Levantei-me a custo, ai que me doi tanto a minha omoplata. Caminhei até à casa de banho com fortes dores no calcanhar esquerdo. Depois chegou a dor de cabeça, seguiu-se o sono e a astenia. Tenho que ir trabalhar. 'Bora lá... No caminho fico muito nervosa sem saber com o quê. Há um tremor cá dentro. Deixo-me estar quietinha a ver se passa. Quero deitar-me. Bebo um café, espirro três vezes. Dói-me as pernas. Suspiro com o desconforto nos braços. Tenho sono. Dói-me a tola. Subo escadas, dói-me mais a tola. Não quero fazer a ponta dum corno. Reponho artigos nas prateleiras. Espirro três vezes. Dou os bons-dias e as boas-tardes sem prazer. Quero deitar-me. Desejo tudo de bom mas não quero nada disso. Dói-me a mona p'ra caraças. Tenho muito sono. Enteso os ombros numa tentativa de elevar o pesado mundo que carrego. Fico rígida e dói-me toda essa zona do corpo. Custa-me horrores tentar desfazer a rigidez. Finjo que a desfaço. Fingir que não sinto nada cansa-me até mais não. Quero deitar-me. Procuro alhear-me de tudo o que me envolve. Espirro três vezes. Tenho sono. Dói-me os pés. Os calos dão cabo de mim.
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