quinta-feira, 25 de junho de 2009

Obituário com provérbio a acompanhar


A Dona Maria do Carmo morreu. A morte não lhe apareceu de surpresa, havia já algum tempo que era vítima da doença que a finou.
É um bocadinho estranho o 'ir-se', o 'nunca mais'. Digo bocadinho porque não me atrevo a fazer sobressair o meu sentimento perante o tamanho sofrimento dos familiares. Mas estranho um bocadinho e quero escrever para não a esquecer.

Estranho já não ver mais a Dona Maria do Carmo de bata verde e vassoura na mão, limpando o átrio do prédio.
Estranho já não a ver a beber um cafezito sempre atenta ao derredor e opinativa até mais não.
Estranho que já não me divirta nunca mais com a sinceridade manifestada nessas opiniões, interessantes ou nem por isso, agora não faz diferença.
Estranho que não me diga nunca mais: 'Os seus meninos são tão lindos!' mesmo que eles não tenham deixado de ser lindos e que já não sejam meninos.
Esta última é a que estranho mais, pois 'quem meus filhos beija minha boca adoça' lá diz o provérbio.

Estranho isto e não mais que isto. Enquanto eu lidar com a morte de lado, enquanto não esbarrar nela ou ela não chocar comigo de frente... vai-se vivendo.

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