Num semáforo vermelho para os peões da avenida Almirante Reis (Lisboa) ouvi numa voz de lamento:
– Ah, eu queria apanhar um táxi... Mas aqui eles não gostam de parar...
Ok, minha querida senhora, eu entendi a deixa. Virei-me e vi uma senhora idosa e muito pequena. Imaginei na hora que dificilmente algum taxita repararia num bracinho cá por baixo acenando fracamente. Perguntei para onde ia, qual seria o sentido, para nos pormos a jeito de marchar sem reviravoltas para o condutor. Andámos até lá. Acompanhar o passo lento da senhora foi um tanto ou quanto aflitivo mas arranjei a calma. E até nem custou assim tanto, vá.
Vi vir de lá uns quantos táxis ocupados até que... ó glória terrestre, lá vinha um. Fiz sinal, ele parou e orientei a senhora para dentro da viatura.
– Ai, obrigadinha, obrigadinha.
– De nada, minha senhora, deixe lá isso.
Se morrer hoje, vou para o céu.
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