Bolas...

sábado, 28 de agosto de 2010

Pôste desgraçadamente (des) intitulado

O anonimato a descoberto

É certo e sabido que andam pela internet pessoas cobardes aproveitando o anonimato para chatear, não há blóguer que não tenha tido já uma experiência desta natureza, se não teve está para ter.
Não é a primeira vez que chega aqui alguém e me maltrata duramente mas até aqui tinha sido sempre de moer pouco, tipo toca, foge e não retorna.
A alforreca não, a alforreca ataca em média uma vez por semana porque é mulher para ter pouquíssimo tempo para as modernas tecnologias e não as utiliza futilmente, claro que não, gasta o tempo a limpar o pó e a arrancar com as unhas a gordura atrás do fogão para ter tudo asseado, que isso sim são coisas de mulher, e vai distribuindo o ósculo santo pela família e amigos sorrindo candidamente e nem olha para cima, não porque lhe pese muito a armação córnea que tem no alto da cabeça mas porque pode dar de caras com o vizinho da frente que é jeitoso que se farta e lá se vai o recato que lhe é tão característico.
Escreve-me sempre a mesma coisa, tem apenas uma mensagem base, é vira o disco e toca o mesmo, tanto que vou chamar-lhe um nome que tem tudo a ver com ela por ser repetitivo: Amélia Camélia.
Por aqui a coisa estava tão feia e era tão nauseante ler os comentários da Amélia Camélia que decidi fechar a caixa de comentários. Ora acontece que dias depois de eu ter fechado a caixa de comentários recebi sms bem desonrosos. Não era uma infeliz troca de linhas porque havia referência a nomes, não era uma desgraçada coincidência porque recebi dois sms. Fiquei chocada, claro, e reparei que as mensagens eram em muito semelhantes aos comentários que havia recebido no blogue, só podia ser alguém que me conhecesse.
Posso dizer que a minha lista de conhecidos é extensa mas o grupo de pessoas que tem acesso ao endereço do blogue e directa ou indirectamente ao meu número de telemóvel é muito reduzido. Ordenei os pensamentos, despistei algumas hipóteses e não foi difícil perceber quem é que anda a ver se chateia.
E agora é deixar andar, os cães ladram mas a caravana passa...

Olás!

ola sou a amelia camelia e ando a foder os cornos a gina porque axo q ela devia ter cuidado da forma como fala e opois eles comentam q encontram uma vaca. tenho um amigo q diz ela e puta

Olá, o meu nome é Gina e sou a dona deste blogue. Tu, Amélia Camélia, não te metas comigo, olha que um choque de putas dá merda da grossa.

Escrever às cores


Posso dizer que está um lindo dia de sol e oh como sou feliz porque tenho tudo aos pares, almofada, tecto e despensa recheada, tudo isto ornamentado com o mais lindo e puro amor. Posso dizer que as árvores são tão lindas de variadíssimos verdes e castanhos, as frutas vermelhas e amarelas. Escrever pode ser isto mas eu não tenho arte para escrever de coisas tão poeticamente românticas e algo estáticas.

Altos

O senhor que entregava o hectolitro de lixívia trimestralmente deu-lhe uma coisinha má... Morreu. Tinha um alto no peito, o plexo solar queria romper a pele naquele sítio e fugir-lhe do corpo. O homem era uma simpatia mas era impossível não estar ao pé dele sem olhar de vez em quando para aquele alto enorme, parecia que o coração ia saltar ou assim. Morreu e pronto.
Já veio o substituto. É muito jovem, muito bem falante também. E há semelhanças com o seu antecessor, tem altos ao nível da peitaça se bem que ligeiramente diferentes e em maior número... É mais bíceps, tríceps, trapézios e peitorais.

Acôrdo

Passei a escrever blóguer (blogger) e pôste (post). Se anda aí a circular a ideia de colocar a palavra 'mudasti' no diccionário, eu, que não sou doutora de letras, nem escritora ou sequer aspirante, mas sou uma alma com necessidades imensas de criar coisas escrevendo, posso muito bem inventar novas maneiras de escrever.

Uma fotografia por dia que bem iria... (90)

Lisboa, 26 de Agosto de 2010


Ó Antunes, pois que fizeste só bem ao regar as plantas, alimentá-las para as deixar viçosas e com um agradável aroma fresco. Também lançaste as águas até às escadas, eliminaste o pó acumulado. Fizeste ainda melhor, só te digo, é que eu preciso de lá me sentar de vez em quando. Sempre que toca uma música gira na rádio e me apetece ficar ali a ouvi-la, para aí...

Pedido de desculpas com aviso

Imagem retirada do meu computador novo
Peço desculpa aos caríssimos leitores pela impossibilidade de deixarem comentários durante alguns dias e aviso agora que já se pode comentar neste blogue.
Leitores conhecidos, desconhecidos, anónimos, alforrecas e outros, digam lá, vá.
Grata pela atenção.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (89)

Lisboa, 26 de Agosto de 2010

A dona Maria das Dores vendia Restaurador Olex (dentre outras coisas, pois claro) na firma Pintá Cabeça. Um dia fartou-se das comissões em atraso e doutros esquecimentos e maus agradecimentos por parte do patrão e despediu-se. Esta atitude gerou grande alvoroço entre o pessoal da casa que se vingou da dona Maria das Dores escrevendo no quadradinho das facturas que se destina ao nome do vendedor da firma o nome XaXau.
É uma pena chamarem-lhe XaXau na firma Pintá Cabeça, dona Maria das Dores, mas olhe... XaXauzinho e até à próxima!

Sonho

Tenho na minha cozinha uma tira de metal cheia de facas lá coladas pelo poder de atração dos dois metais. Ter uma coisa destas assim à mão é o sonho de qualquer assassino. Ou suicida...

Dias de um ginásio

Se a intensidade dos exercícios é muito alta e me está a custar horrores fazê-los, distraio a mente pensando em coisas que me tomem muita atenção. Por exemplo: investigo o calendário mentalmente para saber o dia em que hei-de ir à depilação, à pedicura, à cabeleireira, à massagem, à limpeza de pele, que tom ponho amanhã nos olhos, nos lábios, nas unhas. Ou então que modelo de vestido hei-de fazer com o tecido assim-assim que tenho lá em casa, ou se faça uma blusa e uma saia, ou quem sabe o tecido dê para fazer isto tudo já que comprei imenso porque na minha vida é tudo em grande.

Fuga

Quando finalmente decidir o dia e a hora em que vou fugir tenho que arranjar calçado novo e também um vestido que nunca tenha sido estreado. Quero ir ainda mais bonita do que já ando, a ocasião pede.

O ar da minha graça

Tenho um ar feroz, os clientes estendem-me notas para pagar as suas compras e dizem cheios do mais profundo terror: 'não me bata...'

