quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Devia ter dito

Esteve aqui um senhor a fazer-me um inquérito. Como fui prestável e atenciosa, a cada piadinha das minhas o homem ria-se imenso, tentando retribuir o meu gesto. Um queriduxo...
Quando as perguntas findaram falámos mais um pouco, que eu quando quero sou uma jóia de pessoa.
Vieram à baila assuntos não muito variados, andámos ali à volta da estranheza que é a vida no geral e de cenas curtidas mais em concreto, uma vez que ele anda sempre na rua e eu viajo muito atrás dum balcão. Quis contar-me uma vez que viu num dos jardins mais frequentados de Lisboa uma senhora idosa aflitíssima para urinar, levantar a saia e pimba, fez ali assim, apenas resguardada por um banco às ripas. Depois pediu-me, rente à súplica, que lhe contasse uma das minhas cenas de balcão. Contei-lhe uma recente, um post que escrevi ontem.
Devia ter aproveitado o ensejo e revelado ao homem que escrevo imensas histórias de balcão num blogue, ele que as viesse aqui ler, seria tão mais fácil e prazeiroso. Mas não. Nada. A minha boca não se abriu para falar desta importante questão na minha vida: a escrita. Perdi uma oportunidade de resgatar um (possível) leitor. Outra vez.

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