Monsieur Dupond (ou será Dupont?!) lendo num dos cantos da casa, sempre absorto e empertigado, uma combinação invulgar de posturas.
'Acredito em tudo, desde que vi um porco a andar de bicicleta...'
Pois eu cá vi-os a voar...
O quadro que agora comigo contende tem uma meia dúzia de porcos cor-de-rosa com asas de morcego, voando em vara (ou em bando?!) pelos céus, lá ao longe a linha do horizonte separando o cinzento celeste e as águas revoltas. Um quadro duma estranheza que detém a atenção de qualquer um. E comigo contende.
As conversas cruzam-se, fazendo um emaranhado de sons indecifráveis.
Percebi que era de fechaduras que falavam. Apurei o ouvido. Nada. Dois deles retiraram as chaves dos bolsos e fizeram comparações. Continuei a apurar o ouvido. Fragmentos daqui e dali. Diziam que as fechaduras e as chaves assim custavam balúrdios mas eram invioláveis. Difusão novamente. Depois alguma nitidez. Dois vizinhos do prédio haviam sido assaltados. Por precaução houve mudança de fechaduras.
Entretanto acabou tudo por falta de comunicação, a dessintonia havia-se instalado definitivamente. Fui-me embora.
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