No início a minha mãe vinha-me ajudar a fazer a cama. Primeiro as fronhas, uma para cada uma de nós. Depois lançávamos o lençóis. Estendíamo-los, esticávamo-los e dobrávamo-los por baixo do colchão. Um e outro. A dobra do segundo muito direita para ficar uma cama bem-feita (que a minha cunhada era uma mulher que fazia uma cama muito bem-feita).
Quando chegava a vez do cobertor é que eram elas... O raio do cobertorinho era quase quadrado, difícil encontrar-lhe o preceito. Mas a minha mãe conhecia-lhe a manha, era assim, com as cornucópias apontando para ali, formando determinado desenho.
«Estás a ver que é assim, filha?»
Na hora, quando me apercebia do preceito da minha mãe, via o quanto era fácil.
«Ah, então é assim.»
Pensava eu. Mas não dizia nada. Talvez sorrisse. O sorriso ilude o próprio e os presentes.
Entretanto a minha mãe deixou de me ajudar, agora vejo-me sozinha com o estender na minha casa em geral. Nunca sei para que lado são as cornocópias do cobertorinho... Fixo depois de lhe adivinhar o preceito. Adivinho porque vou às apalpadelas, só há duas hipóteses, e não é costume acertar à primeira. Quando apanho o cobertorinho estendido a preceito, sou capaz de fixar. «Hum, ok, as cornocópias são para ali...» Para dois minutos depois me esquecer completamente e tudo retornar na próxima vez.
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