terça-feira, 30 de novembro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (161)

Lisboa, 30 de Novembro de 2010

Tenho um jovem cliente, se é que posso chamá-lo de cliente, que todos os anos em chegando a época natalícia me faz as mesmíssimas perguntas acerca de lâmpadas pisca-pisca das séries de Natal, coisa que já nem se fabrica.
O Filipe é um bocadinho infantil, se calhar dizer bocadinho é pouco, porque o deslumbre que tem por tudo o que é natalício, principalmente as luzes de Natal, é de sobremaneira. Decora toda a varanda com uma mangueira de luzes e uma roda enorme que pisca e pisca e pisca, a ritmos variados.
À parte natais e afins, o Filipe demonstra fascínio por interiores de fechaduras, chaves em bruto que receberão cortes no futuro, composições de detergentes e outras coisas.
Ontem descobri que sou igual ao Filipe, sem tirar nem pôr. Eu também gosto que se farta de conhecer os meandros de todas as coisas: interiores de fechaduras e identificação de chaves - a parte do deslumbre enquanto material em bruto já perdeu brilho... -, composição e fabrico das mais diversas coisas e... luzes de Natal. Acenderam-se - finalmente! - as luzes da espécie de árvores que estão montadas há algumas semanas na avenida Almirante Reis (Lisboa) e eu fiquei boquiaberta olhando as luzes saindo dos tais pufes, soltando exclamações de prazer infantil, de mãos juntas como que agradecendo - não sei muito bem a quem ou a quê... - a fantástica visão com que era agraciada. Quis logo tirar fotografias, não consegui e fiquei tristíssima. Outra infantilidade... Se bem que hei-de tirá-las e publicá-las, olaré!

E agora pergunta o leitor: então e o Filipe, as luzes da fotografia serão as da casa dele? Não, caríssimo leitor, não são. A arte suprema que se vê na fotografia é da autoria de alguém que todos os anos faz estas decorações simplesmente maravilhosas. O ano passado a criação deste mestre também foi captada por mim, ver aqui.
Acho que o mestre o ano passado estava mais inspirado...

Ah, já agora e tal e coiso, alguém sabe onde é que foi tirada esta fotografia?

Lisboa, 30 de Novembro de 2010

Amanhã é dia 1, um novo mês.
A próxima vez que mudar o mês será um novo ano, o qual virá cheio de surpresas, a ver se não varia.

...

... a c h e i   d o i s  c ê n t i m o s ! ! !

Notícias do pé de gesso e associações

O rico filho caiu três vezes na escola! ... Não se aleijou, felizmente. E levantou-se  sempre sozinho.

Conselhos existentes na folhinha de orientação aos pais dos meninos com ossos partidos:

Beber leite todos os dias promove o fortalecimento dos ossos!

(Hum, o rico filho bebe 700 ml diariamente, chegará?!)

Andar de bicicleta ou de skate exige o uso de capacete!

(OK... E jogar futebol?!)

?!

É por umas e por outras que eu digo que ninguém me liga.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Passeio

Quando reparam em mim chamam-me maluca, sei que sim. Tenho uma extensa hora de almoço e aproveito para passear e principalmente espairecer. Passeio ao frio e à chuva, haja o que houver. Passeio ao sol e ao calor também, em tempo disso. Não suporto estar fechada, é tão insuportável que fico doente se permenecer enfiada naquele sítio. Asfixio, o chão foge-me, a minha cabeça rodopia.
Chamem-me maluca se quiserem. Estarão em cima da verdade sem o saber.

Aquela pessoa

Há aquela pessoa que vês dentro da sua própria casa. No quarto, sentada na cama, vendo TV. Imóvel. Vê-se da rua numa janela rente ao chão, mora numa cave. Em dias menos frios apoia-se na pequena janela e entretém-se a ver passar os pés das pessoas junto à sua cara pálida. Tu cumprimenta-la, impreterivelmente. Ela analisa-te os pés e as passadas enquanto responde ao cumprimento, impreterivelmente, por sua vez.
À luz da televisão, da cara vê-se apenas uns contornos, no sítio dos olhos dois buracos negros e a boca é uma linha fina e transparente. O conjunto tem uma expressão tão séria e tão ruim que se torna grotesca. A mulher mete medo ao susto. Ao susto e a ti... É a comunista, é como ouves chamarem-lhe. Não sabes se é comunista mas sabes que aquela pessoa parece uma bruxa fantasmagórica. Parece e é bem capaz de ser.
Um dia esta bruxa aparecerá morta, deitada na cama. Imóvel. A televisão acesa incidirá as suas luzes numa parede branca. Branca como a pele da comuna. A bruxa. O fantasma, aí sim.
É ruim, a bicha, mas tu vais lembrar-te dela. Quanto mais não seja, num dia em que caias neste blogue e tropeces neste post.

Macaquinhos

O dia em que descobri que os seres humanos se imitam todos uns aos outros foi um dos mais felizes da minha vida. A vida é tão simples...
Cá em casa a manteiga tem uma forma estranha, afunda ali ao meio ficando mais alta às pontas, o pessoal vai sempre buscar manteiga ao mesmo sítio: ao meio da manteigueira. Porque é que o pessoal não vê que há mais manteiga nas pontas? Porque se imitam? Porque não são diferentes?!
Acho que a isto se chama convergência. A vida é tão simples...

Boomerang?

Trabalho numa loja de onde não se expulsam os delinquentes. Drogados, bêbados, pedintes, doentes da tola, não que sejam bem-vindos mas não se manda ninguém embora. Aturam-se, tenta-se levá-los a bem até irem 'à sua vida', o que é costume acontecer. Em algumas ocasiões diz-se que estão a carregar no palavreado obsceno mas expulsar... nunca.
E também nunca fui assaltada estando atrás de um balcão, nunca tive essa experiência, felizmente. Não sei se terá a ver com a forma com lido com os delinquentes, será que recebo de volta o tratamento que lhes dou, ou a ausência dessa experiência será puramente, apenas e só fruto de casualidades mui felizes?

Corcumelos

Era uma vez um sobrinho e uma tia. Eu, por mim, estava muito sossegadinha, observando tudinho, sentadinha a um canto na casa da tia do sobrinho.
A tia, faladora até mais não, entabulava conversa aqui e ali, ria e contava histórias.
Contou-me a história dos corcumelos, sendo que estes, os corcumelos, eram proferidos amiúde durante o relato. Eu, boa entendedora que sou, percebi na hora que era cogumelos o que a tia queria dizer e, risonha que sou, deu-me muita, mesmo muita vontade de rir, é que os corcumelos eram tantos... Mas contive-me, que isto da idade ensina umas coisas. Só que o sobrinho não vai de modas, toca de dizer em surdina e por trás da tia e enfatizando os gestos que os corcumelos eram cogumelos. Eh pá, ia-me desmanchando... Credo. Mas lá consegui. É que isto da idade ensina umas coisas à gente.

Notícias do pé de gesso e algumas associações

Tem um pé de gesso novo, já pode pousar o pé no chão e inclusivamente andar sobre ele.

Achou muita piada a ter a perna 'bué fininha' e eu achei muita piada ao tom amarelo do pé dele. É da falta de ar, suponho.

Ao chegar a casa vimos que o gesso tinha umas assinaturas engraçadas, como não havia tempo para o deixar secar completamente, ficou com borbotos da meia preta colados no novo pé e também tem um saltinho. É tudo fashion, faz de conta.

Leva um saco de plástico enfiado no pé por causa da chuva.

Tem tantas saudades de jogar à bola que não suporta ver um expositor cheiinho delas.

O senhor doutor espantou-se ao vê-lo entrar e referiu o tamanho dele, ao que parece já devia pertencer a um hospital de adultos. Lá tamanho tem ele, eu sei, mas lei é lei.

