Olha quem está aqui, diz-me um homem que só percebi ser meu velho conhecido uns poucos segundos depois. Fiquei muito espantada, reconheceste-me? Sim, diz ele, agora que te vi de frente.
Depois, como que desculpando-me pelo espanto excessivo, até porque a abordagem dele se explorada pode perceber-se uma certa lisonja, digo-lhe que pois, estamos um bocado diferentes. Mas acho que se notou qualquer coisa no meu olhar, qualquer coisa diferente, um tudo-nada diferente... Porra meu, estás gordo, pá! Chiça, ó Manuel, andas a comer fiado, ou quê?! Bolas, é que estás redondo! Já te viste ao espelho? A cama lá de casa ainda se aguenta? A banheira não grita quanto te enfias lá dentro? Como é que consegues encontrar roupa que te sirva?
Tudo coisas assim, o que o meu olhar transmitia... Conversa de gordos, digamos, sem desprimor para os mesmos, bem entendido. Um gordo é um gordo, uma gorda também, também é uma gorda. Os gordos têm nome, o deste é Manuel.
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