Não raras vezes falo olhos nos olhos com as mais diversas pessoas. Às vezes lá me calha ter de lidar com um olhar vesgo. Normalmente, face a olhares desta natureza, concentro-me no olho bom. É um problema, o meu olhar sempre quer fugir para o olho mau mas são tantos os anos de prática que já quase aprendi e lá me vou safando.
Noutro dia, e há sempre um dia, calhou-me um olhar vesgo como nunca antes. O pobre homem tinha ambos os olhos vesgos e bons simultaneamente. Porém, iam alternando um e outro, ora estavam direitinhos ora se desviavam para um ou para outro lado, criando uma expressão grotesca na cara do coitado. E eu queria tanto concentrar-me no olho bom... Mas assim com tanto mudar de posição tinha a tarefa muito dificultada.
Para além de o senhor possuir o olhar vesgo mais incrível que vi até hoje, parecia não ter os cinco sentidos bem medidos, era maluquinho, vá. Deixei-o falar, é comum estas pessoas serem muito fáceis de lidar pela sua ingenuidade. Bastou-me ter uma postura semelhante à que tenho quando converso com uma criança e ele ficou feliz e satisfeito, conversando animadamente.
Contava-me que esteve nas termas e quando quis demonstrar-me o que lhe faziam para tratar a sinusite esticou o dedo direito à minha cara. O dedo a meio caminho, perguntou:
- Posso tocar-lhe? A menina não se importa?
Balbuciei um 'não' respondendo à segunda pergunta, um 'não' surpreendido. A surpresa deveu-se à ideia de que não é preciso ter os cinco bem medidos para se ser educado e que há muita gente que diz ter juízo mas lhes falta a educação que este homem infantil e ingénuo tinha.
Talvez as crianças sejam mesmo o melhor que o mundo tem.
Noutro dia, e há sempre um dia, calhou-me um olhar vesgo como nunca antes. O pobre homem tinha ambos os olhos vesgos e bons simultaneamente. Porém, iam alternando um e outro, ora estavam direitinhos ora se desviavam para um ou para outro lado, criando uma expressão grotesca na cara do coitado. E eu queria tanto concentrar-me no olho bom... Mas assim com tanto mudar de posição tinha a tarefa muito dificultada.
Para além de o senhor possuir o olhar vesgo mais incrível que vi até hoje, parecia não ter os cinco sentidos bem medidos, era maluquinho, vá. Deixei-o falar, é comum estas pessoas serem muito fáceis de lidar pela sua ingenuidade. Bastou-me ter uma postura semelhante à que tenho quando converso com uma criança e ele ficou feliz e satisfeito, conversando animadamente.
Contava-me que esteve nas termas e quando quis demonstrar-me o que lhe faziam para tratar a sinusite esticou o dedo direito à minha cara. O dedo a meio caminho, perguntou:
- Posso tocar-lhe? A menina não se importa?
Balbuciei um 'não' respondendo à segunda pergunta, um 'não' surpreendido. A surpresa deveu-se à ideia de que não é preciso ter os cinco bem medidos para se ser educado e que há muita gente que diz ter juízo mas lhes falta a educação que este homem infantil e ingénuo tinha.
Talvez as crianças sejam mesmo o melhor que o mundo tem.
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