Devido à referência do senhor doutor, achei que em acabando por completo a saga 'pé de gesso', será o derradeiro episódio em que num hospital me chamam 'mãe' isto e 'mãe' aquilo. Bem sei que não devia, porque não é suposto estas coisas acontecerem e ninguém as deseja, mas já estou nostálgica... A vida passa num ápice.

O verbo do frio e das camadas de roupa

Eu pareço um chouriço

Tu pareces um chouriço

Ele parece um chouriço

Nós parecemos uns chouriços

Vós pareceis uns chouriços

Eles parecem uns chouriços

Coisas em grande

Sabes aquele dia em que parece que as unhas dos pés e a franja te cresceram à farta?

Não?!

Não faz mal, ficas a saber à mesma: foi isso o que me aconteceu hoje.

A forma

Tenho um penteado com a mesma forma do chapéu que enterro na cabeça.

Temperatura

Enrolei muito bem o cachecol no pescoço e enterrei o chapéu na cabeça, o que me confere um ar atarracado, julgo. A porra do frio mais o raio que o parta lembrou-se hoje de se fazer sentir até aos ossos das pobres criaturas que não podem ficar em casa no quentinho.
Adiante.
Isso de atarracar não interessa, o que interessa é que a pala do chapéu me tapava parte da visão e que eu caminhava velozmente ao frio vendo apenas os pés das pessoas. Às vezes uma ou outra vinha na minha direcção e desviava-se, outras vezes vinham aos magotes, mas sempre tão apressadas quanto eu - estava um frio do caraças!
Durante esta simples situação dediquei-me a pensar o que faria o magote de gente se eu investisse na sua direcção e a dada altura acelerei e efectivei a investida, até me senti numa arena, sem sombra de frio, claro, comigo fazendo de toura, as botas de pêlo e a orla dos casacos a fazer de capa de tourear, só não imaginei as bandarilhas porque essa parte deve doer que se farta.
Pois bem, as pessoas desviavam-se, era como se um escudo invisível me protegesse de cotoveladas, pontapés, chapéus em riste. Tudo isto me passava ao lado, sem roçar, muito embora lhes sentisse o vento. De repente fiquei cheia de um poderio imenso - eu sou um furação! Mas isso do poderio era tudo imaginação minha e ainda bem, não gosto nada de me sentir inchada.

Um par de homens

Desceram os dois a escadaria da igreja. Um arrotou e logo me deu vontade de dizer: 'mete óleo!' mas deixei-me estar porque desta vez ele ia ouvir. Achei piada foi à observação em tom de desculpa que o do arroto proferiu assim que o expeliu: 'ai esta água benta, pá!'.

Uma fotografia por dia que bem iria... (160)

Lisboa, 26 de Novembro de 2010

Esta é uma folha especial! Já figura neste post aqui, neste mesmo post que estou a escrever e figura também na minha montra de Natal.
Desde o primeiro post andou aos rebolões em cima do meu trabalho de secretária, em cima dos catálogos de artigos e eu sempre sem vontade nenhuma de a meter no lixo devido à sua beleza. Então, num belo dia andava eu atarefadíssima (isto de atarefadíssima é só para dar ênfase à coisa, para parecer que trabalho até à exaustão) a fazer e desfazer, a montar e desmontar, vira daqui e dali, espetei a folha na árvore!

A Noite Passada, Sérgio Godinho

A noite passada acordei com o teu beijo
descias o Douro e eu fui esperar-te ao Tejo
vinhas numa barca que não vi passar
corri pela margem até à beira do mar
até que te vi num castelo de areia
cantavas "sou gaivota e fui sereia"
ri-me de ti "então porque não voas?"
e então tu olhaste
depois sorriste
abriste a janela e voaste

A noite passada fui passear no mar
a viola irmã cuidou de me arrastar
chegado ao mar alto abriu-se em dois o mundo
olhei para baixo dormias lá no fundo
faltou-me o pé senti que me afundava
por entre as algas teu cabelo boiava
a lua cheia escureceu nas águas
e então falámos
e então dissemos
aqui vivemos muitos anos

A noite passada um paredão ruiu
pela fresta aberta o meu peito fugiu
estavas do outro lado a tricotar janelas
vias-me em segredo ao debruçar-te nelas
cheguei-me a ti disse baixinho "olá",
toquei-te no ombro e a marca ficou lá
o sol inteiro caiu entre os montes
e então olhaste
depois sorriste
disseste "ainda bem que voltaste"


Fonte. http://www.vagalume.com.br

Moleskine

Eh pá... Porquê tanto amor, tanta devoção? Certamente porque não são só cadernos, são algo mais, só não sei o quê e queria saber. Se lhes dedicam tanto carinho, tanta atenção, tenho para mim que Moleskine não são apenas cadernos.

domingo, 28 de novembro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (159)

Pinheiro de Loures, 28 de Novembro de 2010

O fim de semana foi um bocado estranho porque a estranha sou eu.
Estranho não será, porém, este gato aconchegar-se dentro de uma conduta, sempre se está mais quentinho.

Internet

Nasceu um bebé de um casal amigo que está emigrado. Temos tentado ligar, porém, sem sucesso. Através do Facebook deixámos uma mensagem com votos de muitas felicidades em nome de toda a família.
É verdade que não falámos com eles, não usámos a voz, não demonstrámos amizade por meio de sons e de olhares, o que sempre traz uma emoção maior às relações mas... se este meio está ao nosso alcance e se da outra maneira, aquela emotiva e mais presente, não nos safámos... olha, rendemo-nos às tecnologias do presente.
Com a internet estamos constantemente ligados a nível mundial, através das redes sociais e outras coisas do género. A blogosfera não me trouxe a experiência de me sentir constantemente acompanhada, estou só, apesar de tudo.

Domingo

Um Domingo um bocado diferente, este. Fui ao Freeport comprar umas coisitas. A bem dizer não comprei nada mas trouxe três pés de alecrim para perfumar as minhas comidinhas.
Viva o Natal, o Freeport e o alecrim.

Estatísticas

Isto das estatísticas é giro.
Visito o meu próprio blogue.
Fui eu que fiz a capuicua.

E os nomeados são...

Li algures num livro uma das personagens nomear o casaco de peles, chamar-lhe Charlie ou algo assim. Resolvi copiar a coisa. Não que possua casacos de peles, não senhores, mas tenho casacos de fazenda grossa. Cinco. Cinco lindos casacos.
O casaco é masculino, tinham de ser baptizados no masculino, então. Primeiro lembrei-me de pôr nomes estranhos. Depois achei que ficava uma coisa sem graça, se era para andar com um homem pelas costas, carregando com ele para todo o lado que fosse, então poria nomes de actores daqueles que povoam a imaginação de qualquer mortal feminina (e gostando de o ser, preferencialmente) que dedique tempo a fantasiar utopias sexuais. Entretanto deixei de achar piada a esta ideia também. Não, nada disso, poria nomes de reis ou de imperadores, personalidades históricas da idade média e outros a quem já nem restam as ossadas. Escandalizei-me com a ideia logo assim que a tive. Credo, a malta do clero é cheia de extravagâncias, extravagâncias que muito simplesmente se traduzem em paneleiragem e outras orgias. Hum... Ná ná ni ná não! Não vou andar com mariconços às costas, isso é que era bom!


Voltei à ideia inicial, seria mais coerente e mais imaginativa.
Os casacos são cinco, as vogais são cinco, escolhi nomes onde a sílaba tónica fosse um...

A - Acácio

E- César*

I - Aníbal

O - Óscar

U - Asdrúbal

*Bem sei que César lembra impérios e imperadores mas não resisti a este…

Nota de rodapé: não, não vou nomear a minha roupa íntima. Pelo menos não para já.

Parabéns!

Ericeira, 18 de Abril de 2010
O meu outro blogue (de fotografias) fez um ano no passado dia cinco e eu nem me lembrei, talvez porque o tenho abandonado muito desde há uns meses para cá. Recordo-o aqui e agora e dou-lhe um destaquizinho cheio de parabéns.

