A ideia é sair para a rua, deixar o cheiro das especiarias para trás. Já sinto o ar puro. Hum, que bom. Luz, brisa. Já me sinto a viajar.
Há um velho que se agarra com um afinco brutal ao portão do Metro do Socorro. Quer subir. Por entre gemidos pede-me que o ajude. Mas não a subir, eu que segure antes no portão para este não se mover, quando não vai atrás, que o portão não se sustém... Eu: ah, já percebi. O homem sobe a custo. Ele: obrigadinha. Eu: de nada.
Saí para a claridade, finalmente. Oh, que alegria.
Andei ali pelo meio, destemidamente, entre putas e bandidos, meros corpos andando em círculos. Outras gentes também caminhavam mas em reta e com destino marcado. E a senhora do Socorro assistindo a tudo lá do alto da torre da sua igreja. Prossigo, ligeira e decidida.
Mais à frente, junto à saída do Metro do Rossio, um homem berrava, tentando vender tubinhos de cola de má qualidade. Mas o homem precisa vender... Então não berre, acho eu. Os gritos atemorizam as pessoas, afastam os clientes.
Continuo a viagem pedestre. Destino: rua da Madalena, Lisboa.
Gosto disto assim, lugares onde passo raras vezes, pessoas banais mas notadas, envolvências que disparam costumes aos quais sou alheia.
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