Hoje fui à minha rua. À minha terra e à minha rua. Está diferente aquela rua: há casa novas, há pessoas novas e há cães que dantes não existiam. Ladravam à farta enquanto eu caminhava. Pareciam anunciar uns aos outros a minha presença fazendo grande banzé.
Por causa do barulho o vizinho Artur, que me conhece desde os meus seis anos, assomou à janela do quarto. Reconhecendo-me brincou:
'Que é que andas aqui a fazer?'
Entretanto chovia. Uma chuva pesada, grossa. Tive de gritar:
'Vim ver os primórdios!'
'Hã?'
Apercebi-me que usara uma palavra desusual na linguagem corrente da maioria das pessoas. Entretanto também pensei que tinha mas era dito uma grande asneira. Ná... Não tinha dito asneira nenhuma. Repeti:
'Vim ver os primórdios!'
'Ah...'
O vizinho Artur não me entendeu. Paciência, se tiver muita vontade de entender consulte um dicionário.
Pinheiro de Loures, 21 de fevereiro de 2010
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