Lagariça, 2 de Setembro de 2011 |
Escrever pode ser sufocante. Existe um fosso, um vácuo, um sítio qualquer sem ar onde por vezes paira o ato de escrever. Não há qualquer ligação entre a pessoa que escreve num blogue e a pessoa que fala e ri, não se misturam.
Aboli o nick de blogger, a partir de hoje assino os posts como Gina. Nunca procurei o anonimato mas sempre permaneci na penumbra, o que não é de admirar já que não me mostro muito. Com este último acontecimento (A entrevista!) percebi que nunca estive tão à mostra como agora, da Gina conhece-se o rosto, a voz, o riso, o olhar... até se sabe o sobrenome! Acabou, aboli a Gigi! Há anos que queria deixá-la.
Tenho para mim que esta será a última vez que deixo a entrevista em destaque no blogue, receio ser monótona e egocêntrica, escrevendo sempre do mesmo, olha para esta armada em estrela e mais não sei quê. Com tantos posts dedicados ao mesmo assunto demonstro uma alegria semelhante àquela que os adeptos do Sporting sentem quando a equipa deles ganha um jogo. Coitadinhos, tão famintos de vitórias e atenção, qualquer coisita é motivo para festejar...
Mas nem tudo são rosas, sinto pudor da exposição, há um desfasamento enorme entre o que imaginamos ser um blogger e o momento em que ele se materializa, isso asusta-me um bocado, creio ser sempre algo chocante. O pudor leva-me a querer troçar de mim mesma e esforço-me ao máximo por não 'ver' os pontos maus da entrevista, tanto que já me deu vontade de escrever acerca dos podres uma carrada de vezes. Contive-me, porém, há sempre uma voz que diz:
«Gina Maria, deixa-te dessas merdas! Depois as pessoas não te querem ver nem ouvir, já viste que estás sempre a dizer mal de ti mesma? As pessoas que tirem as suas próprias conclusões, não achas?! Não tens nada que as ajudar nesse sentido!»
Vá lá, vou só comentar a voz fanhosa que eu, uma pessoa inteligente e tímida mas extremamente constipada, apresento:
«Credo, que voz nasalada, que horror, oh céus! Tu cala-te, mulher...»
«Credo, que voz nasalada, que horror, oh céus! Tu cala-te, mulher...»
Não obstante, por modo a salientar pontos positivos, e para deixar no ar a ideia de que estou permanentemente envolta num manto de glória (terrestre!) vou registar o que mais gostei de ver na entrevista: o meu olhar é fantástico, quando falo da escrita os meus olhos brilham intensamente, desconhecia completamente que esse brilho existe em mim. Foi esta a melhor parte.
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