No consultório da senhora doutora ouvia-se um som de água a correr por entre as parcas palavras dela e as minhas frases entrecortadas. Noutros momentos estávamos as duas caladas, o silêncio acontecia quando ela pensava consigo mesma acerca do que fazer com a minha doença. O silêncio não, o barulho de água a correr, quero eu dizer. O outro som que se ouvia era o teclar os meus números de saúde por modo a introduzi-los no computador. E a água sempre a correr. Oh céus, que vontade de perguntar à mulher se aquilo a acalma!
Houve uma altura, numa das minhas poucas queixas, disse que sentia uma grande astenia. Ainda pensei numa maneira de pôr a palavra ‘asténica’ lá no meio mas não tive tempo para pensar. Imaginei a senhora doutora derretendo-se com o alto gabarito da minha expressão. Tal não aconteceu.
«Está na hora de pararmos», diz ela… É agora, tal está a acontecer.
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