Andei a ver as minhas fotografias e achei-as particularmente bonitas porque não me lembrava da grande maioria delas, a surpresa foi agradável. Dentre as várias dezenas de imagens que já publiquei escolhi uma captada no auge da Primavera.

sábado, 27 de novembro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (158)

Loures, 27 de Novembro de 2010
Pode dizer-se que cá em casa há quatro cozinheiros. Uma diz que é desastrada e não gosta de acender fósforos, outro é meticuloso na quinta casa.
Sobram dois, os grandes.
Um faz feijoada, arroz de atum e usa de especiarias com fartura, outra faz arroz-doce, maçãs assadas e molho béchamel.
Então e... quem cozinhou hoje?!

Espírito de Natal, entreajuda e essas coisas

Anteontem achei um cêntimo, ontem achei um cêntimo, amanhã acharei um cêntimo...
Se todos os dias achasse um cêntimo ao fim de um ano poderia comprar um chocolate daqueles enormes da Milka e ainda sobrava alguns para dar aos pobres.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Nota breve

Comigo é tudo na base da verdade. Mas também minto, como agora.

Uma fotografia por dia que bem iria... (157)

Lisboa, 26 de Novembro de 2010

Gosto de focinhos de raposa, sinais intermitentes, comer batata crua, fazer laços, limpar facas com casca de laranja e descascar o verniz das unhas.

O frrrrrio!

O sô João, esse amor de velhinho, vinha com um cachecol em cima da cabeça, sobre o qual pôs depois um boné e eu fiz-lhe saber que a moda era gira.
Fiquei a pensar que aquela figura tão coberta me fazia lembrar algo e entretanto percebi que aquele cachecol tapando o pescoço do sô João, esse amor de velhinho, fazia-me lembrar as ceifeiras da terra dos meus pais. Há mais de sessenta anos já a minha mãe vestia daquilo.

O friiiiiiio!

Se este é um país de merda que raio virá cá fazer um Centro de Altas Pressões directamente da Islândia? Ficasse lá, ora!

Boa disposição

Fiquei toda contente, uns olhinhos azuis e uma boca rosada fizeram-me saber que sou uma pessoa sempre bem disposta.
Sempre. Atentai no sempre.
Eh pá... ‘tou aqui que não posso, ‘inda vou rebentar com tanta alegria! Curti à brava... A d o r e i !

(Des) Atropelamento

Descobri há não muito tempo que uma das ruas lisboetas que mais vezes atravesso a pé tem dois sentidos. É caso para agradecer à casualidade feliz de não transitar nenhum veículo do lado dantes desconhecido na mesma hora que eu ponho o pé na estrada. Esta ocasião não existindo talvez me valesse a audição apurada de que ainda sou detentora. Agradeceria à minha audição, esse bem supremo.

Vocábulos

Super-morta e mini-pausazinha são uma completa novidade para mim.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Na onda da perversidade VI

Ora bem, vou deixar de ser perversa e deixar de lado a perversidade. Pelo menos por agora.
Eu até nem sou assim lá muito perversa, digamos que tenho uma chamazinha, vá.

Na onda da perversidade V

Não me escondo atrás de um computador, escrevendo parvidades e outras coisas de modo a não ser reconhecida, não pretendo ficar escondida com medo que as pessoas que me lêem saibam realmente quem sou, onde estou e por onde ando. Tenho medo, isso sim, pelos outros, aqueles de quem escrevo. Por exemplo: imaginemos que o marido de quem falo no post anterior, a Isilda, um belo dia passeando por essa internet afora dá de caras com aquela fotografia, reconhece as cuecas e o sítio e lhe dá um ciúme do caraças que não se aguenta, esquece por completo que a imagem retrata apenas umas cuecas, apenas lhe interessa que ninguém tem nada que ver as cuecas da mulher. Eh pá, é chato!
É por causa deste tipo de coisas que me preocupo com o anonimato... dos outros.
Ah, já agora, eu não sei se as cuecas são da Isilda, ok? Mas lá que são de uma Isilda qualquer, são.

Uma fotografia por dia que bem iria... (156), Na onda da perversidade IV

Lisboa, 25 de Novembro de 2010

São as cuecas da Isilda. Ai as coisas que eu sei...

Na onda da perversidade III

Olá, gosto muito de escrever e o meu nome é Gina. Se era segredo agora o leitor já sabe. Mas acho que não era segredo...
Adiante.
O meu nome é alvo de chacota mais vezes que os meus textos. Mais, muito mais. E agora vou concentrar-me apenas no nome-alvo.
As brincadeiras perversas de que sou alvo não me chateiam pela parte brincalhona. Não chateiam mesmo. O que chateia é por vezes uma certa falta de originalidade por parte dos brincalhões, vão sempre buscar as mesmas coisas, coisas essas que giram à volta do mesmo tema: a revista Gina e suas sexuais inerências. Ai a revista Gina... esse ícone da juventude masculina dos anos 80.
No entanto (e há sempre um entanto, um porém, um mas...), noutro dia lá ouvi uma coisa diferente: diz que não se pode dizer ‘vá, Gina’, que parece mal, que é ofensivo. Ri-me um bom bocado e também acho que sim, parece mal. Parece mal em a gente querendo, claro. Cambada de perversos!
E agora resta-me dizer que inventei uma brincadeira com o meu nome, muito embora isenta de perversidade: ‘hã, Gina?’. É um trocadilho um pouco doentio, não?

Deixo agora um linque para um podcast da rubrica da Rádio Comercial ‘Caderneta de Cromos’, onde se ouve falar entusiasticamente e com muita graça acerca da icónica* revista Gina.

*Note bem: escrevi icónica perversa e propositadamente...

Na onda da perversidade II

(Ó sô João...)

O sô João, esse amor de velhinho, à semelhança de tantos dias, cumprimentou-me assim:
- Boa tarde menina, está boa?
- Olá sô João, estou muito boa, obrigada.
- Boa, quero dizer, a saúde... - Diz ele apreensivo, como se tivesse colocado mal uma questão tão simples e eu, como se respondesse de modo... perverso.

Na onda da perversidade I

Vozes de burras que me chegam aos ouvidos

As fufas têm um tom de voz específico. Todas. Bem, todas não, mas vou generalizar senão isto não tem graça.
É algo patente entre o grosso da voz e a entoação. É uma coisa que vem lá de dentro, é o cerne, a raiz, o fulcro da personalidade.
Uma fufa tem de ser mais assumida que qualquer mulher, isto porque elas querem muito ser homens. Aparentam mas não são. Fazem por isso, vá. Logo, têm de se impôr, têm de mostrar isso quando falam. É uma voz de comando, uma voz de macho, em suma. Uma voz: ó tu aí, olha que eu estou a mandar, vê lá se atinas!
E que há de melhor para se notar ser dona do próprio nariz, bem como do mundo, do que a entoação máscula que se dá à voz? Nem é preciso mais nada, fica logo tudo escarrapachado. Digo eu, que pouco conheço.
Como é que eu sei estas coisas?! Isso agora...

As putas também. E vou generalizar outra vez para continuar num tom hilariante.
A voz delas é sempre desagradável. Um tom rouco denuncia as noitadas e o tabaco. É uma voz destemida e, muito mais que isso, é uma voz ofensiva. Mas não fazem mal a ninguém... Só querem que as deixem em paz. Mais ou menos assim como todas as outras mulheres.
Como é que eu sei estas coisas?! Dou-me com elas, claro...

Então e as senhoras benfazejas e de conduta correcta? Como é a voz delas?
Alegre, descontraída, uniforme, clara e limpa. Uma perfeição, portanto.
Como é que eu sei estas coisas?! Na verdade não sei, não sou uma dessas, mas não consigo imaginar as senhoras benfazejas e de conduta correcta de outra forma.

