sábado, 8 de janeiro de 2011

Lisboa, 5 de Janeiro de 2011

Como vem sendo hábito: ontem bebi um café na casa dos livros tal e tal, hoje bebi um café na casa dos livros tal e tal.
O café tem dois preços, resultado de haver posse de um mero cartão cliente... ou então não. Sou do segundo grupo; não tenho cartão. Às vezes cobram-me como se o tivesse, e eu, que tenho um prazer especial em enganar as pessoas (ou deixá-las enganadas) com coisinhas perfeitamente inúteis, deixo-me ir na onda, aproveitando a ocasião para me deleitar com a ninharia para lá de estúpida que é ficar com mais dez cêntimos na carteira.
Ontem a moça perguntou educadamente se eu tinha cartão ou se trabalhava no banco assim-assim, respondi negativamente às duas perguntas. Apesar dos deleites parvos que relatei acima, na grande maioria das vezes não sou pessoa para mentir. Não ter cartão cliente nem trabalhar no banco assim-assim é um infortúnio, ao que parece. 'Eu tentei...', disse a moça com um ar falsamente desolado.
Hoje a moça não alterou o questionário mas no fim reconheceu-me de ontem, creio, e desculpou-se dizendo que conhece as caras mas não se lembra se têm ou não o cartão.

Depois disto dei por mim a pensar que gosto que me façam perguntas, independentemente do género. É fácil, é só responder. Nem sequer me importo se perguntam porque fiz/disse/pensei isto ou aquilo. Os porquês não me amedrontam, antes os julgamentos. Esses é que são duros de roer...
Detesto debater ideias mas gosto de as expôr. O fulcro da minha aversão aos debates é o facto de achar que todas as pessoas estão certas e, depois de esmiuçados os (incontáveis) pontos de vista, e sendo a discussão sensata e sem tensões, a coisa morre. E morre sem graça, ainda por cima.
Sei, também, que gosto de ser questionada porque não o sou frequentemente. É, portanto, natural que ache montes de piada a perguntas singelas e isentas de maldade.
Perguntem, vá, perguntem!

Sem comentários: