quarta-feira, 29 de abril de 2009

Esticão e mais coisitas


Deambulando pelas ruas lisboetas no meu costumeiro e, creio, já conhecido passeio vespertino, ia entrando nas lojas que me apetecia. Numa dessas lojas, ouço chamar:
- Olhe, minha senhora! Não se importa de chegar aqui se faz favor?
Acedendo ao pedido fui-me chegando. E então o que era? Era uma senhora que queria que lhe esticasse as cuecas. Calma! Não eram as cuecas dela, eram as cuecas que ela queria comprar para levar à amiga que ia visitar ao hospital logo de seguida.
Quando me aproximei entendi o motivo do pedido, a senhora tinha um braço ao peito e por isso não conseguia usar as duas mãos para esticar as cuecas de modo a perceber se serviriam à amiga, ou então não. Lá lhe estiquei as cuecas e ela pôde ver que serviam à amiga, sim.
Entretanto, depois das cuecas esticadas, ela continuou no ramerrão, falava das roupas em que ia mexendo e remexendo. Na verdade éramos duas, comigo a plagiá-la, pois claro! Dizia ela:
- Ando a escolher uma roupa para levar à procissão... Quero ver se quando chegar o dia já estou boa!...
Agarrei casualmente num vestido colorido. Ela, se calhar pelo colorido do vestido, atentou na minha direcção de novo. Mostrei-lho e elogiei-o - o vestido era muito giro! Mas ela logo lhe encontrou um senão:
- Ah, é muito decotado... para a procissão isto não serve…

Portanto, um vestido decotado não serve para a procissão. Quer isso dizer que serve para outras ocasiões, certo?
Há pessoas tão recatadas quanto verdadeiras…

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