Às vezes desejo ser um ser assexuado, não um ser hermafrodita, assexuado mesmo. Sem sexo. Sem esta mistura explosiva de olhares e sentimentos, arrepios corpinho acima, corpinho abaixo, suores e outros fluidos. Saliva e ranho, por exemplo.
Para mim, estar no ginásio é fértil nesse sentido, o sexual, lá eu relaciono quase tudo o que vejo com sexo e afins, sem que até hoje tenha descodificado o porquê. É por isso que os textos desta etiqueta (Dias de um ginásio) sempre acarretam perversidade e alguns até vão dar à libido. Depois canso-me disto, claro. Detesto escrever sempre do mesmo, acho uma canseira e, pior ainda, acho que será uma canseira para o leitor, pensamento que não suporto.
Ora acontece que hoje vou escrever doutra coisa. Vou escrever de barulhos. Barulhos no ginásio. Paisagem sonora, para ser uma prosa mais trabalhada.
Há música, uma batida forte para dar ginete, vozes em vários tons, máquinas em movimento, televisores... E depois há o aspirador, assim lá por baixo dos outros sons, mal se ouve mas faz uma diferença do caraças. Ô-ô-ô-ô-ô-ô-ô-ô-ô....
Sim, eu sei, é melhor escrever perversa e/ou libidinosamente, é.
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