É morto. Este senhor é morto há muitos anos.
Conheci-o era eu ainda muito jovem. Diz-se que não prestava para nada, pelo pouco que conheci, e no pouco que conheci, concordo: não era grande coisa, não. Mas era poeta. E, em calhando, era louco: matou-se.
Tenho cá em casa um livro de poemas do supracitado senhor - ' Meus amores' - que nos foi gentilmente oferecido pela viúva em outubro de 1998. Retirei um poema que transcrevo:
Conheci-o era eu ainda muito jovem. Diz-se que não prestava para nada, pelo pouco que conheci, e no pouco que conheci, concordo: não era grande coisa, não. Mas era poeta. E, em calhando, era louco: matou-se.
Tenho cá em casa um livro de poemas do supracitado senhor - ' Meus amores' - que nos foi gentilmente oferecido pela viúva em outubro de 1998. Retirei um poema que transcrevo:
- Sou um poeta louco
Eu sou poeta e não conheço a altura
Sou como as flores que não conhecem ódio
Humildes, murcham junto à sepultura
E secam, festejando um episódio.
Sou dentro do meu bosque o varredor
Onde apodrecem folhas junto à vida
Entulho acumulado pelo amor
Manhã de outono, triste, adormecida
Sou dia e noite - Sou tempo sem sorte
Sou fogo e alvorada que se esfuma
Lanterna fraca, iluminando a morte
Penso ser tudo - e sou coisa nenhuma
Sou corpo velho, escanzelado e feio
Sou um poeta louco - enfrento o tino
Besta altruista que suporta o freio
Um forcado nos cornos do destino.
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