O moço do escritório estava na pausa vespertina. Fumava um cigarro com prazer, pé apoiado na parede, mão contrária enfiada no bolso das calças, ar descontraído... Precisava falar-lhe. Precisava muito... O bom senso avisava-me com todas as campaínhas que esta era uma oportunidade que não me podia escapar. Esta era a oportunidade.
O moço do escritório tem como função efectuar pagamentos, de maneiras que eu precisava muito falar com o moço do escritório. Muito mesmo... Cheguei-me o mais que pude a ele, por modo a falar baixinho, e desbobinei a cantilena habitual dos credores. Apanhei-o mesmo acabado de chupar o fumo, naquela altura em que os fumadores ficam com o seu interior empestado de nicotina. O moço do escritório, esse jovem simpático e de trato fácil, tinha os pulmões cheios de fumo mas não podia expeli-lo porque eu estava tão perto da cara dele, falando da dívida em surdina. Pobrezito...
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