Nota antes da nota prévia: este post é particularmente extenso mas desprovido de subtilezas. Já a escolha do título... é especialmente ardilosa.
Nota prévia: este post vai ser escrito pelo tal alter-ego. O meu. Tem de ser, é que a outra não sabe escrever.
Nota prévia: este post vai ser escrito pelo tal alter-ego. O meu. Tem de ser, é que a outra não sabe escrever.
Já sabemos que é o alter-ego que escreve no blogue, não é a pessoa que fala, ri e chora. Já sabemos. Os bloguistas sabem, os leitores assíduos e conhecedores da blogosfera, idem.
Mas há uns dias, ou momentos, que num espectro reluzente me apercebo do quanto sou raquítica e baça em pensamentos e quão desinteressante é a minha vida e o que há cá dentro é tão lastimoso que é uma canseira descrever... E ler. É aí que me viro para outros costumes, vivências, pensares e afins. Como o caderno de encomendas do sô Ventura, por exemplo, esse objeto misto de absurdez com singularidade...
- Posso escrever um texto acerca do seu caderno de encomendas tricolor e super-interessante?
– Você pode escrever o que quiser.
– Hum, ok, eu reformulo a pergunta: posso publicar um texto e blás?
– Pode. (quero lá saber...)
– Quer aprová-lo previamente?
– Não.
– Você pode escrever o que quiser.
– Hum, ok, eu reformulo a pergunta: posso publicar um texto e blás?
– Pode. (quero lá saber...)
– Quer aprová-lo previamente?
– Não.
O dono deste caderno é um homem cheio de requisitos, muito organizado, tão organizado que roça o ridículo. Profissionalmente, ao longo dos anos tenho sido familiarizada com este caderno de encomendas que considero singular, no mínimo, e isto para ser uma boa senhora, uma vez que teria pela frente um sério problema se quisesse entender o sistema ou, pior ainda, se tivesse de trabalhar daquele modo. Quanto a mim é especialmente absurdo escrever às corzinhas, tudo bem ordenado. E difícil, muito difícil, tenho andado a escrever este texto há semanas porque ainda não consegui sequer decorar o sistema das cores do sô Ventura. Eu queria descrevê-las aqui mas não vai dar... Fica-se a saber que são três cores e pronto. Tudo bem escrito, com os números todos que compõem as referências e medidas, números de Notas de Encomenda (será?!) a vermelho (não tenho a certeza, se calhar é verde...), a lista é razurada quando aviada (acho que é assim...). Tudo nos conformes. Tudo assim. Tudo igual. Igual, igual, igual.
Credo, homem, você não se cansa dessa previsibilidade?
Desse 'mais do mesmo'?
Que é feito da elementar surpresa?
Dorme sempre virado para a esquerda?
Os sonhos repetem-se noite após noite?
A sopa é a mesma todos os dias?
E o cavalheiro em questão toca de escrever como sabe; de se fazer entender a si próprio como entende; de se fazer notar... como não quer.
Um dia faltou-lhe a caneta 'ah, o senhor Joaquim levou-me a minha caneta preta (ou azul, sei lá eu!). E o homem fica aflito porque tem de escrever com aquela cor e não tem como porque o senhor Joaquim lhe levou a caneta inadvertidamente?! Oh céus... Eu acho este viver uma bizarrice de todo o tamanho, cansa-me a vista, asfixia-me, fico sem chão.
Mas... Vamos lá, vamos lá. Eu possuo uma inteligência emocional que me permite ver sem desatinar, sem justificar, sem condenar. Sei como 'consertar' as coisas na minha cabeça. Assim sendo consigo olhar o caderno e achá-lo o mais interessante de todo o universo, o mesmo causar-me uma espécie de calafrios pelo corpo todo, e ainda, mesmo debaixo de tanta contradição, dedicar tempo a escrever um texto.
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