sábado, 17 de setembro de 2011

A beleza

Tinha as mãos encarquilhadas da velhice. Era uma senhora vaidosa e exigente. 
Olhe aqui este cabelinho no ar, ponha-o lá no sítio, se faz favor.  
Educada, ao menos.
Creio ser das mais difíceis, a profissão de cabeleireiro, tem de se dizer que está muito bem, muito bonita, a velhas carcaças, esboços-fantasma de outrora. Para mim seria terrível ter de mentir assim.
Não que não existam belas senhoras idosas, há um certo tipo de beleza que só as velhas possuem, mas normalmente está mais ligado ao espírito que ao físico, é a beleza que transparece no rosto, um saber-viver que lhes ilumina o rosto. As novas não têm sabedoria para ostentar tal tipo de beleza... É a vida.
Depois há aquelas como eu, que estão a meia haste, ou bocadinho mais para lá da primeira metade da vida, vá. Não somos novas nem velhas, andamos a aprender a ser velhas e a convencer-nos que ainda estamos aí para as curvas... É a vida.

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