Tinha uma colecção invulgar: burros. Burros de louça, de cortiça e sei lá mais o quê. Diz que haviam vindo de diversas partes do mundo, conforme eram as viagens. Colecção do caraças... Ocupavam toda uma prateleira de um móvel nada pequeno. Havia ainda lá ao canto um burro enorme em peluche.
Tinha um cão preso numa divisão que ladrava sempre que achava que estava a passar-se algo de excitante. A prisão é do piorio, pobre animal, mas suponho que o senhor o prendera por não ser de confiança.
Tinha outro cão aleijado das duas patas traseiras, uma encolhida, tanto que nem tocava no chão por mais que se esforçasse e a outra estava de esguelha. Tinha uma figura estranha, o bicho. Rosnou-me quando me aproximei para escrutinar a imensidão de burros. Não fiz caso, não meteu medo, é uma daqueles cães que a gente rosna para eles ou bate o pé e cagam-se todos de medo.
Curioso, este lar.
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