Está sempre ali sentada no pequeno muro que circunda o acesso ao parque subterrâneo. Agarrada ao telemóvel. Blá blá blá e mais blá blá blá. Comunica. Vive. Imagino que esteja falando com o marido ou filho pré-adolescente. Mas isso não tem piada. Piada teria se ela estivesse falando com o amante. Em gemidos incontroláveis por entre os sussurros de paixão. Piada teria se aquela fosse a única hora disponível para dar largas à controvérsia do que sente. Que puta! Aí é que a trama seria mesmo boa, apetecível, perversamente tenaz. Uma puta faz muita falta a uma trama...
Então e se ela fosse fufa? Melhorei a ideia, aí é que era uma bomba! Mas com as modas de agora tinha de a envolver com pelos menos duas gajas daquelas que caçam cricas nas noitadas do Bairro Alto. E pô-la como traficante de drogas pesadas, já agora. E ainda tinha de arranjar um espacinho para o proxeneta. E as brasileiras. Ou nórdicas. Daquelas que fazem tudo com a língua. Estas entravam onde? Onde deixassem, claro...
Mas afinal não. É apenas uma mulher que tem um tempinho livre depois de almoço e antes de voltar ao trabalho...
Sem comentários:
Enviar um comentário