segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria...(1)


Criei uma nova etiqueta: 'Uma fotografia por dia que bem iria...'
Existem dois poréns, e isto é uma espécie de desculpa, um é a incerteza de todos os dias haver fotografia, o outro é a quase certeza de nem todos os dias eu ter uma fotografia gira e interessante tirada no dia corrente. É, portanto, bem possível que por aqui apareçam fotografias de dias já passados. Mesmo assim, com estes poréns, continuarei.
Mas há mais, estou dividida: tenho dois blogues, uma ideia nova em termos de fotografias para explorar e não sei em qual dos dois blogues publicar a nova ideia.
Se por um lado o outro blogue foi criado pensando em exclusivo nas minhas fotografias, por outro este Verde Água, sendo mais visto e sendo o meu primeiro amor, tenho mais vontade de escarrapachar aqui e não ali o que inventei hoje mesmo...
E é assim: ganha este blogue! A fotografia de hoje segue já e depois o comentário relativo à mesma.





Dantes ali era uma mercearia, agora é um café. Um café com prateleiras recheadas de guloseimas refinadas: bombons, frutos secos, chás, cafés, bolos e bolachas. Aquelas guloseimas requintadas, que há quem chame gourmet.
O espaço é engraçado, está-se ali bem e o café é bom. A bolachinha que o acompanha, não lhe ficando atrás, ainda vem com a benesse de ser incluída no preço do café. Aquela frase, ou ideia: 'não paga mais por isso' é música para os ouvidos de qualquer cliente.
Há muito anos, no tempo da mercearia, carregava eu o rico filho na barriga, deu-me fome (vá-se lá saber porquê, isto da fome!) e fui lá comprar fruta. Assim que entrei senti-me num mundo à parte, olhei os armários de cor creme, o balcão em pedra gasta pelos anos. As mercearias, as frutas e os legumes, tudo limpinho e arrumadinho no sítio, devido à escassa clientela, talvez. Numa primeira instância o lugar aparentava duas coisas: desgaste e inércia. O senhor que estava a atender, o dono do negócio, era já muito velhinho. Combinava na perfeição com toda aquela visão que estava diante dos meus olhos.
Em 1994 eu já era perspicaz, tinha a mania do pormenor e isso, de olhar perifericamente com muita atenção, bem como de abordar as pessoas debaixo de alguma ingenuidade.
- Ah! - Exclamei. - Isto é tão antigo!
O homem riu-se para uma jovem senhora de barriguinha cheia de vida. Nunca mais esqueci o que ele disse:
- É assim como eu! Também sou antigo!
Um tempo depois o senhor morreu. Durante largos anos as portas mantiveram-se seladas. Depois voltou a haver vida. É sempre bom os locais reviverem...
E hoje, olha... clique!

Lisboa, 15 de fevereiro de 2010



2 comentários:

Manuel disse...

A sua incerteza em qual dos blogs publicar as fotos foi ultrapassado.
Ainda bem, porque este é o que eu conheço e é neste que terei o prazer de as ver.
Começou bem. Boa foto e bom comentário de um quotidiano que nos acompanha.
Parabéns.

Gina G disse...

Ah, obrigada!

Pensei que conhecia o outro blogue porque é um dos seguidores...