sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Personificar

É uma senhora alta e feia, lembra vagamente o corcunda de Notre Dame em versão feminina. Tem um sinal no lábio, peludo e grande. Os olhos são esbugalhados e por qualquer motivo mantém um deles meio fechado. É grotesca, mesmo. Rente ao horror. Porém, quando fala, tudo desmorona. Fá-lo tão docemente que apetece ouvi-la contar histórias de embalar. Parece uma fada. Das boas, claro.

Não tenho prazer em inventar personagens. Pode ser falta de imaginação, admito. Gosto de pensar que esta 'falta' existe porque sou demasiado aberta à realidade, dá-me jeito pensar antes assim, é uma maneira de não me sentir minúscula na personalidade e insignificante na escrita.
Personagens para quê se eu observo pessoas absolutamente caricatas todos os dias da minha vida? Se não for para escrever dentro do estilo fantástico – harry potter, senhor dos anéis e companhia –, o qual decididamente não é o meu, não tenho motivo nenhum para inventar personagens, o mundo fornece essas pessoas especiais, lindas, disformes, extremamente arrogantes, particularmente simpáticas, graciosamente fantásticas, carismáticas, geniais, desenxabidas... E todas interessantes, sem exceção.

Personagens e histórias inventadas para quê?!

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