Sozinha

Vi o filme 'Nas nuvens' com George Clooney. É um filme feito para mulheres, um chic flick, sem dúvida, mas é um bom filme. Fez-me ter a certeza ainda mais vincada de que as pessoas não foram feitas para viver sós.
Tenho uma grande tendência para ser solitária e sei que muitas vezes procuro a solidão mas também sei que não conseguiria viver sozinha muito tempo, o filme serviu para me mostrar isso.
À partida parece muito bom que não haja ninguém a moer-nos o juízo mas quem não tem aborrecimentos também não tem alegrias, há uma falta que não se preenche com viagens, boas roupas e outros bens materiais.
Estou decidida, quero estar sempre rodeada de pessoas, muitas pessoas. Boas e más, já que é preciso, já que não há umas sem as outras.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Post ao minuto

8:10, hoje está sol!

9:43, está na hora de resgatar a minha máquina fotográfica, dormiu esta noite dentro de um balde de esfregona.

10:28, ofereceram-me um cachinho de uvas brancas. Calhou bem porque já tinha uma certa fome.

13:13, almoço executivo. Almoço executivo, eu, uma balconista com ares de blóguer. Hoje temos tudo ao alcance de todos, o mundo é (cada vez mais) um globo homogéneo.

14:25, sms muito ofensivo.

14:37, sms muito ofensivo. Eh pá, outra vez?! Mas não me achas desinteressante?!

17:00, é melhor ir comprar 4 pêssegos que tenho fome.

18:30, baza! Está na hora!

19:14, da casa da dona Maria dos Prazeres ouvia-se o vocalista dos Maroon 5 lixando o móvel lá em baixo, não dava era para ver quantas peças de roupa trazia ele vestidas... Au, porra!, diz ele. Lixou-se, só pode.

Quente e frio

O senhor que vende castanhas ao frio e gelados ao calor está de férias. Toda a gente o conhece, é uma personagem muito marcante naquele lugar. Tanto que se lhe nota a falta, há um vazio no sítio que ele deixou que eu desejo ver preenchido.

Poucochinho

- O fim de semana foi bom?
- Então não...
- Vais dizer que dois dias não te chegam?
- Vou.
- Ora, vais agora!
- Pois vou.
- Então não te chegam dois dias?!
- Não!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Presente!

Os leitores e afins não lamentem a minha ausência, eu estou aqui. Bem sei que ao momento neste galinheiro existe apenas uma galinha capaz de cacarejar, tudo o resto perdeu o pio e por isso não há maneira de saber a falta que faço.
Idealizando que este blogue é para lá de giro e que tudo o que é malta com internet gosta de vir saber o que tenho a palavrear, devo dizer que estou viva só que não me recomendo.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Café com letras

Estar confortavelmente sentada saboreando um estupendo café, rodeada de livros e escrever umas coisas no bloco de notas, são momentos agradabilíssimos.

Exposição

Isto de escrever não é nenhum refúgio. Um refúgio é um local onde nos escondemos do mundo, quem escreve não se esconde, antes pelo contrário.
Não costumo inventar o que escrevo mas às vezes fantasio um pouco. Há momentos em que sinto a falta de usar a imaginação e criar personagens e histórias, falar de outra gente e de casos quue nunca tenha visto acontecer por modo a usar a escrita para me esconder, para que aquilo que escrevo não me denuncie. Mas esse tipo de escrita também não oferece refúgio nenhum. Os personagens que invento representam pessoas que eu gostaria de ser e as histórias representam aquilo que eu gostaria de viver. Não há como me esconder, a exposição é inevitável.
O ideal seria inventar uma história que eu não quisesse viver com personagens dotadas de características que considero abomináveis. Isso sim, seria uma obra de arte!

Mudanças não repentinas

Quando chegou, a dona Carminda do banco era sisuda chegando a ser antipática por vezes. Depois, quando soube o meu nome, mudou-se um bocadinho, entrou numa fase ligeiramente melhorada, ficou como que num estado intermitente, a simpatia ia e vinha.
Hoje a dona Carminda é o oposto do início da sua estada por aquelas bandas. Hoje sei do gato, dos fins-de-semana, das roupas que gosta, que não tem homem... Ao tempo que deixou a intermitência, fala de si, expõe-se e é sempre simpática e muito risonha.
O nome é muito importante, há muitas pessoas que me rodeiam e lhe dão importância. É uma pena eu não conseguir sentir o nome como um privilégio que poucos possuem.

Opinião sucinta


A Anastacia tem voz de telefonia antiga.

Dias de um ginásio

A miúda que participou num programa de TV e que dá aulas lá no ginásio tem as coxas e as nalgas carregadinhas de celulite.

Arranhando a pele

Tenho um cliente que só tem comprado coisas que arranhem: cif creme e sabonete de pedra-pomes. Vem uma vez: quero dois sabonetes pedra-pomes, se faz favor. Vem outra vez: quero um cif creme cheirinho a limão, se faz favor. E vem uma vez e outra e uma vez e outra e é sempre o mesmo.
Quando o vir outra vez vou-lhe apresentar o leque ligeiramente mais alargado de artigos que arranham a pele à disposição no estabelecimento: vim pó, palha d' aço, chapuz, esfregão verde, massa de polir grossa, esponja de lavar alcatifas, limpal e pó rex amarelo. Ah, e também lixa garnet grão quarenta, já me ia esquecendo.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Vou ausentar-me

Amanhã vou para a Irlanda e tenho que matar os ratos do quintal que era do meu primo que deus tem coitadinho tenho ratos no quintal ratos dum cabrão de uma casa que herdei de um primo meu coitadinho deus o tenha em descanso já deixei a gaiola da rola lavada e deixei lá uma porção grande de água e comida até mais não que amanhã vou-me embora para a Irlanda...

É verdade, minha senhora, e também tem um grande par de mamas e um soutien vermelho e um vestido preto tão decotado que tapa apenas metade das mamas e deixa à vista as alças do soutien.

Visões no feminino

Sendo homem: dobrar a espinha para apanhar o que me caíu ao chão acho que é um acto cavalheiresco, nobre até, fico toda eu bem impressionada e à noite sonho com um príncipe cheio de encanto.

Sendo mulher: dobrar a espinha para apanhar o que me caíu ao chão acho que é uma cabra reles que pensa que é mais que eu, olha-me esta feia do caraças que não se deve poder ver ao espelho senão ele parte-se e vem para aqui armar-se aos cucos!

A tal da idade

Ah e a senhora isto assim-assim e já viu aquilo ali, dona Gi...
Olha lá, trata-me por tu, está bem? Estou mais perto da juventude que da terceira idade, caríssimo mancebo...

