Sobre um alcatrão escaldante, o carro engolia os quilómetros sem se negar. Milena segurava na mão um par de brincos de pechibeque que lhe haviam corroído os lóbulos delicados. Ia deitá-los fora ali assim, talvez no semáforo.
O carro estacou no sinal vermelho, era a hora. Milena despediu-se do ornamento reles que a amiga lhe oferecera nos anos. Adeus, pobres diabos, vão ferir as orelhas da puta da mãe! Os brincos não têm mãe, é certo, mas escolham uma mãe qualquer para lhes rasgar as orelhas!
Aqueles brincos, lindos e vermelhos mas de pechibeque ruim, hão-de ter sido encontrados por uma puta que ande na rua de cornos inclinados para baixo. Milena sabe como são essas coisas.
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