Às vezes gostava de ver a minha expressão no momento em que estou a falar. Gostava de ter visto a cara que fiz quando um senhor me pediu uma moedinha para o comboio (ali assim não há comboio mas pronto, o homem podia estar a referir-se ao metropolitano...), mas dizia eu que gostava de ver a minha cara, porque o homem pediu a moedinha e logo de seguida despejou uma série de frases gastas sem lhes dar qualquer entoação. Eu, bem mandada que sou, acedi prontamente rodando nos calcanhares e indo buscar a moedinha. E - era aqui que eu queria ver a minha cara - com um ar condescendente pus-lha na mão, um ar do tipo 'está bem... vá lá, deixa-te de tretas e toma lá a moeda...'. Entretanto o homem ia desenrolando as tais frases com a tal ausência de entoação dizendo-me que pede porque tem que ir para casa, que só quer é arranjar o dinheirinho para chegar ao lar e que não faz mal a ninguém nem nunca quis fazer...
Eu, que no concernente à espontaneidade sou por vezes uma prova vívida da mesma, olhando penetrantemente o meu interlocutor - e aqui também eu queria ter visto a minha cara - repliquei que lhe ficava muito bem essa humildade e que assim era bem capaz de arranjar o dinheirinho dentro de duas ou três lojas, mais coisa menos coisa...
Eu, que no concernente à espontaneidade sou por vezes uma prova vívida da mesma, olhando penetrantemente o meu interlocutor - e aqui também eu queria ter visto a minha cara - repliquei que lhe ficava muito bem essa humildade e que assim era bem capaz de arranjar o dinheirinho dentro de duas ou três lojas, mais coisa menos coisa...
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