Post vocal

O vocalista dos Maroon 5 não canta mas faz barulho, pronto. Com uma lixadora, faz barulho com uma lixadora. Continua a fazer as delícias de qualquer fêmea que atravesse aquele pátio, apresenta-se com pouca roupa, portanto.
Sou uma mulher de sorte, indubitavelmente.

Moeda de troca

O olhar era cheio de esperança: 'a ver se a senhora me safa...' dizia ele.

Ó meu amigo, eu não safo ninguém assim sem mais nem menos. Sempre há uma série de contrapartidas a que temos de dar alguma atenção...

A caixinha

Ter a caixa de comentários fechada liberta-me bem mais do que supunha. Ao sério, é porreiro. Posso mandar o primeiro ministro à merda... Sem ser metida no tribunal e depois condenada a pena perpétua. Posso dizer que o director lá da empresa é um grande filho da puta... Sem ser chamada a atenção e depois despedida. Posso mandar os árabes beber petróleo mas arrotar baixinho porque me dói a cabeça... Sem ser pilhada e linchada a seguir.
Posso dizer tudo, agora é que eu posso dizer tudo. Ninguém vai dar-me tau-tau nem nada.
Posso dizer tudo porque ninguém me pode dizer nada.

Uma fotografia por dia que bem iria... (87)

Olha só o que o meu computador novo faz! Estou tão feliz...
É favor visionar esta que daqui escreve de mãos postas no peito e com uma expressão cheia da mais pura felicidade. A felicidade é tão pura que eu mais pareço um anjo.
Estou aqui a pensar que não deve ser difícil imaginar-me com uma carinha angelical, eu que sou um poço bem fundo e abarrotado de virtudes.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Este é um post cheio de nobres intenções

Vá lá, anónimo, não chores mais, eu dedico-te umas palavritas, vá. Espera aí... anónimo, não, vou chamar-te alforreca, assim sempre se fica no feminino.
Ora bem, alforreca, começo por dizer que tenho cá para mim que podíamos ser amigas, tu divertes-me, tens montes de piada, e eu sou alguém a quem, sem  que o queiras, dás atenção. Se não concordas com a ideia, atenta nas afinidades que eu descobri: ambas sabemos que sou parva e escrevo banalidades desinteressantes, estimulamos a nossa imaginação mutuamente porque escrevemos com prazer e à farta, andamos pela internet aproveitando o que as modernas tecnologias nos proporcionam e, finalmente, despejamos opiniões inúteis porque só assim nos ligam. Grandes afinidades, portanto. Viste bem? Ainda vais acabar por gostar um bocadinho de mim. Um bocadinho, um bocadinho só. Vais, vais.
Mas há diferenças, olha só: eu sei escrever, tu não, a inteligência chega-te fraca e turva, não és capaz de aprender nada, irás sempre esquecer os acentos e as vírgulas, as frases amontoam-se no teu pensamento e depois escreves tão mal... Ai que horror, alforreca, ler o que escreves é uma atrocidade tamanha, revolta-me as entranhas e depois extravaso escrevendo posts como este.
Para além da revolta, o pormenor da escrita deficiente que produzes e aqui apresentas entristece-me, é uma pena que não saibas escrever. Se soubesses o estímulo seria muito maior, eu tentaria superar-te, fazer mais e melhor que tu, numa competição super saudável, mas assim o gozo é diminuto.
Alforreca, minha doida, deste-me umas ordens que não quero cumprir. Também aqui eu vou ser diferente de ti, vou dar-te conselhos. Aproveita a internet, mas aproveita-a bem. Cria um blogue e escreve nele o que te apetecer, assim mais ou menos como fazes no meu, só que no teu blogue mandas tu, tens as tuas próprias ideias desengraçadas só para tu leres. Percebes a diferença? Bem, talvez seja esperar demasiado que entendas.
Mas continuando, a ideia de criares o teu próprio espaço é porreira, experimenta. Os blogues, numa primeira instância, servem para masturbar o intelecto e acariciar o ego. A sério, é fixe. Escrever num blogue é masturbação intelectual, de vez em quando aparece alguém e diz-nos que escrevemos maravilhosamente, que lhes preenchemos o vazio de alma que sentem e deixam comentários muito honrosos. Depois ficamos com o ego lá nos píncaros com tanta coisa boa que lemos a nosso respeito. É tão bom! Se as pessoas estão a ser cínicas é o de menos, a gente sempre acredita em boas palavras, não é? Vá, faz isso, cria um blogue e espera fervorosamente que nunca apareçam por lá comentadores de tão baixa estirpe como tu.
Seguidamente apresento algumas das coisas fantásticas que me aconteceram hoje, acho que vais gostar. Lê só:

• Já inaugurei os saldos e fiz umas compritas: umas sandálias castanhas que me ficam muito bem nos pés e uma t-shirt amarela a condizer com o tom de pele dourado que trouxe do Mediterrâneo.
• Tenho nas unhas um sublime tom lilás iridescente. Se me lembrar amanhã ponho aqui a foto, está bem?
• Finalmente arranjei tempo e comprei aquelas forras para as cadeiras da minha cozinha. E não é que ficam mesmo a matar com o tapete? Que maravilha!
• Este é o post 3245 e pu-lo a negrito para te facilitar a vida, uma vez que és pitosga, só vês dum olho e desse olho não vês nada bem. Acho que ler em negrito te trará algum alívio.

E agora vou dar-te um desgosto. É uma vingançazita, tem de ser. Não vais poder comentar mais nada aqui! Oh... diz lá oh... É que eu não tenho leitores, tanto se me dá ter caixa de comentários ou então não.
Ah, ó alforreca, quando fizeres oh cheia de pena de não poderes descarregar aqui as tuas frustrações pessoais, cuidado não tenhas a boca aberta muito tempo, pode alguém aproveitar-se do facto e pôr alguma coisa húmida dentro dessa boca imaculada que tu tens. Vê lá não vá a coisa vomitar-te toda ou assim. Outro conselho de amiga, viste só? Vá, agora vai lá dormir e sonhar comigo, vá.

Uma fotografia por dia que bem iria... (86)

Loures, 14 de agosto de 2010

O regresso não foi nada fora da normalidade, o que significa que foi em grande. Estive com pessoas de quem gosto e de quem não gosto, vi coisas bonitas e feias. Estar rodeada de todo o género de coisas e pessoas significa que estou viva, o que é bestial. Nada diferente do habitual aconteceu, portanto.
Espera aí… A não ser o facto de ter o vocalista dos Maroon 5 em tronco nu e também descalço no meu pátio a manhã inteira, lixando e envernizando um móvel antigo. Não cantou mas ouviu muito jazz. Diante de tanta coisa comum de me acontecer isto foi algo invulgar, indubitavelmente.
A fotografia é só para desviar a atenção. É bem, estamos no pino do verão, ou estamos, até, um pouquito para lá do pino, e é já numa de saudades do verão que aqui deixo uma fotografia amarela.

