No Metro entrou uma mulher cega. Tinha sono, estava sempre a bocejar. Dei por mim a pensar que nunca me tinha lembrado que os cegos dormem, se calhar tinha a ideia de que os cegos não dormem por estarem sempre imersos em escuridão.
Aproveitei-me do facto de sabê-la cega para olhar sem receio mas comecei a ficar um bocadinho apreensiva, parecia que a mulher estava a olhar-me directamente nos olhos, que me observava como eu a ela. Foi muito esquisito.
Entretanto, depois de tanto olhar para a mulher tive a certeza que era cega. Saíu do comboio algo titubeante, indecisa, sem rumo. Presumi que não cegou há muito tempo, ou então não está habituada a andar de Metro, ou não costuma andar sozinha. Tudo suposições, claro.
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