E agora só para terminar: as segundas têm uma inveja do caraças das terceiras, as terceiras (umas não sabem, outras não querem saber mas)invejam as segundas e as primeiras não invejam nenhuma, afinal lutam por aquilo que são e são o que são com muita propriedade. Como invejar, então?!
Sei muito bem como são estas coisas, eu sou uma mulher. Das que não quer ser homem.

Escrever

Pequena nota prévia: este deve ser o quinquagésimo nono post que intitulo de 'Escrever'.

Tenho que marimbar para a ideia de que escrevo muito do mesmo. Tenho que me afastar do que os leitores vão pensar. Tenho que não criticar o que escrevo. Tenho que escrever e pronto.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

E a perversa sou eu?

Diz a mulher que nasceu com os três mas perdeu-os logo a seguir: sentou-se em cima da chucha.

Dias de um ginásio

Há que tempos não escrevo dos meus dias de ginásio. Sosseguei neste assunto porque o que me apetecia escrever, o que me vinha à cabeça, estava sempre envolto em sexo ou, quando muito, sensualidade. Seja lá o que for, se escrevesse o que a minha mente me ordenava, o fulcro seria inevitavelmente de cariz perverso. Se não, vejamos:

Uma das minhas colegas de exercício confidenciou-me que se andava a esforçar (e muito!) para que o cú saísse. Fiquei espantada com o desejo da mulher, a sua aparência não era em nada demasiado grande, porque quereria ficar ainda mais pequena?! Quando manifestei o meu espanto ela explicou que não queria que lhe desaparecesse nada, queria o cú saído, tipo prateleira. Ah... percebi-a, então. Há mulheres sem sorte nenhuma na vida...

São muitas vezes as que um monitor brinca comigo, a fingir que me dá alento, dizendo coisas como: 'Coragem, Gina...', quando na verdade o que ele faz mais não é do que gozar com a pobrezinha aqui.
Primeiro impulso: mandá-lo à merda. Segundo impulso: incentivá-lo a mudar de conversa porque aquela já cansa, oh se cansa! Terceiro impulso: aconselhá-lo a dizer-me que sou giríssima, elegantérrima, super-chique e mega-charmosa. Acrescentar ainda que não faz mal nenhum isto ser tudo mentiras, era mesmo só para variar de tema e, sobretudo, variar para um tema que transborda positivismo. É disso que todos precisamos, afinal.

Vi uma barata às voltas dentro do visor da balança onde me peso, aparentemente assustadíssima com algo. Esperei com ardor que esse algo não fosse a dezena em que se insere o meu peso.
E o que é que baratas, peso e balança tem a ver com sexo? Tudo. Bem, tudo não, só as baratas. As baratas reproduzem-se aos milhares e a uma velocidade incrível. Para reproduzir é necessário... Isso mesmo: sexo. Pelo menos no caso das baratas.

Sexo, perversidade, sexo, perversidade, sexo, perversidade. Fartei-me.

...

Mas...

Um dia destes entrei no balneário... Hum, não vou escrever!

Dizer

Quando estou a fazer as montras, sem que me vejam faço caretas às pessoas que passam na rua.

Não é que os leitores precisassem saber disto mas eu gosto muito de falar.

São coisas que acontecem

Há pessoas tão religiosas que não podem ouvir as palavras sorte ou azar sem as misturar imediatamente com bruxaria e magia negra. Falo daqueles religiosos muito religiosos mesmo, que viram a cara para o lado e tapam os ouvidos com as mãos quando ouvem coisas do diabo.
Os religiosos são assim: não usam a visão periférica. Há uns que nem sequer a possuem, têm umas palas que lhes tapa as laterais do olhar, mais ou menos assim como os burros têm, só que os burros são-no também sem palas.
Mas... Os religiosos respirem fundo, agora já podem, eu arranjei solução. Digamos todos casualidades para bem da consciência dos religiosos. A partir de hoje, quem ler este post vai dizer casualidades felizes. Ou infelizes. Depende.

Dados pessoais



Eis os meus dados pessoais. Ficam aqui para o caso de alguém querer escrever-me uma carta daquelas que se envia pelo correio. Daquelas à moda antiga.

Uma fotografia por dia que bem iria... (155)

 
Lisboa, 22 de Novembro de 2010

Diz que uma imagem vale mais que mil palavras. Mas eu vou escrever algumas:


Onde há um bebé...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (154)

Lisboa, 23 de Novembro de 2010

D' hoje...

Momento embaraçoso:

Ter entrado um (quase) cliente na loja no momento exacto em que eu de pau na mão praguejava contra um suporte de mangueira que não se queria pôr no sítio. Parecia mais vivo que eu, o raio do suporte!

Momento... Momento 'nem sei':

Comprei uns chinelos da marca Shenale. Hum... Eu acho que tem tudo a ver: Shenale = chinelo.

Momento ilusório:

Vendi um rolo de pintura ao Robin Williams.

Momento hilariante:

Achei um cêntimo no chão.

Momento da boa acção:

Não ter tirado do balde um chapéu de chuva que não fosse meu quando descobri que foi isso o que me fizeram.

Momento supreendente:

Estive em casa de uma senhora que tem mais cinquenta anos que eu. Mantém uma postura perante a vida que é de uma rectidão incrivelmente lúcida.

Momento criativo:

Em matéria de letras hoje quase não iam existindo momentos de criação... E em matéria de imagens não se pode dizer que tenha sido muito criativa. Também não se pode dizer que a criatividade do que escrevi hoje tenha alguma coisa a ver com a criatividade do que fotografei. Digamos que este é um post 2 em 1. Mas mal conseguido.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (153)

Lisboa, 21 de Novembro de 2010

A mesma vizinha que ontem me imitou pondo um enfeite de Natal à porta, veio à tardinha cá a casa dar-me quatro bilhetes para ir ver a Dulce Pontes, que ela e a família com muita pena não podiam ir.
OK, 'bora lá ver a Dulce Pontes ao Coliseu! O Coliseu dos Recreios, uma sala onde nunca tinha entrado... Não era para desperdiçar uma oportunidade destas.
E não desperdicei. Ou por outra, desperdicei dois bilhetes, os ricos filhos não quiseram ir connosco, não acham lá muita piada à Dulce Pontes, corremos tudo que é amigos (este tudo não quer dizer que tenhamos muitos) e ninguém pôde vir devido ao adiantado da hora. Olha, fomos nós!
Ah, gostei do espectáculo. A Dulce Pontes é uma grande artista, só tenho pena daquela dicção... Não percebo praticamente nada do que canta.

Já depois de sair de casa lembrei-me que podia ter deixado no blogue uma espécie de aviso dizendo que ia para o Coliseu dos Recreios em Lisboa e que tinha dois bilhetes que teria todo o gosto em oferecer. Se alguém quisesse era só procurar uma figura feminina na casa dos quarenta e não muito grande, sendo por isso difícil de encontrar no meio de uma multidão imensa, excitada, aguardando ansiosamente à porta do Coliseu que chegasse a hora do espectáculo. Mas que se esforçassem por procurar alguém de casaco cerise... ok, roxo para todos perceberem, e encharpe preta, gira que se farta mas... acompanhada. E bem acompanhada, obrigadinha.

Utilidade

A gente cá em casa dá-se todos bem com as letras...
De ler todos gostamos num alto grau...
Uns gostam mais de escrever que outros...
Dois de nós exprimem-se melhor através da escrita...
Escrever... Escrever, escrever.
Escrever... Mas... A escrivaninha é usada para dobrar a roupa.
Será que já não se escreve à mão? Será dos tempos modernos?

Galinheiro

Piiiiita, pita, pita, pita, pita, piiiiita!

Era assim que a minha avó chamava as galinhas, ainda me lembro.
Dutrante o visionamento do filme no passado Sábado lembrei-me de galinhas e da minha avó e depois dei por mim cheia de pena por no final do filme não haver galinhas escondidas que depois soltassem na sala de cinema para comer as pipocas que eu e outros deixámos cair.