Medos

Dizem sempre que não têm medos, que não são pessoas de ter medos. Medo eu?! Mas qual medo qual carapuça! Quem é que tem medo aqui, hã?! Isso é que era bom. Olha eu, medo...
Eu tenho medo. No plural: medos. Muitos. Mas o medo de dizer que tenho medo, esse não tenho eu. Sou uma mulher corajosa! Olha eu com medo de dizer que tenho medos… Era o que faltava!

domingo, 15 de agosto de 2010

Diário das férias cá dentro

Loures, 15 de agosto de 2010


As férias acabaram e o diário delas também. Não estou contente por regressar ao trabalho mas estou contente por mudar os hábitos. Tenho grandes saudades de ver pessoas que não me digam respeito directamente, pessoas do bom-dia, boa-tarde, como vai, bem obrigada. Tenho saudades da passividade, de ver olhos que falam e bocas que dizem. E também  tenho saudades dos gestos e expressões porque são muitas as vezes em que dizem mais que as palavras.
Nos últimos três ou quatro dias tenho sentido um grande entorpecimento de palavras pensadas ou ditas. E até as escritas, estou a notar agora, por isso hoje fico-me por aqui.


Ah, as minhas férias foram fantásticas. Para o ano há mais.

sábado, 14 de agosto de 2010

Canção de Verão (Roupa Nova)

Saloiada, 11 de julho de 2010
É como um sol de verão
Queimando no peito
Nasce um novo desejo
Em meu coração


É uma nova canção
Rolando no vento
Sinto a magia do amor
Na palma da mão

É verão !
Bom sinal !
Já é tempo
De abrir o coração
E sonhar...

Fonte: vagalume.com.br

Sonho

Sonhei que tinha o braço partido. Doía horrivelmente, eu tentava não fazer caretas por causa das dores, disfarçava para não ser mariquinhas, mas não conseguia. As dores eram tantas que toda eu me contorcia.
Entretanto acordei, quis virar-me e vi-me com o braço todo torcido debaixo de mim. Não que o tivesse partido mas as dores não eram sonho nenhum..

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Diário das férias cá dentro

Vi filmes e séries...
Não que tenha sido um dia chato, foi morno, isso sim.

Uma fotografia por dia que bem iria... (85)

Albernoa, 1 de agosto de 2010

Voar deve ser a coisa mais libertadora que existe.

Dias de um ginásio

O meu professor de stretching arranjou maneira de o ter sempre na lembrança nos próximos dois dias. Dói-me o corpinho todo por causa de tanto me esticar. Toda eu sou uma dor, aliás.

Lavadela

Acabei de lavar uma t-shirt com detergente da louça.
Achei que devia partilhar esta notícia acerca da minha pessoa singular e dos meus afazeres super interessantes.

Ervilhas e estendal

Eu estava a fazer ervilhas com ovos e a minha vizinha do lado viu-me a despejar a água da lata das ervilhas... Não é mau de todo, é pior quando ela me vê a pôr a louça a secar no estendal...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Dentuça

Quando era miúda e tinha dentes a abanar achava que uma boa solução para os fazer cair era comer um caramelo. Este colar-se-ia aos dentes e quando eu abrisse a boca, teria de ser com muita força e também coragem, o dente já quase despegado ficaria agarrado ao caramelo.
Nunca tive coragem de fazer, sempre fiquei careca dos dentes pelas vias naturais, nada de amarrar uma linha ao dente abanico e a uma porta que se abriria bruscamente nem nada. Nem o caramelo, também não. Antes empurrava com a língua até mais não e sempre me safei, não restou nenhum dos de leite. Estou aqui a lembrar-me que de manhã era mais fácil, sempre acordamos um pouco dormentes...

Uma fotografia por dia que bem iria... (84)

Loures, 12 de agosto de 2010
É lindo isto aqui!

13:46

Este é o décimo post de hoje. Se calhar era melhor ficar por aqui. Era!

Diário das férias cá dentro

Quando disse que não tinha mais nada que fazer senão lavar cortinas e naperons e toalhas, esqueci-me dos vidros. Não há vidro, vidrinho ou espelho que não tenha levado uma esfrega este mês.
Há sempre novidades, bem vistas as coisas.

Está frio! Está calor! Ui que frio! Ui que calor! Tenho frio! Tenho calor! Ai que frio! Ai que calor!

Rego da Murta, 24 de Dezembro de 2008
Numa de apaziguar os grandes calores dei por mim imaginando-me envolta no meu casaco vermelho quentinho, tão quentinho! Pensava naquela gola chegadinha ao pescoço, aconchegando-me, eu a aquecer, a aquecer...

Oh, não serviu para nada!

Adeus

Sempre que se despede de mim ao telefone a minha mãe tem um embargo na voz que me comove.

A caneca de café com leite

Mescla de cores e sabores
- Gosto tanto de ver isto! As cores a misturarem-se.
- Sim, é engraçado.
- Eu sou assim, um gajo que gosta destas coisas...
- Sei como é.
- Tira uma fotografia.
- ...
- Não queres?
- Quero!

Ligar a pormenores sem importância é comigo. Mas há mais pessoas assim...
Não acho que ligo a pormenores que ninguém liga, não tenho essa presunção, não me acho diferente ou com ideias originais. Apenas acho que ligo aos pormenores, e depois tenho a (presumível) particularidade de os divulgar, só isso.

Mais uma coisita

Uma das regras fundamentais para blogueres como eu, que têm a mania que escrevem - não é ter mania que sei escrever, é ter a mania que escrevo, note-se - é não tentar escrever 'bem'. Não tentem escrever 'bem', caros blogueres, isso soa a muito, muito falso. É melhor assim simplezinho, sem muita palavra luxuosa, com palavras que toda a gente entende. E escrever sobre as coisas simples da vida como o frio ou o calor, porque não? Ou até da sexta-feira treze já tão próxima, vá. A mim não me interessa mas há por aí muita gente cheia de medo destas coisas e no mundo felizmente há pessoas para tudo, para todas as ideias, para todos os sentimentos. É por isso que a vida é sempre tão interessante.

Coisas

Não sei.
Não sei se é 'tem que' ou 'tem de'.
Não sei quando devo fazer parágrafo.
Não sei se sei.
Faço mal quando releio o que escrevi.
Sempre encontro erros, na maioria erros de digitação.
Sempre alteraria o já escrito.

Está frio! Ui que frio! Tenho frio! Ai que frio!

