A minha vizinha dantes gostava de vir cá a casa. Adorava a feijoada e o arroz de atum do Luís, a minha lasanha, o meu arroz-doce, o meu bolo de nozes. Lambia-se toda degustando as minhas comidinhas. Sei que a melhor maneira de consquistar as pessoas é através do estômago. É e sempre será assim. E aquela vizinha e amiga tinha sido conquistada pelas iguarias que sou capaz de preparar.
Estou em crer que ela ainda adorava mais o facto de essas visitas a dispensarem da trabalheira que é cozinhar e ao depois limpar e arrumar tudo.
Um dia, à laia de desculpa, perguntou-me:
– Ó Gina, isto dá-te muito trabalho, não dá?
Respondi afirmativamente, não tenho jeito nenhum para resguardar as verdades. Nunca mais cá veio.
Contar este episódio fez-me lembrar do seguinte: a minha mãe conta que a primeira palavra que eu aprendi a a dizer foi 'não'.
Sempre achei esta vivência engraçada (que não recordo pois consta que tinha oito ou nove meses), porque, curiosamente, esse vocábulo tão impetuoso quanto cortante tem-me acompanhado vida afora. Não sinto pudor em negar, que se há-de fazer?
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