Será que as galinhas gostam de pipocas? Se sim, preferirão doces ou salgadas?

domingo, 21 de novembro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (152)

Loures, 21 de Novembro de 2010
O Natal chegou aqui! Marimbei para o facto de ser cedo e fiz a árvore e decorei a casa com tudo o que é de Natal.
Sei de uma vizinha que não me quis ficar atrás e já pendurou a decoração à porta. Ela é que me disse...
Ah, e também me tiraram fotografias. Eu acho que estou muito bem e com uma expressão fantástica.

Um filme ao gosto

Ontem à noite fui ao cinema ver o filme: RED - Aposentados e Perigosos.
Gostei, foi uma agradável surpresa ver que o filme, para além da pancadaria habitual nos filmes do Bruce Willis, havia também muito humor...
Fui ver um filme equilibrado, idela para um casal desiquilibrado em gostos cinematográficos.
Deviam fazer mais filmes assim. Humor daquele lamechas, romântico que tanto agrada às mulheres em geral e pancada com fartura e grande aparato bélico que tanto agrada aos homens.
Gostei mesmo. Senhor Bruce Willis e companhia, faz favor de fazer uma trilogia! A Gigi quer.

Nota: imagem retirada da internet.

Notícias do pé de gesso

Há metade dos ténis e chinelos espalhados pelo chão do quarto.

Aboliu por completo o uso de muletas cá em casa, usa-las apenas na rua.

Devido à abolição anda ao pé coxinho. A prática é já tão alta, é tão desenvolto já, que corre. O rico filho não anda ao pé coxinho... corre.

sábado, 20 de novembro de 2010

Nova imagem de apresentação



Escrever torna o mundo interessante.

Ruídos



Sentei-me na minha desarrumada sala a beber um café. Em silêncio. Em silêncio mas não completamente, havia ruídos de fundo, lá fora carros e pessoas mas muito lá ao longe. Cá dentro ouvia-se os ricos filhos, num dos quartos. Deixei-me estar um bocado a saborear o café e os sons deles falando um com o outro. E a saborear também um prazer muito especial, lembrei depois. Nenhum ser humano devia ser poupado a um prazer destes: ouvir os filhos conversando, brincando. Eu tenho cá uma sorte...

Rabiscos


Pintei um quadro Fiz um desenho que quero mostrar aos leitores porque tenho a certeza que lhes arrancarei comentários carinhosos e motivadores. Os meus leitores serão portadores de uma boa nova para mim:

És uma artista e pêras!
Continua, pá!
Estás no bom caminho!
Que presença têm os teus traços!
És fantástica!

Tudo coisas assim. Vá, deitem mãos à obra que eu quero ouvir. Mas tudo coisas assim, já sabem.

Ciumeira de natas*


Ingredientes da massa

250 g de farinha
250 g de açúcar
4 ovos
250 g de farinha
1 colher de chá de fermento em pó
margarina para untar
farinha para polvilhar

Ingredientes da cobertura

150 g de açúcar em pó
3 colheres de sopa de sumo de limão


Preparação

Numa tigela junte a margarina amolecida e o açúcar até obter um creme liso.
Junte os ovos, um a um, batendo sempre.
Adicione a farinha e o fermento e bata bem.
Deite o preparado numa forma e leve ao forno durante 40 minutos.
Prepare a cobertura: misture bem o açúcar em pó com o sumo de limão e deite em cima do bolo ainda quente.

* Ciumeira de natas?! ... Não é nada disso, é Bolo 4X4. Eu bem disse que ia fazer um bolo...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

15:01

Vá que isto não custa nada, já só faltam quatro horas de trabalho.
Depois vais para o ginásio correr que nem uma maluca e massacrar o corpo em máquinas estáticas mas muito torturantes;
Depois esticas-te toda até teres a sensação ilusória que cresceste cinco centímetros;
Depois banhas-te numa água quentinha, num lugar quentinho e vazio, o que te reconforta de sobremaneira;
Depois é só um pulinho até casa... E com tanta coisa boa e quente no final da tortura psicadélica com que te alvejaste... nem vais sentir frio.

O preto

Caíram ao chão quatro latas de velatura de várias cores. De uma delas saltou a tampa deixando verter todo o líquido, uma substância viscosa e muito escura pelo chão fora. Fez-me lembrar crude (que pena não ser). Fez-me lembrar porque eu acho que o crude tem aquele aspecto.
Que fazer? Hum... (além de limpar não fazer mais) nada de especial. Respirar de alívio por ter desaparecido um mono das prateleiras. Quem é que no seu juízo perfeito (isto do juízo perfeito é discutível mas pela parte que me toca qualquer referência ao assunto fica para outra altura) pinta os móveis de preto?!

Frio

O frio é terrível, está-me dentro do corpo, não abala nem por nada, diz que de lá não sai.
O frio é tramado, o cabelo fica escorrido e sem graça, pareço uma pedinte que vagueou pelas ruas à procura 'dum pedaço de pão'.
O frio é lixado, tento eliminá-lo vestindo várias camadas de roupa, demorando por isso um ror de tempo a despachar-me.

...

Mas...

...

E há sempre um mas...

Por causa da camadona de roupa que trago vestida fico com um par de mamas (in)decente.

Asneirada

O Clóvis é um gajo que não se cala. Para além de não saber estar calado, solta despreocupadamente o mais perverso vocabulário, independentemente de quem tenha ao seu redor. Em suma, o homem não se cala, não se envergonha, não se coíbe. O homem não fecha as matracas! Impossível!
Força nisso aí, Clóvis! Vá que a malta não se importa nada.
Noutro dia o Clóvis, fazendo jus ao que descrevo no primeiro parágrafo, falava abertamente, muito ciente da atenção imensa que sempre lhe é dirigida enquanto cospe larachas cheias de piada para o ar.
No entanto, não foi ao Clóvis a quem achei a maior piada mas antes ao contágio que ele provocou num dos seus interlocutores. Esse dito interlocutor, um sujeito pacato, arrogante e emproado, tudo isto na quinta casa, metia a 'porra' em todas as frases. Vejam só! Porra! Foi mesmo contagiante. Porra, porra, porra!

Constatações

Constatações dotadas de uma inteligência suprema e que advêm da tão presente Cimeira da Nato:

Os olhos do mundo estão postos em Lisboa. Não é que o mundo deixe de pensar que Portugal é uma província de Espanha mas, pelo menos durante dois dias, o planeta estará ciente que Lisboa é a capital dessa província.

Desminto a constatação anterior. Hoje em dia futebol e política andam de mãos dadas, políticos e reis vão aos jogos de grande aparato futebolístico. As pessoas ainda têm na memória aquele fatídico jogo da passada quarta-feira... Devem por isso saber que Portugal e Espanha são dois países distintos desde o faustoso dia.

Amanhã vou fazer um bolo de tapioca e chamar-lhe 'Ciumeira de Natas' em homenagem aos importantes dias. Ou então faço outro bolo qualquer, logo vejo. Mas o nome está dado.

Cemitério

As cruzes já não estão espetadas no solo da Alameda...
Prevejo que daqui a uns quinze dias me vão contar o que aconteceu. E eu depois também conto. Conto com isso, pelo menos.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

...

Sou curta e grossa. Não me perguntem nada que não queiram realmente saber.

E a pobre sou eu?!

Um senhor vinha andando rua acima e falando ao telemóvel. Ele era 'sim, sô doutor' para aqui e 'com certeza, sô doutor' para ali. Passou junto a um parquímetro e meteu a mão na cavidade onde saem os talões e as moedas que a máquina - que, quer queiramos quer não, tem vontade própria - deita fora porque as julga inapropriadas. Fê-lo num gesto maquinal e impensado. O homem queria essas moedas inapropriadas... Pobretão!

Oh pobreza...

Uma cliente não quis receber o troco e pediu-me que desse as moedinhas aos pobres. Pensei um bocado... E senti-me muito pobre...

