Lisboa, Avenida Almirante Reis, 14:50, semáforo vermelho para os peões. Estaquei. Ao meu lado um jovem assobiou. O som aborreceu-me um pouco mas não liguei. Ele insistiu. Olhei de soslaio, chamava um colega/amigo que se encontrava do outro lado, foi o que vislumbrei. E vi mais. Ele a fazer 'o passarinho' - aquele gesto feio - para o dito colega/amigo.
Não é que tenha ficado muito ofendida com o vislumbre, fiquei um bocadinho, vá. Mesmo que ponha uma capa de mulher desinibida, essa capa não passa duma farsa, fico embaraçada com muitas cenas que vejo.
Escusava de ver isto, pensei eu, não me adianta nada esta cena, não me altera para melhor, não edifica.
Mas não, voltei a pensar, esta é uma cena da vida, do meu quotidiano, é como ver pela primeira vez.
Se eu pensar assim – é como ver pela primeira vez – será sempre bom. O mau é bom também. Porque o bom da vida é, essencialmente, vivê-la.
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