sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Com ou sem agá

Por causa da Hema lembrei-me da Ema.

Ema tinha sobrenome de erva aromática. Fazia queijos frescos e vendia-os para fora.
De resto, mais nada.
Só se disser que Ema punha os queijos a secar no muro do quintal e o meu segundo cão, o Dick, os comia.
Só se disser que o Dick, esse animal inquieto, lhe entrava quintal adentro e espantava e retraçava as galinhas.
Só se disser que não estou certa quanto à história das galinhas.
Só se disser que Ema, como forma de protesto e vingança, envenenou o bicho.
Só se disser que houve um zunzum enorme na pequena localidade quando se pensou que um dos descendentes de Ema era paneleiro.
Só se disser que se calhar não era o filho de Ema, era outro filho qualquer.
Só se disser que Ema tinha um sinal na cara.
Só se disser que não sei muito bem se era Ema que tinha um sinal na cara ou seria outra vizinha qualquer.

Há pessoas pouco avivadas nas minhas memórias infantis.

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