A minha vida não passa de mediana. Sou de média estatura, médio corpo e agora até sou de meia idade. Quando casei não era extremamente nova ou velha demais para noiva. Fui mãe nas mesmas condições, as gravidezes foram normais, os partos idem, os filhos com o intervalo de anos que tinha idealizado, na sua criação nunca ocorreu nada de extraordinário. Sou, por isso, uma mãe normal.
É tudo normal.
Não tenho uma inteligência abaixo ou acima da média, não tenho uma sensibilidade fantástica para coisa nenhuma, não tenho um dom especial.
Nada. Não passo de média, normal, vulgar.
Nada de anormal se passa na minha vida, portanto. O que é bom, deveras agradável. Encontro-me em constante equilíbrio, ao ponto de nunca cair para o lado do mal ou para o seu oposto. Mas estas coisinhas por vezes conferem-me um certo ar de pãozinho sem sal, ou de não ser pão nem bolo. Aí já não terá tanta piada, acho.
Sinto falta duma marca qualquer, estou em idade disso, nesta idade as pessoas são desequilibradas, fogem da linha, assumem-se, são algo. Se o algo é positivo ou nem por isso, não interessa, não é esse o fulcro. As pessoas são isto ou aquilo, é o que lhes sinto no olhar, nos gestos.
Eu não. Eu sou mediana.
Tenho tentado descobrir se é essa a minha marca...
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