Há uns dias reparei num banco gasto que está na loja do senhor Salvador. Comentei com ele a aparência do banco e disse-me que já lá estava quando ele foi trabalhar para ali, há quase 42 anos. Conversa daqui, conversa dali, fiquei a saber que o senhor Salvador iniciou a sua doce actividade em Julho de 1968, ou seja, quando eu nasci.
Depois deste facto descoberto, bem como a minha idade desvendada, o senhor Salvador deixou-se-me dizer:
'A menina ainda é uma jovem!'
Pensei que comparada com ele é facílimo parecer jovem.
Voltei a centrar a minha atenção no banco tosco e lascado. Anunciei à laia de pedido que qualquer dia levava a máquina fotográfica para lhe tirar uma fotografia... Respondeu prontamente que sim, que há dias até estiveram lá duas senhoras dizendo que ali era mesmo giro para fazer um filme e assim. Achei que era bem possível isso do filme, afinal o lugar possui um conjunto de cores e formas gulosas e tão variadas que dá gosto ver. Para mais, o que se vê é para comer e cheira bem. O cheiro é bom mas isso o filme já não consegue transmitir, tem que se ir lá e inspirar.
Uns dias depois, quando precisei de chocolate em pó, pensei:
'Não é tarde nem é cedo, é mesmo a boa hora.'
E levei a máquina. E não estava lá ninguém. E pedi ao senhor Salvador para clicar. E clique!
Lisboa, 19 de fevereiro de 2010
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