O calor abalou. Temos frio por agora. Por mim é bem vindo, assim anda-se e está-se bem melhor.
Hoje na blogosfera o tema vai mudar, toda a gente falará da brusca mudança de temperatura que todos sentimos. Amanhã falar-se-á da sexta-feira treze. Mas eu cá não sei se farei algum post disso, não é bem o meu género, eu é mais acerca do tempo que faz.
É asim... a malta tem é que falar e escrever. E tem de ser sobre alguma coisa actual, não é? Já que águas passadas não movem moinhos...

Diário das férias cá dentro

No Metro entrou uma mulher cega. Tinha sono, estava sempre a bocejar. Dei por mim a pensar que nunca me tinha lembrado que os cegos dormem, se calhar tinha a ideia de que os cegos não dormem por estarem sempre imersos em escuridão.
Aproveitei-me do facto de sabê-la cega para olhar sem receio mas comecei a ficar um bocadinho apreensiva, parecia que a mulher estava a olhar-me directamente nos olhos, que me observava como eu a ela. Foi muito esquisito.
Entretanto, depois de tanto olhar para a mulher tive a certeza que era cega. Saíu do comboio algo titubeante, indecisa, sem rumo. Presumi que não cegou há muito tempo, ou então não está habituada a andar de Metro, ou não costuma andar sozinha. Tudo suposições, claro.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Diário das férias cá dentro

Tenho visto filmes. Poucos, apenas três. 'O Diário da Nossa Paixão', 'Procurado' e 'O Véu Pintado'.
O 'Diário da Nossa Paixão' vi-o pela curiosidade de ver um filme baseado num livro que li recentemente. O livro é muito melhor, o filme não mostra aquele amor cândido que o livro deixa transparecer. Não é que não tenha gostado do filme, gostei um bocadinho, vá.
'Procurado' é um filme de acção muito fantasioso, há cenas em balas descrevem curvas e se esborracham uma na outra e também por lá aparece alguém que entra dentro de um carro em alta velocidade. Mas é giro, vale pelo trabalho que deve ter dado fazer as cenas e pela imaginação do realizador. Eu é que não acho assim lá muita piada a este tipo de filme.
'O Véu Pintado' é um filme muito bonito, conta a história de um homem e uma mulher que se casam pelas razões erradas e vão viver para Xangai numa altura de epidemia. Gostei muito deste filme mas tenho pensado porque raio lhe puseram este título... É que em altura nenhuma se menciona ou aparece um véu pintado... Deve ser uma metáfora mas mesmo assim não vejo relação.

Uma fotografia por dia que bem iria... (84)

Loures, 11 de agosto de 2010

Estou estupefacta! O meu molotof, além de aquecer de sobremaneira  minha cozinha, cresceu e manteve o tamanho. Viva, está lindo, nem apetece desmanchar para comer. Assim já tenho fotografia para um dia em que ainda não saí nem para despejar o lixo.

Chi-coração

A palavra chi-coração está no diccionário online Priberam. Achei tão engraçado... Eu imaginava que se escreveria xi-coração mas concordo que assim é mais à portuguesa.
Não sou contra o acordo ortográfico, compreendo que a mudança existe. Amo demais a escrita para achar que a evolução lhe esteja vedada. Afinal o português já sofreu inúmeras alterações ao longo dos séculos, porque não mudar?
Não sou contra o acordo ortográfico mas já fui. Entretanto compreendi que era contra por puro comodismo, por me sentir perdida não sabendo se estou a escrever sem erros. Aceitei a ideia e entretanto tomei a decisão de escrever o português como sei escrevê-lo. E pronto. A minha ortografia continua igual... Mas venha de lá esse acordo, seja! Quer dizer, ele chegar já chegou, eu é que só hoje me lembrei de escrever estas coisas.

Cheira bem

Tenho um bolo no forno e estou arrependida. Agora tenho dois fornos, o forno propriamente dito e a cozinha que é (e está) por si só um grande forno.
Mas lá que cheira bem, cheira...

Chamada

Agora no centro de saúde há uma voz que chama as pessoas mas pelo nome todo. Eu detesto o meu nome! E assim toda a gente o vai ouvir alto e bom som... Que horror!
Para se atendida tive que tirar um senha, inserir o número de utente e depois ouvi
uma voz daquelas computadorizadas chamar-me:

Senha dê doze ao balcão quatro, Virg...

Ler aqui porque não gosto do meu nome.

Diário das férias cá dentro

Na camoineta viajava uma mulher sardenta de leque na mão. Fechava e abria o leque sem cadência e abanava-o no entremeio. Agradável, o som do leque a fechar, é assim como dizer muitos érres: trrrrrrrrrrr!
O som do leque misturava-se com a música vinda do rádio, quando lhe prestei atenção era a Fafá de Belém a berrar o Amor Cigano:

Vida minha, vida minha
Meu coração cigano
Como posso me enganar
Fingir que não te amo
Vida minha, vida minha
Não me deixe agora Logo quando eu mais preciso de você
Diz pra mim que não deixou de me querer


Depois veio a Sandy e o Júnior, cantando a Lenda da Paixão:

Se a lenda dessa paixão
Faz sorrir ou faz chorar
O coração é quem sabe
Se a lua toca no mar
Ela pode nos tocar
Pra dizer que o amor não se acabe!


Esta última canção é um dos meus guilty pleasures porque a canção não vale um chavo e eu gosto de a ouvir. Enfim...

Fonte dos trechos das canções: vagalume.com.br

Sonho

Esta noite tive a minha cabeça dentro da bocarra de um cão gigante. Acordei cheia de medo e de tremores, o que vale é que tinha ao meu lado alguém que me ama profundamente e se dispõe a aturar estas parvoíces que me perseguem há uma data de meses.

Diário das férias cá dentro (e também) Dias de um ginásio

Para tornar os meus dias ainda mais parecidos, estava o mesmo carro, no mesmo parque de estacionamento, com o mesmo rapaz lá dentro. No ginásio calhou-me o mesmo cacifo, a mesma toalha rota. Bem, se era a mesma toalha não sei mas lá que estava rota como a do dia anterior estava.
Para variar apenas, vi um homem todo nu no duche na zona da sauna e banho turco. Senhor utente, ali é a zona mista e a zona onde se pode tomar banho à vista de todos, compreendo, mas a moralidade deste país não permite que se ande nu em sítios públicos, é um atentado ao pudor. Mas valeu pela diferença entre dias que se parecem em muito.

O mesmo homem veio depois sentar-se no mesmo espaço em que eu estava apontando num papel estas coisas engraçadas que acabei de escrever. Sorriu-me. Fiquei abismada nem sei bem porquê e não consegui retribuir o sorriso. Continuei na minha escrita cheia de interesse e escrevi mais uma série de parvoíces que hão-de ser publicadas ainda hoje, assim espero.
Fui fazer os meus exercícios. De seguida entrei na sala de stretching... e lá estava ele, o mesmo homem. Além de sorrir novamente ainda me diz um olá amistoso. Não fui capaz de não sorrir... Ok, ok, os dias são diferentes. Oh, se são!

