Tenho um vendedor que coloca a palavra 'senhora' no fim de todas as frases.
«E do artigo tal, hoje não vai nada, senhora?»
«Ah, esse produto aí está em promoção, senhora.»
Não é que o tratamento seja profundamente enternecedor mas ainda assim é fofinho e queriducho. Este senhor é muito comunicativo e sorridente, dá-me uma atenção especial desde que percebeu a mulher cheia de piada que sou. Não é que eu saiba ser essas coisas fantásticas, não sei, é antes porque caí em graça. 'Mais vale cair em graça que ser engraçado', lá diz um dos ditados mais certeiros que conheço.
Falámos da dificuldade em secar a roupa com este tempo e da maneira como deixamos a casa, roupa aqui e ali, a ver se seca. Qual é o homem, por mais fofo e querido que seja, que conversa comigo acerca das lides domésticas?!
Hum, só se for o sô Ventura, um outro vendedor que tenho, este bem menos comunicativo mas também se dá à fala de quando em quando e dispõe de fofuras e queridezas para distribuir uma vez ou outra, se bem que muito menos entusiasticamente.
Falámos da roupinha de nossas casas (também?!), o sô Ventura diz que é homem para estender a roupa a preceito... O que me assombra de tal maneira que exclamo:
– Bolas, ó sô Ventura, você é um homem do caraças!
– Mas não ponho as molas a condizer...
– Pois, eu também não! Era o que faltava!
Sem comentários:
Enviar um comentário