Aforro

Agora os meus rascunhos são feitos numa lista telefónica daquelas que era para andar dentro da mala nos tempos em que o telemóvel não era vivo ainda.
Eu poupo. Mas não pela vertente ecológica. Eu poupo mas é na minha carteira.

?

Sinto-me esquisita. Estou novamente a cair por mim abaixo. Triste e prestes a desabar, tal e qual como o dia. A culpa é sempre do tempo, essa vil existência.

A alameda

E pronto! Já se arranjou que fazer à relva novinha em folha - literalmente falando - que pinta de verde as partes centrais da Alameda Dom Afonso Henriques (Lisboa) e já se preencheu um local que muitos dizem ser de uma nudez descaracterizada: a dita relva, do lado do IST, exibe cruzes lembrando um cemitério.
Não será precisa muita imaginação para fazer tamanha exibição, mas será precisa audácia. Creio que eu também seria capaz de preencher o espaço verde com interesses variados, os quais seriam bem recebidos e sobejamente apreciados, assim me deixassem!

(Resta saber se alguém deixou plantarem cruzes na Alameda...)

Os pufes da avenida

Pela Avenida Almirante Reis (Lisboa) abaixo há umas decorações de Natal muito engraçadas: estruturas metálicas imitando árvores que têm nas extremidades aquilo que me parece serem pufes de banho em tamanho gigantesco. Não sei se as luzes irão irradiar dos pufes ou apenas nas estruturas mas estou desejando de ver tudo aceso, se os pufes realmente acenderem farão um efeito muito engraçado.

Esta estação ainda não me manifestei acerca do frio...

Está um frio do caraças! Porra para a merda do frio mais o raio que o parta! Quem é que o mandou vir?!

É Natal

Já se escutam canções de Natal nos lugares públicos e, hoje pela primeira vez, desejaram-me um feliz Natal.

Declaro aberta a (minha) época natalícia! Está assim criada a nova etiqueta 'Natal 2010'.

Novidade e despedida

Tenho uma impressora /fotocopiadora /scaneadora /enviadora de faxes nova no trabalho. Foi embora uma amiga de longa data. Tão velhinha, tão cansada, tão flácida, tão abusada... Tinha riscos de caneta e outras coisas, rodelas de café e tudo.

A marmita esquecida

- Eh, caneco! - Foi o que disse o motorista da Barraqueiro quando lhe fiz ver que deixara a marmita em cima de um banco onde se sentam os passageiros.

Uma fotografia por dia que bem iria... (151)

Lisboa, 27 de Junho de 2010

The Sweet Escape, Gwen Stefani




If I could escape I would but, first of all, let me say
I must apologize for acting stank and treating you this way
Cause I've been acting like sour milk all on the floor
It's your fault you didn't shut the refrigerator
Maybe that's the reason I've been acting so cold?


If I could escape and recreate a place thats my own world
And I could be your favorite girl (forever) perfectly together
Tell me boy now wouldn't that be sweet? (sweet escape)
If I could be sweet
I know I've been a real bad girl (I'll try to change)
I didn't mean for you to get hurt (whatsoever) we can make it better
Tell me boy now wouldn't that be sweet? (sweet escape)


Akon:
I want to get away to our sweet escape
I want to get away, yeah


You held me down, I'm at my lowest boiling point
Come help me out, I need to get me out of this joint
Come on let's bounce, counting on you to turn me around
Instead of clowning around, lets look for some common ground
So baby, times get a little crazy, I've been gettin? A little lazy
Waitin' on you to come save me
I can see that your angry by the way that you treat me
Hopefully you don't leave me, wanted you with me

Fonte: http://www.vagalume.com.br

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Ai ai...

Como sentir-me bonita quando a imagem que reflicto no espelho é a de alguém que enfiou uma tigela na cabeça e aparou o excesso de cabelo?

Aquela pessoa

Há aquela pessoa que te a d o r a.
A mulher diz que tu és muito bonita. A mulher diz que tu és muito jeitosa. A mulher diz que tu te arranjas muito bem. A mulher espanta-se por seres tu a fazeres as tuas roupinhas e depois disso não se poupa a elogios.
Sai da cozinha só para te cumprimentar, dá-te beijinhos, abracinhos, afagos carinhosos... E cozinha que é um espectáculo!
Gina Maria, deixa-te de merdas e aproveita, pá! Para que interessa se são mentiras? É tão fácil acreditar em mentiras boas… Vá lá, vá!

Humor

Ao momento o meu livro de leitura é: ' A vida secreta de uma mãe desleixada' de Fiona Neill. Conta as peripécias de uma mãe carinhosa e disposta a levar os filhos no bom caminho mas sem jeito nenhum para manter a ordem no lar.
É um livro divertido, já me ri a lê-lo, muito embora a autora oscile entre a comédia e o drama. Esta oscilação tem-me feito pensar em quão diferente é o humor contado por uma mulher. Elas não podem escrever/fazer/dizer certas coisas.
Os livros têm essa mais-valia, esse dom, o de fazer pensar em algo externo ao que se lê.

Notícias do pé de gesso

Quando a distância é curta (em casa) vai ao pé coxinho e lá se vai safando cada vez melhor e mais rapidamente, à medida que o tempo passa.
Diz que parece que lhe vão cair os braços do esforço de andar na rua de muletas.
Não quer a ajuda dos colegas porque preza a independência.
É um miúdo e pêras!
Por outro lado, tem que ser ajudado a vestir, o que me faz recuar uns dez anos no tempo.

O ferrageiro mai lindo!

Alguém me perguntou: 'A senhora sabe onde eu posso encontrar o Luís das ferragens?'

Primeiro impulso (ao qual resisti porque sou de uma bem-aventurança descomunal):
'Ora bem... eu acordo todas as manhãs com um espécime desses ao lado, um Luís das ferragens.'
Mas, e lá vem a bem-aventurança uma vez mais, indiquei ao senhor onde encontrar o Luís. Das ferragens. O Luís das ferragens.

Opinião

Terminei de ler dois livros de H.M. Larcher: um poesia, outro prosa.
É com alguma relutância que escrevo ter sido a própria autora quem mos emprestou, mas este acontecimento é daqueles que tem que figurar neste espaço.
Fui a sua casa em trabalho, um lugar cheio de pequenos e grandes tesouros de várias ordens: quadros, louças, fotografias, livros e outros. Enquanto eu me entretinha perscrutando os livros e ela também, muito embora com olhar de conhecedora do espaço, saca de uma das prateleiras repletas de obras literárias um e outro livro e pergunta se conheço o nome da autora. Respondo que não e então revela-me que é a própria. Fiquei logo cheia de vontade de ler - sempre me senti empolgada com a ideia de conhecer, não grandes autores porque não saberia o que dizer ou sequer fazer, antes pessoas um pouco menos conhecidas, que passem mais ou menos despercebidas - e ela emprestou-mos espontaneamente e com muito gosto, ia o Verão alto.
Agora, vai o Outono alto...
Li e gostei. Gostei de ambos os livros mas os poemas conseguiram enternecer-me, contrastando largamente com o meu costume, não me dou lá muito bem com poemas.
E era isto. Eu conheço uma escritora. Tanta coisa, tanta coisa e afinal conheço uma escritora. Uma escritora que é minha cliente há anos e que por acaso (ou talvez não tão por acaso assim) aparece neste blogue em alguns posts. Só não vou revelar quais…

Uma fotografia por dia que bem iria... (150)

Lisboa, 17 de Novembro de 2010

Há muito tempo que fotografo este espaço. Já fiz centenas de cliques, tenho a certeza. E publicar... não publiquei centenas mas dezenas.
Este lugar tem mudado muito nos últimos meses, agora já não passo tão desacompanhada como dantes. Não é que seja mau ou bom, é simplesmente diferente.
Há duas ou três semanas que olho aqui e acho que ficava bem uma fotografia. Tirei várias, durante vários dias. Finalmente consegui uma que me enche as medidas.

