Vista do Hospital Dona Estefânia sobre ruas que não sei identificar, 9 de Dezembro de 2010 |
Começo com o que mais importa, a boa notícia:
Foi à consulta e dissemos adeus ao pé de gesso. O osso solidificou, não lhe dói nada, nada, nada e agora é só andar, andar, andar para deixar de ter o pé e a perna bué fininhos. Ufa, já passou!
Na sala de espera havia muita gente. Pais, mães, bebés, crianças e... - incrível! - dois ou três adolescentes.
Uma televisão transmitia um programa qualquer daqueles de boas causas - apanágio de Natal... - a par com os números de senhas.
Em certa altura passou uma reportagem de rua onde perguntavam às pessoas o que fariam se fossem governantes. Eu cá lembrei-me logo que não faria nada de muito diferente... Uma adolescente de perna partida respondeu muito depressa: 'olha, eu cá não roubava!' e a mãe da rapariga enquanto mostrava uma dentadura baixinha a quem quisesse ver - e eu quis! - Exclamou bem alto: 'eu cá atirava-os todos ao Tejo!'. Rimos todas três.
Depois cantou a Ágata. Deve ter cantado muito bem mas não se ouviu nada, a televisão encontrava-se no mute. Não sei se devido ao silêncio, a Ágata pareceu-me uma cantora muito expressiva...
O rico filho leu o jornal para matar o tempo. Olhei melhor e vi que lia um artigo sobre diabetes. Hum... Achei aquilo pouco alusivo à sua faixa etária e muito menos à sua personalidade mas fiquei curiosa e perguntei-lhe o que achara do artigo. Disse que ensinava as pessoas a prevenirem a doença tendo cuidado com a alimentação e fazendo exercício físico e anunciou-me que o Loureshoping já tem um desfibrilhador para o caso de alguém lhe dar o badagaio enquanto passeia ou faz compras.
A radiologista:
'Hum, deixa-me adivinhar... partiste o pé a jogar à bola.'
(Parece que é prática comum nestas idades.)
'Está grávida, mãe?'
(Parece que ainda conservo ar de quem tem idade para procriar. Fantástico!)
O senhor doutor lá estava, jovial e bem-disposto, ria que se desunhava! Observou o RX enquanto atendia o telefone - ai as coisas que a gente faz ao mesmo tempo... - e disse que estava tudo bem tornando o rico filho um rapaz cheio de alegria por momentos e a respectiva procriadora felicíssima durante longos momentos.
Ao passar pela sala de espera para abalarmos de vez daquele lugar, não me esqueci de despedir da senhora da dentadura baixinha nem da rapariga da perna partida e desejar as melhoras. Retribuíram à saudação todas contentes.
À saída, já na rua, andámos um pouco mais que o costume e quando apanhámos o táxi o rico filho não quis ocupar o lugar da frente, diz que estava cheio de saudades de viajar atrás.
E assim termina, espero, a saga 'pé de gesso' neste blogue.
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