sábado, 19 de julho de 2008

A Dona Antónia

O abraço que me deu foi apertadinho e sentido. Eu correspondi, foi tão fácil...! Os dois beijos foram repenicados e dados na face. Voltei a corresponder com gosto.
Depois, falou de si. Contou-me numa voz com um acentuado sotaque espanhol o que fez nos últimos dias - a doença, o que andou, o autocarro que não chegava, o cabelo, a comida, as amigas, os papeis na Embaixada Espanhola, a conta da luz e do telefone, que não deixa uma luz acesa, as novelas da TV, a roupa para lavar à mão, os manos e as manas lá em Espanha, os bolos que sempre deixa para os meus meninos...
A Dona Antónia só fala de si, tem um coração tão puro...! É alguém que possui uma nitidez de sentimentos que eu invejo. E é tão fácil gostar da Dona Antónia...! A Dona Antónia é tão pura, tão simples e tão nítida que é difícil elaborar um texto acerca dela...
Vou ficar-me por aqui. Ou então não. Eu devia era imprimir este texto e dar-lho a ler. Será que ela iria gostar? Será que ficaria feliz com o facto de alguém a observar ao ponto de querer escrever acerca dela? Será que compreenderia o que quis dizer?
Estas são das questões mais difíceis que encontro desde que escrevo. Tenho sempre medo da reacção das pessoas. Apesar da pessoa a quem me refiro neste post ser alguém com uma pureza de coração que admiro consideravelmente...

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