Vinho

Depois de ler as passagens do álbum, foi para mim um choque descobrir que ela frequentava o La Mauvaise Réputation regularmente. Ia lá uma vez por semana ou mais, em segredo e depois de escurecer, odiando cada segundo e desprezando-se a si mesma pela sua dependência. Não ia lá beber. Não. Para quê, quando tinha a cave cheia de dúzias de garrafas de sidra ou prunelle ou até calva da sua Bretanha nativa. Embebedar-se, dissera-nos uma vez num raro momento de confidências, é um pecado contra o fruto, a árvore, o próprio vinho. Era um ultraje, um abuso, tal como a violação é um abuso do acto de amor. Na altura corara e virara a cara com brusquidão: «Reine. Claude, passa-me o azeite e algum manjericão depressa!», mas eu não me esqueci. O vinho, destilado e nutrido, desde o rebento até ao fruto, e depois passando por todos os processos que o transformam no que é, merece mais do que ser engolido à pressa por idiotas que não têm nada na cabeça. Merece reverência, alegria, delicadeza.
Oh, a mãe compreendia o vinho. Compreendia o processo de adoçamento, de fermentação, a efervescência e maturação da vida dentro da garrafa, o escurecimento, as transformações lentas, o nascimento de uma nova colheita num ramalhete de aromas, como um ramo de flores de papel de um mágico.
Se ela tivesse tido tempo e paciência para nós. Um filho não é uma árvore de fruto. Só percebeu isso quando já era tarde de mais. Não existem receitas para ajudar um filho a chegar segura e docemente à idade adulta. Ela devia saber isso.

Joanne Harris, 'Cinco quartos de laranja'

É assim que vejo o vinho, com o paladar. É assim que reforço a ideia de que os bêbados não gostam realmente de vinho.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Copo-d’água

Não sei porquê, deve ser uma daquelas minhas parvoíces - inatas, inerentes, intrínsecas e outros ínes - achei que ali não haveria como obter um copo de água. É um sítio de beber café, mas tão minimalista que duvidei poder saciar a secura que sentia.
- Tem como me arranjar um copo de água? - Perguntei eu a medo.
- Claro que sim!
Exclama ela. E continua, maliciosa:
- Temos os copos, temos a água...
Fiquei para morrer. Credo! Mas o que é que eu tenho na cabeça?! Tenho isto e estou só a dar um exemplo:
- Pois claro! E eu tenho a sede!

Zinhos e zinhas

- Vai um rissolzinho, sô Mário?
Pergunta o senhor do café, desejoso de agradar a um dos clientes mais anosos que conhece.
- Mais vale sozinho que mal acompanhado!
Exclama ele com grande clareza e propriedade.

- Vou só buscar o restozinho e já volto.
Disse o moço das entregas. E eu fiquei pensado que ele ia buscar qualquer coisitazinha pequeninazinha, quando afinal eram mais duas caixas para o grandezinho. Tive oportunidade de constatar por mão própria uma meia-horazinha depois que eram pesadas como o raio... zinho!

Em pontas

Tenho dois amigos que em certos dias andam p'las ruas (e não só, andam por onde bem lhes apetece) ostentando pontas iguais nas extremidades dos membros inferiores.
Um dia, o primeiro em que vi as tais pontas a quadriplicar, conversávamos os três enquanto bebericávamos café. Olhei para baixo e vendo que os sapatos de ambos eram parecidos, tinham as pontas reviradas, dei por mim referindo o ponto em comum com um entusiasmo talvez exagerado:
- Vocês hoje têm as pontas iguais!
Eh pá... Eu sou uma mulher cheia de piada. Não me venham com tretas, deixem-me alardear esta minha característica também ela cheia de graça e nem se atrevam a desmentir esta afirmação:

Eu sou uma mulher engraçadíssima!

Mas não me acharam graça e eu até sei porquê:

Verbalizar a palavra 'pontas' referindo de forma directa qualquer coisa pertencente a um macho - e nem é preciso que seja um daqueles latinos -, seja lá que coisa for, é lembrar-lhe um par de cornos... Que eles imediatamente - e sem que o saibam - transformam em sua propriedade.
Ai o homens... sempre sôfregos pelo poder. É tudo deles...

Uma fotografia por dia que bem iria... (149)

Hoje, já que o dia foi fértil em imagens, vou quebrar a regra, exagerar um bocado e apresentar três fotografias.

Acerca das duas primeiras fotografias:
Pontos em comum: as sombras e o sol brilhante numa fria manhã de Outono.

Acerca da terceira fotografia:
Se este conjunto de folhas fosse uma parada militar, dir-se-ia que as folhas verdes estavam desalinhadas. As castanhas é que estão de acordo com as instruções, estamos no Outono.

Loures, 16 de Novembro de 2010




segunda-feira, 15 de novembro de 2010

21:25

Cheguei a casa cedíssimo, o que me faz sentir estranha. Que fazer? Aproveitar, claro.
Agora vou beber uma chávena de chá quentinho e sentar-me na minha poltrona fantástica a fazer companhia àquela malta que eu adoro e ver o que eles estão a ver na TV e rir do que eles estão a rir.

Pontos resplandecentes de positividade

Lembrei-me de escrever três coisas positivas acerca do dia de hoje.

Ponto resplandecente de positividade número um:

Não estou doente....

Ponto resplandecente de positividade número dois:

O rico filho tem só um dos pés partido.

Ponto resplandecente de positividade número três:

Hum... A gaveta onde é guardada toda a roupa desportiva do rico filho está muito bem arrumada.

Oh...

Sou uma bloguer daquelas que escreve durante o dia, guarda tudo numa pen e à noitinha publica todas as miseráveis e desinteressantes linhas que escreveu.
Sou uma bloguer felizarda, diz-se. Uso um computador e um tempo que não me pertence para dar largas à loucura que vai cá dentro.
Mas hoje... Deixei a minha pen no trabalho! Assim sendo nada mais resta senão criar posts em directo. O que também não é novidade nenhuma para mim, afinal aos fins de semana é assim que escrevo.
A ver como me safo. Se não aparecer aqui mais nada, olha, é porque não há nada a escrever.

Uma fotografia por dia que bem iria... (148)

Lisboa, 28 de Outubro de 2010

Ele - Que é que eu te ia dizer...? Não me lembro...

Ela - Ias dizer que me curtes à brava e que logo vais levar-me ao Hard Rock Cafe para beber uma Marguerita.

Meninas, experimentem isto. Ao sério, experimentem. Não é que seja tiro e queda mas... 'água mole em pedra dura tanto bate até que fura'.

domingo, 14 de novembro de 2010

23:41

Tenho um registo intimista no escrever sem no entanto me esquecer de que daqui falo para as pessoas, que transmito pensamentos, sentimentos. É bom que o leitor não esqueça.

23:38

Ora bem, o dia finda. Amanhã é hora de largar o casulo e fazer-me ao vulgo trabalho-casa-trabalho.
Talvez o cliché trabalho-casa-trabalho não seja tão vulgar, afinal - eu meto o ginásio lá bem no meio dos dois.

21:33

Tal como ontem não há muito a registar hoje.
Vou ver os 'Ídolos'. Gosto de ver aquilo. É um programa reles, diz a maioria das pessoas.
Eu cá gosto dos 'Ídolos'. E acho que a maioria das pessoas sente embaraço por gostar de programas que outros achem reles, quando muito dizem que não têm tempo nem paciência...
Eu cá não, eu gosto dos 'Ídolos'.

12:47

A lasanha está no forno e eu aqui.
Sonhei que estava numa festança daquelas! Era um casamento real algures mas não em Portugal. Havia comida e bebida para o povo que enchia as ruas, contente com um acontecimento tão grandioso.
O povo, esse querido, tão querido quanto malvado, sempre se contenta com a pompa na circunstância, independentemente do género desta.
Aparentemente, desde que este dia nasceu e até agora, este sonho parece ter sido o que de mais importante me aconteceu.
Mas tenho a lasanha no forno. A ver se ela supera o sonho...

sábado, 13 de novembro de 2010

... E tal e tal...

