Cada vez que lá vou saio sempre feita num oito. Subi a avenida devagar ao contrário do meu costume. Andei devagar para gastar o tempo que me sobrava e porque queria que as ideias refrescassem. Tenho que tomar uma decisão importante, pesar os prós e os contras e ver para que lado se inclina mais a balança.
Se disser que sim tenho que deitar para o lixo muitas das coisas que já consegui e que valorizo hoje. Se disser que não estou a desperdiçar uma oportunidade que possivelmente não voltarei a ver chegar até mim. Assim também estarei a deitar algo para o lixo.
Enquanto caminhava pensava na mistura estranha e por vezes explosiva que é a minha vida. Tenho a família e o trabalho. E tenho o trabalho e a família. Que estão mescladas, juntinhas e entrelaçadas uma na outra. Por causa da mescla e da laçada sinto que não tenho vida profissional. Até parece que nem trabalho... mas trabalho. Faço parecer que não me dedico mas dedico-me. Faço parecer porque tanta dedicação será, possivelmente, inglória e debalde.
Certamente verei o desfecho daquilo que hoje faço enquanto me dedico. Vai haver um dia em que eu vou subir a calçada como se ontem nunca tivesse existido... e passar numa rua desconhecida com um propósito que hoje desconheço.
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