Era um pátio.
Era uma casa.
Era a porta da rua suja de pingos de cimento e poeiras de vários anos.
Era a bilha de gás na entrada, com os tubos e as abraçadeiras engordurados.
Era cerca duma dezena de meias de vidro postas a enxugar ao calhas na porta da cozinha.
Era os tapetes revoltos e desfiados. E sujos.
Era o fogão sem pontinha nenhuma limpa.
Era cacos sujos em qualquer lugar para onde se olhasse.
Era fósforos usados espalhados no fogão, no lava-louça, no chão.
Era um saco de lixo meio cheio de restos de comida.
Era, sumamente: papelada, cotão, pó, gordura, louça suja, imundície.
Era ela a arranjar-me um banquinho para eu me sentar.
Era ela, convicta da aparência assaz descuidada e imunda da sua casa, dizendo que podia sentar-me ali, que estava limpinho. E estava...
Era eu pousando a mala no banquinho para tirar cachecol e luvas.
Era ela insistindo, que me sentasse.
Era eu agarrando na mala, cachecol, luvas.
Era eu sentada num banquinho, naquele raro pedacinho asseado...
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