Dinheiro

Não tem moedas? Perguntou-me o homem da caixa para lhe facilitar a vida.

... Não!

Desculpe, tem sessenta cêntimos, por favor? Perguntou-me um rapazinho fingindo-se desgraçado.

... Não!


Deixei cair dez cêntimos no Pingo Doce que rolou para baixo duma pateleira lá muito ao fundo. Oh pá...
(Fungadela profunda.)

Ousadias

Ter uma mochila às costas é porreiro quando estamos numa fila de supermercado e há aqueles borregos que se encostam. Assim, encostam-se à mochila.

Eh pá, tira-me essa merda da frente! É o que me apetece dizer sempre que põem no meu caminho aquelas publicidades de bruxos ou de clínicas dentárias.

Tem calma

Sou uma mulher que não possui o privilégio de poder descontrair. Descontrair tira-me a calma.

Está calor! Ui que calor! Tenho calor! Ai que calor!

Em termos blogosféricos o calor tem sido assim mais ou menos como uma data capicua - toda a gente faz post disso.

Achado

Encontrei um papel no chão. Curiosa obedeci e apanhei...


... E virei a folha.



A quem escreveu este recado engraçado devo dizer que ainda não morri. E sei que hei-de morrer num amanhã qualquer. AH! AH!  =)

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Diário das férias cá dentro

Posso dizer que estou cansada das férias. 
Não tenho nada que fazer a não ser limpar e arrumar armários, lavar cortinas e naperons e toalhas, almoço, jantar, bolos, lavar roupa, estender e apanhar e engomar e dobrar e arrumar a roupa, ir ao ginásio e ao pão e à fruta.
Não tenho companhia, não tenho carro, não há condições atmosféricas, é-me difícil andar por aí à torreira e tal é uma tormenta desnecessária.
Estou cansada principalmente porque me falta o assunto. Adoro escrever, não saindo daqui já se vê, não há sobre o que escrever. E depois, como estou aborrecida, mesmo este assunto que agora escrevo não tem viço, é forçado. Isto das férias cá dentro já perdeu fulgor porque os dias são, não iguais, mas muito parecidos.
E agora vou sair, ao ginásio.

Blá Blá Blá

Olha quem está aqui, diz-me um homem que só percebi ser meu velho conhecido uns poucos segundos depois. Fiquei muito espantada, reconheceste-me? Sim, diz ele, agora que te vi de frente.
Depois, como que desculpando-me pelo espanto excessivo, até porque a abordagem dele se explorada pode perceber-se uma certa lisonja, digo-lhe que pois, estamos um bocado diferentes. Mas acho que se notou qualquer coisa no meu olhar, qualquer coisa diferente, um tudo-nada diferente... Porra meu, estás gordo, pá! Chiça, ó Manuel, andas a comer fiado, ou quê?! Bolas, é que estás redondo! Já te viste ao espelho? A cama lá de casa ainda se aguenta? A banheira não grita quanto te enfias lá dentro? Como é que consegues encontrar roupa que te sirva?

Tudo coisas assim, o que o meu olhar transmitia... Conversa de gordos, digamos, sem desprimor para os mesmos, bem entendido. Um gordo é um gordo, uma gorda também, também é uma gorda. Os gordos têm nome, o deste é Manuel.

Dantes

Santo António dos Cavaleiros, 9 de maio de 2009
Dantes vinha aqui. Fazia-me bem, saía confortada pelo nenhures, pelo isolamento, até pelo desamparo do sítio. Estar comigo fazia-me bem e ia ali só por isso. Fazia bem,  agora não. Agora nem procuro estas coisas da solidão, antes fujo.

Bolo de bolacha

Quem ensinou à minha mãe a receita do bolo de bolacha, era eu uma garotinha de uns nove ou dez anos, foi a minha prima Francisca Amélia.
Engraçado, não? Ah, que na província chega tudo já fora de horas, ah que é aqui que as coisas acontecem e afinal... E estou a falar de algo que sucedeu há mais de trinta anos, e não do presente em que há estas coisas de internetes e todos estamos à distância de um clique, seja para procurar receitas, entregar o irs, saber da família, basta clicar.
A minha prima Francisca Amélia veio passar uns tempos lá em casa para tentar arranjar um emprego decente, porque se tinha a ideia de que aqui havia mais possibilidades. Haver, havia mas havia alguns poucos decentes, digamos. Lembro-me de um dia ela ter ido a Lisboa à Rua Morais Soares responder a um anúncio. Não me lembro se esse anúncio era dos indecentes mas acho que sim. Lembro-me de na minha mente infantil ficar toda entusiasmada por ela ir a uma rua de Lisboa que eu nem nunca sequer tinha ouvido falar.  Onde seria? Como seria? Teria muitos carros? Mal sabia eu que poucos anos depois essa rua faria parte do meu quotidiano percorrendo-a em vindo trabalho. Hoje  também faz parte do meu quotidiano laboral mas é mais numa de gastar a hora de almoço do que para trajecto.
A minha prima Francisca Amélia também veio para cá a ver se esquecia um grande amor. Dessa parte pouco sei, lembro apenas de ela ouvir na rádio aquela canção dos Abba: 'Fernando' de de ficar muito nostálgica pensando no amor mas querendo esquecê-lo. Esse amor chamava-se Fernando.
Era muito bonita, a Francisca Amélia, teve uma carrada de pretendentes ali no Pinheiro,  alguns muito 'pretendentes' mesmo mas por nenhum se apaixonou.
Um dia deixou-nos, afinal o emprego decente não se deixou apanhar, não tenho a ideia de ter sequer arranjado algum dos bons.
Quando ela partiu senti-lhe a falta. Ela enchia a casa, era muito viva e aquele carregado sotaque alentejano tornava-a graciosa.

Do que eu me fui lembrar por causa de um bolo de bolacha...

Estou velha e tenho um carro pequeno

Comprei dois pufs. Os miúdos ao tempo que queriam um, principalmente a rica filha, e como andamos numa de deitar o sofá da sala fora uma vez que está para lá de usado e os pufs estavam baratos, toca de comprar logo a dobrar.
Resultado, foi um problema enfiar aquilo no carro. E sempre que me enfio num puf concluo que não é para a minha idade. É confortável, é sim senhor, é anatómido, é sim senhor, molda-se ao corpo, molda-se sim senhor, mas custo tanto a levantar-me...

Uma fotografia por dia que bem iria... (83)

Loures, 10 de agosto de 2010
Há tempo publiquei um post, a 20 de março deste ano mais precisamente, onde me indignava com a nova moda:

Há pelas lojas toda uma parafernália de t-shirts estampadas com caras de mulher.
E eu lá quero andar com a fuça de uma gaja qualquer em cima das mamas?! Quem terá inventado tal coisa?


