terça-feira, 13 de julho de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (73)




Primeiro ouvi telefonemas vários. Ela tanto distribuía informação a quem lha pedia como falava com alguém acerca de um assunto que supus particular.
Depois chegou outra. Sorriu-me muito, desejou-me a boa tarde e sorriu mais ainda. Fiquei perdida com tanta (eventualmente) boa atenção. Tão perdida que após ter retribuído a saudação até desviei o olhar. A que chegara entrou para falar com a dos telefonemas e quando saiu perguntou:
- Desculpe, está à espera de alguém?
Não gelei porque havia mais sorrisos para mim. Fiz que não num gesto contrariando com a resposta:
- Estou à espera do meu marido que está ali dentro a fazer um trabalho.
Ela continuou com os sorrisos, dava a ideia de ser a relações públicas dali pelo modo exaustivo e hipócrita como tentava pôr-me à vontade. Há certos sítios onde não me sinto confortável em esperar, em particular gabinetes estatais, presentemente tenho horror a colegas e coleguinhas, parecem-me todos uma cambada de abrutes esperando a morte para comer os restos. Manias de quem tem como únicas colegas as montras.
Mas... e para terminar: o constrangimento dá uma certa pica e depois tiro fotografias assim com pouco jeito como esta.

Lisboa, 13 de julho de 2010


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