Há pouco a acrescentar neste blogue acerca do dia d' hoje.
Estive em casa e tal e tal...

... E tal e tal...

... E tal e tal...

Uma fotografia por dia que bem iria... (147)

Rua Maria Lamas - Loures, 13 de Novembro de 2010

Chamo a isto um apontamento de cor. Algo colorido e vivo que se destaca dentre outras cores mais esmorecidas.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (146)

Algures, 11 de Novembro de 2010
Ora bem, o que se passa é o seguinte: desde esta madrugada e durante as próximas cinco semanas haverá um pé de gesso cá em casa - o rico filho rachou um dos ossinhos do pé esquerdo a jogar à bola. O pé esquerdo, logo o seu favorito...

Ninguém

De repente fiquei sozinha numa sala com cães de louça e molduras que exibiam caras de outrora. O entardecer, fugaz como sempre, já dava lugar a uma penumbra densa, o que me impressionou um pouco e então saí dali. Sem conhecer a casa meti-me no mais parecido que encontrei a um corredor. Ela estaria algures na cozinha, pensei.
E era um corredor que pouco depois descrevia uma curva à esquerda e logo a seguir à direita. Continuei andando e encontrei outra sala. Espreitei, curiosa. Ali a claridade trespassava uma porta que dava para as traseiras, ainda se via bem. Quedei, admirada com tanto prato, tanto bibelô em exposição. Havia também jarras com flores de plástico e quadros imitando outros quadros, ela não possuía nada de muito valioso.
Voltei a explorar o corredor e dou de caras com a cozinha também sem luz acesa apesar de ela se encontrar lá estendendo umas poucas peças de roupa. Viu-me e começou com a tagarelice própria das pessoas idosas, o que não me desagrada por aí além.
Voltei à sala dos bibelôs, ela queria mostrar-me a casa, fazendo jus à afabilidade muito própria que têm as anfitriãs da sua geração. Tocou no interruptor e fez-se luz. A luminosidade clara mostrou-me uma realidade crua e pesada, vi solidão entranhada em cada um daqueles objectos, encerrada entre quatro paredes.
Senti-me oprimida, como se não conseguisse encher o peito de ar, ali não se vivia, faltava uma essência qualquer que não sei definir, uma espécie de alma talvez. A sala estava tão arrumada, tão limpa, tão luzidia, que se notava em pleno o desuso. O aspecto geral era tão previsível que denunciava o intenso 'estar só' em que vive a sua habitante.
Na hora fiquei radiante por possuir uma sala desarrumada na maior parte dos dias. É sinal que há pessoas, que nos mexemos, que não estamos sozinhos. Há uma essência qualquer na minha sala que também não sei definir. E há-de ser, tenho a certeza, a essência que falta em toda a casa da dona Maria do Céu.

O fanhoso

- Isto está bem-feito, menina?
- Tudo o que eu faço é bem feito, portanto isso está bem feito, sem dúvida. Que é como quem diz: indubitavelmente...
Olha-me por cima de uns óculos giríssimos, como que duvidoso, apesar do meu palavrão 'indubitável'. Fiquei feliz da vida porque era essa a reacção que eu queria provocar.
- Hum... - Faz ele, meio perdido.
Aproveitei a pausa e meti a bucha, digamos que fui directa ao assunto, rodear nunca fez parte das minhas características:
- Vai pagar agora, sô Zé?
- Dão.
O que vale a mim é poder brincar com alguns clientes:
- É impressão minha ou o senhor ficou fanhoso de repente?
Olha-me outra vez por cima daqueles óculos que são giríssimos porque são vermelhos, desta vez como quem diz 'porra que já me lixaste!'
- Ó menina, eu dem trago carteira, veja lá...
E eu continuo sem rodeios, toda despachada:
- Junto às outras coisinhas que o senhor tem aqui, então?
- Eu depois passo aí...

Valor imoral

Um pedinte maltrapilho dormia deitado em cima dum muro. A boca escancarada, denunciando um sono pesado. Mas, e ainda assim, tinha um ar de alerta impressionante - mochila às costas, uma das mãos cruzada no peito e outra por dentro das calças como se agarrasse o sexo.
A mochila às costas mesmo a dormir - tem medo de ser roubado. Estava alerta, portanto.
A mão cruzada no peito - protege-se a ele próprio. Sempre alerta, portanto.
A mão por dentro das calças agarrava o seu maior tesouro. Quando se tem tão pouco sobrevaloriza-se o que resta, era como se ele temesse que lhe tirassem aquele valor ou duvidasse que ainda lá estaria quando acordasse. Muitíssimo alerta, portanto...

Seria um retrato bem tirado. O meu primeiro impulso foi tirar-lhe uma fotografia, depois arrependi-me do pensamento malvado que tive, iria expôr um homem inofensivo e indefeso, iria aproveitar-me da condição dele e isso faria de mim alguém de mais baixo nível que o pobre homem.
Não tirei fotografia nenhuma, achei que o melhor era descrever a cena, eu que até gosto de escrever...

Malhas

Desta vez ela levantou-se e vi-lhe uma malha caída nas meias. Oh que falta de decoro, pensei ironicamente.
A saia era outra mas também esgaçada na racha. O casaco era feio e pobre, um daqueles impermeáveis quadradões que há no mercado ao preço da uva mijona.
Estou para aqui a pensar que a senhora em questão talvez não seja a mesma...
Adiante.
Aquela malha caída bem visível lembrou-me que há senhoras tão aprumadas e de tão fino trato que sofrem horrores sempre que se lhes rompe as meias. Conheço uma que não faz visita casual a ninguém se tiver um fio de cabelo fora do lugar ou uma roupa mais usada. Anda sempre im-pe-cá-vel! Ou por outra, faz por andar sempre im-pe-cá-vel! Não convive se não estiver im-pe-cá-vel!
Andar im-pe-cá-vel! dá cá uma trabalheira... Eu acho.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Lixo de Outono

Intervenientes:
A mui falante: almeida varrendo folhas do chão
A quasi muda: transeunte degustando uma sobremesa

Local e data:
Rua Brito Aranha - Lisboa, 11 de Novembro de 2010

Nota:
As intervenientes desconheciam-se mutuamente


Xi, olha para isto, tanta folha! Eles já sabiam que isto estava assim, por isso é que nenhum quis vir para aqui, tive de vir eu.
É preciso ter braços para isto e não é toda a gente que os tem! Então se estivessem tão doentes como eu... Tem que se trabalhar, não é? Senão não se ganha e depois é que são elas!
Oh, lá andam eles! Já há bocado passaram para ver se eu estava mesmo aqui a varrer! Oh, olha para aquele! Aquele pôs os cornos à mulher, deixou duas crianças, uma com dois anos e meio... E a outra deixou o marido para se juntar àquela porcaria de homem! As mulheres são uma parvas!
Oh, já enchi os dois caixotes, viu? É um instante enquanto os encho! Agora tenho que os ir despejar. É preciso ter braços para isto! Não é toda a gente que os tem e eu estou tão doente... Mas tenho que andar para a frente, é a vida!
Então adeus! Bom apetite! Hoje é o dia do são Martinho, não come castanhas e
augapé? Ah pois claro que sim, coma muitas!

Uma fotografia por dia que bem iria... (145)

Lisboa, 10 de Novembro de 2010

Uma apara de lápis com resquícios de carvão, uma borracha acabada de estrear e uma folha seca que encontrei no chão e me fez lembrar que as folhas têm avesso. Tudo isto dentro de um alguidar que ainda nunca serviu.
Não é que seja alguma especialidade, a fotografia, nem é que queira dizer alguma coisa especial com ela. É só uma fotografia fora dos meus cliques habituais.