Entretanto tive a brilhantíssima ideia de mandar estampar a minha própria fuça numa t-shirt, aliás, duas mas gosto mais desta. Preparei as imagens, dei às duas uns toquezinhos de artista e devo dizer que me deram uma trabalheira do caraças e depois: 'Menina, estampe aqui estas imagens maravilhosas, por favor, sim?'
É verdade que ando com a fuça de uma gaja em cima das mamas, mas não é uma gaja qualquer, sou eu mesma, logo... o caso muda bastante de figura, a meu ver.

Diário das férias lá fora


Em viagem, destino Lar Doce Lar, 2 de agosto de 2010


E pronto, acabou-se o diário das férias lá fora... Chegámos, muitas saudades, muito gosto em rever as nossas coisas e muito, muito cansados. Tudo em muito. As férias continuariam mas cá dentro como, aliás, se tem visto neste blogue.

Diário das férias lá fora

Albernoa, 1 de agosto de 2010

Então não tiras uma fotografia além ao moinho, perguntou o meu pai. Tirei, clique.
O meu pai é criativo nos moinhos que faz.



Uma mulher colocava um produto qualquer num pedaço de cimento à entrada de casa. Enquanto me embrenhava nos cliques, senti uma cotovelada. Era o Luís, olha aí, diz ele. Ao meu lado, bem escondido pelos arbustos, estava um homem sentado num banco a olhar para mim. Afinal eu tirava fotografias a uma mulher numa pose que no mínimo era estranha. Fingi que não vi e tal e continuei o meu caminho. Mais à frente olhei para trás, o homem aproximara-se do meu modelo fotográfico e falava-lhe. Ela olhou para mim o que me levou a imaginar que o homem lhe terá dito: 'já viste aquela magana dum cabrão a tirar-te fotografias ao cú?!'



Fomos à Herdade da Malhadinha comprar vinho. É um lugar lindíssimo! Só visto.



As fofas servem para fazer chá. Trouxe um bocadinho mas ainda não fiz o chá. Está muito calor para chás...




Estes são os palitos da casa. Lá em casa ainda se chamam 'escarafunchas' aos palitos. Estes são aproveitados dos fósforos usados. Há que reciclar, se bem que eu acho que o meu pai tem a paciência de cortar as cabeças de fósforo e de afiar a extremidade oposta numa de poupança e não numa de recilcagem.



O pôr-do-sol no Alentejo é simplesmente arrebatador...



Esta é uma estrada que o meu pai ajudou a contruir na sua juventude.



Em Beja também há espaço para o amor escrito nas paredes.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Diário das férias cá dentro

Ontem andei às voltas para lembrar factos interessantes (?!) que pudesse relatar neste meu diário que caduca não tarda nada. Não encontrei mais nada para além do que escrevi. E hoje já me lembrei de montes de coisas que ao longo do dia vivi e pensava e me lembrava logo a seguir: 'tenho que fazer um post disto, tenho que fazer um post daquilo, ah e tenho que fazer um post assim-assim'.
Esta vida de bloguer é por vezes muito cansativa, quero escrever tudo e na hora não me lembro de nada.
Sei que está a fazer-me falta sair e ver pessoas. De momento estou naquela fase em que não me ocorrem as palavras para escrever o que quero dizer. A musa abandonou-me ou então está de férias como eu.
Estou cansada, preciso sair daqui e ver pessoas, ouvi-las, mirá-las bem e depois despejar aqui as minhas pobres e cruas opiniões.
Mas, e ainda assim, ainda com todo o amor que tenho e dedico à escrita, ainda que saiba que é forçoso sair do ninho para ter o que escrever, se pudesse nunca mais sairia daqui.

domingo, 8 de agosto de 2010

Restolho

Queria terminar o dia em termos de escrita com um post não belo ou bem escrito mas um post de jeito, um post que me agrade, vá. Que raio vou escrever? 
Que sou feliz? Não tenho sido. Que sou infeliz? Também não. Estou algures ali no meio, buscando a felicidade ao mesmo tempo que lhe dou bofetadas para a afastar. É isso. 
E com tudo isto lá escrevi um post daqueles que não dizem nada.

Sonho

Fartei-me de sonhar esta noite, aparentemente não tinha mais nada que fazer.

...

Cada um é para o que nasce e eu não queria nada ter nascido para isto.

Harry Potter

A rica filha anda a ler, e a reler, os livros do Harry Potter em ritmo alucinante. Mas é que anda mesmo, ora em formato livro normal, de papel portanto, ora em formato PDF e redigido na língua inglesa, que assim até dá para teinar a língua e tudo. Conta ao mano as cenas a ver se ele lembra, o que na maioria das vezes não acontece. Aponta os nomes numa lista para mais tarde fazer uma família no Sims. E mais toda uma série de coisas mirabolantes.
Há pouco falava-se da previsão dos Maias de que o mundo acabará em 2012 e ela ficou aliviada quando constatou que se tal vier a acontecer ainda vai dar tempo de sair o próximo filme bem como de ela assistir ao mesmo...

Diário das férias cá dentro (e também) Uma fotografia por dia que bem iria... (82)

Mafra, 8 de agosto de 2010

De manhã fui a Mafra, localidade que conheço bem mas que sempre gosto de visitar. Já que ando sempre de mala tirei esta fotografia e mais não sei quantas. Nem sei quantas vezes terei já tirado fotografias a esta escada.
A pastelaria onde tomei o pequeno almoço tinha na montra umas parras enormes. Na próxima vez que la for trago uma e tiro-lhe uma fotografia! Antes de ser comida, claro. É que são mesmo grandes...

Ah, o Senhor Blogspot modificou umas coisitas no modo de publicar o texto e as imagens. A partir de agora o local e data das fotografias aparecerão logo por baixo da imagem, quanto mais não seja para mudar um bocadinho as coisas por aqui.

Diário das férias cá dentro

Gostas de amoras?
Vou dizer ao teu pai que já namoras!
É dia oito do oito e já choveu. É tradicional chover em agosto. Eu por mim andei à chuva apanhando amoras

Desculpa lá...

Os leitores desculpem a catrefa de posts que tenho publicado desde que cheguei de férias (segunda-feira passada) mas é que sou uma bloguer impaciente porque sou uma mulher muito imapciente. Para começar não costuma andar por aqui muita gente, o que me faz perder um pouco mais (ainda) a paciência. Esse facto faz-me pensar que é inútil publicar um postzinho de cada vez e tal para dar tempo às pessoas a ver se lêem e coiso... Mas há mais, há a vontade que (sempre) tenho de escrever e que também me impacienta um bom bocado e quero escrever tudo, tudo, tudo e enquanto não escrevo e publico tudo e tudo e tudo não descanso!

