quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Se escrevo tudo o que me apetece? Não.

Escrever é inconveniente, para escrever 'bem' é preciso pôr o dedo na ferida, ninguém lê o blogue (ou os artigos de jornal, ou o livro) duma pessoa que não tem a certeza do que diz, que se refugia, que revele uma pontinha só que seja de insegurança. Eu escrevo para ser lida e ninguém regressará aqui se eu não for objetiva e (ao menos um bocadinho) tenaz, ou até mesmo excêntrica.
Depois fica-se viciado nisto, claro. A ideia de ter uma voz importante para os outros é fantástica. Tão fantástica quanto ilusória, eu sei. Paciência. Não quero saber.

Comecei este post com a ideia de falar do item 'não escrever tudo o que me apetece' mas desviei-me.
Não, não escrevo tudo o que me apetece. Nos últimos dias tive momentos de tristeza profunda e a vontade de escrever revelou-se intensa, quase incontrolável, mas detive-me porque seria demasiado inconveniente, corrosiva, até. Há coisas que têm de ficar cá dentro. A mim já não chega escrever num papel e guardar na gaveta, o que eu quero é ser ouvida. Quero badalar as minhas opiniões e os meus costumes.
Mas não posso usar sempre o badalo na minha vida, assim sendo, aguentei a dor e contornei a coisa. Nos ultimos dias escrevi umas quantas mentiras, uma catrefa de interesses interessantemente interessantes, lembrei a infância, contei do primeiro dia de escola, da minha mãe e da minha avó.

Escrever pode ser sufocante. Existe um fosso, um vácuo, um sítio qualquer sem ar onde por vezes paira o ato de escrever. Não há nenhuma ligação entre a pessoa que escreve num blogue e a pessoa que fala e ri, não se misturam.
É estranho porque sou fiel à minha personalidade, não finjo ser outra quando estou a escrever. Mas sou.
Com o correr dos tempos e de tantas palavras escritas fui deixando de me ralar com esta dualidade. Ao momento sei que nem sequer se trata de uma dualidade mas sim de uma lista imensa de sentimentos que afloram repentinamente e me transformam em alguém que adoro... ou então não. Personalidade múltipla, pode chamar-se. Marimbo. Quando não, transformar-me-ei numa 'fernanda pessoa' ou assim e eu não quero nada disso na minha vida. Eu só quero escrever. Tão simples assim, sim.

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