Uma florinha limita-se a ser bela, é uma vida, ainda assim é uma vida, mas estática.
A florinha ali estava, embelezando o lugar, fazia parte dum arbusto muito florido. Passou uma mulher que parou a olhar para ela e achou que o perfume que lhe invadia as narinas vinha das florinhas. Que pena não poder colher umas quantas e levá-las para casa, pensou. Pô-las-ia numa jarra em cima da mesa, ficariam lindas ali e perfumariam a sala, continuou a pensar. Colheu uma, uma só. Cheirou-a demoradamente e observou-a com minúcia. Não era uma flor, eram muitas, pequeninas flores lilazes.
Foi andando de florinha na mão e sentou-se num banco de jardim fazendo tempo até chegar a hora de consumar o que a levara àquele lugar. Sentada, voltou a mirar a flor, rodava-a na mão a ver se lhe achava uma posição gira para uma fotografia. Não achou.
Estava calor, a mulher começou a suar e a sentir-se menos bem debaixo do sol escaldante e ia mudar-se para o banco de jardim à sombra, mesmo em frente. Deu-lhe pena deitar a florinha ao chão, de maneiras que pô-la encaixada entre duas ripas do banco.
Foi então que chegou uma senhora e se sentou no banco ao sol. Encontrou a florinha, ali tão bem pousada e esboçou um sorriso e fez um esgar de surpresa. Cheirou a florinha, rodou-a várias vezes na mão como quem decide um destino, enquanto sorria com a feliz casualidade. Decidiu espetar a florinha no casaco e ali ficou chupando rebuçados de limão e ostentando uma beleza do mais natural que há.
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