Desculpem lá, sim?

sábado, 7 de agosto de 2010

Sei




Sei que não devo estar ansiosa com coisa nenhuma. Que isso atrofia não me deixando viver em liberdade.
Sei.
Mas não sei para que me serve saber estas coisas se não consigo aplicá-las à minha vida.


Diário das férias cá dentro


Agosto, calor, apaziguamento... Férias, claro está! Pois a malta vai falar e escrever de quê se é o que se vive agora? É um pouco como falar dalgum terramoto ou dum tsunami quando ocorrem. Tudo tem alguma coisa a dizer, a acrescentar ou até a criticar, pois claro. É assim também neste mês, fala-se das férias porque estamos em agosto e metade do país está parado, a torrar ao sol, a fazer churrascos, piqueniques, a beber canecos e bejecas, a comer que nem uns abades, em suma: neste mês metade do país não faz a ponta dum corno.
Eu cá falo e escrevo de férias sem medos!

Há pouco tocaram à campainha. Hum, quem será, pensei eu, será alguma visita para mim, pobre e abandonada criatura terrestre?
Não era. Era um casal que vinha de visita aos meus vizinhos de cima, tinham-se enganado no andar. O homem trazia um alguidar tapado com folha de alumínio e a mulher trazia um tacho e um saco cheio de géneros alimentícios, só podia ser. Fiquei toda tremeliques, já estou de férias há tanto tempo que nem me lembro como é estar e falar com pessoas - como se algum dia tivesse sabido...
Depois de lhes dizer que as pessoas que procuravam certamente estariam no andar de cima fiquei com pena de, numa de quebrar o gelo, não lhes ter dito para seguirem caminho mas deixarr aqui o tacho... Eles iam rir por simpatia mas deixar o tacho é que não. E eu não ia sentir tremer-me as varetas porque teria dito uma piada. Sem interesse mas seria uma piada.
De vez em quando, outras vezes amiúde, os meus vizinhos de cima recebem visitas e uma das pessoas ri-se muito alto. Logo a seguir ouvi lá em cima um riso estridente já meu conhecido. Hum, acho que a mulher do tacho é aquela a quem eu chamo a vaca que ri...


Sonho


Sonhei que ido de férias (?!) e que me tinha calhado como vizinhos de cima os meus barulhentos vizinhos de cima e que tinha levado como companhia alguns familiares daqueles que por esta altura devem julgar-me morta uma vez que não me ligam nenhuma, para eles já nem devo existir.

Não é o máximo?


Recado aos ricos filhos


- A mãe não vem almoçar. Ponto.

- Arrumar a louça suja. Impreterivelmente.

- Despejar o lixo.

P.S.
A mãe não vem almoçar mas vós podeis fazê-lo.


Mãe


Estou habituada a escrever, a comunicar na forma escrita, e tornou-se comum para mim buscar criatividade quando escrevo. Não quero com isto dizer que o recado acima é um texto de elevada qualidade, apenas quero dizer que mesmo quando escrevo um simples recado tenho como hábito escrever gracinhas...

Do Verão, do calor, do nada que fazer...




Os ricos filhos acharem piada ao meu verniz é um grande momento de felicidade.

24





Hoje faço 24 anos de namoro. Acho que achar que ainda namoro é porreiro...

Livros



Levei três livros para ler nas férias lá fora.

  • 'A mulher que partiu' de Josephine Cox

  • 'Querido, estás a ouvir-me? ... Então repete o que acabo de dizer.' de Nicole de Buron

  • 'Não tenho culpa de ter nascido tão sexy' de Eduardo Mendicutti


Não porque os lesse todos, sabia de antemão que tal não aconteceria, mas antes porque se levasse vários sempre teria hipótese de escolha caso não gostasse de algum. Óptima ideia, o primeiro dos três que já levava daqui iniciado não me estava a agradar, continha uma prosa cheia de prevesibilidades. Vi logo, não o final, mas sim o enredo. Desisti da leitura. Abomino prevesibilidades, acho que tira todo o gosto à leitura e a todas as coisas, até porque o melhor da vida são as surpresas.
Optei pelo terceiro da lista acima. Conta a história de um transexual que no auge da glória se decide pela vida santa um vez que a velhice e tudo a que ela corresponde está-lhe bem próxima, já passou um bocado dos quarenta. Cai em si e decide tornar-se santa, empreendendo uma grande viagem com estadia em igrejas, templos e mosteiros, acompanhada de um homenzarrão com o mesmo desejo.
É um livro muito engraçado e interesante, a personagem possui características próprias de um ser transexual: profano, extravagante, espampanante. Para além disto, o cenário do livro é na região onde estava de férias. Esse facto acabou por pesar na continuação da leitura.
Ainda o estou a ler, não leio rapidamente.


Nota: o segundo livro da lista fica para depois.

Fotografia: Marbella - Parque Comercial La Cañada, 27 de julho de 2010

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (81)




Duas da tarde, grande caloraça aqui em Loures. Não há movimento e o calor tem alguma culpa disso mas não é só pelo calor, é que está-se de férias, é agosto e não está cá quase ninguém.
A juntar à temperatura do ar elevada não corre vento nenhum, nem brisa sequer. Ufa, hoje sofri calores horrendos. Agora acabou mas amanhã há mais.

O 'corre vento' lembrou-me o povo alentejano do qual descendo. Os meus pais dizem isso, que não 'corre vento nenhum', que 'nem bole vento'. Deste tipo de calor dizem que 'está cá uma calma!'. E da frescura matinal referem-se como sendo uma 'brandura' porque o calor abrandou.
É caso para dizer que o povo alentejano é mesmo cheio de calmas e branduras.

Loures - Rua Francisco Soromenho, 6 de agosto de 2010


Diário das férias lá fora

Em viagem, destino: Albernoa - Portugal, 31 de julho de 2010


Era melhor ir por Ronda, afinal Málaga tinha uma via cortada, aquela que vai dar a Algeciras, se bem que no sentido oposto à nossa ida, mas assim sempre se fugia a confusões e se viam paisagens tão bonitas como esta. Além do mais, ali o ar é serrano e portanto fresco, bem bom para viajar de carro.



Escala puramente casual em Algodonales. É uma vila muito bonita, ainda bem que parámos. Tirei fotografias até mais não. Os ricos filhos riam-se do meu à-vontade para clicar. Enfim, uma artista nunca é vista com bons olhos pela família...







De volta à estrada. Entretanto a paisagem mudara, entrávamos agora no coração andaluz.



Paragem para almoçar no sítio que já começa a ser costume. Mais fotografias, montes delas.




Ai que placa tão linda a dizer Portugal...



E Portugal deixou-se ver!