segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Telefonema

O telefone tocou e reconheci no visor do fax que alguém me queria falar de França. Levantei o auscultador e sem mais disparo:

Alô, la France!

Depois conversámos e tal. Ela falou do frio e eu respondo logo:

– Ai mulher, não sei que é isto mas estou cheia de calor!

E estava. Era um calor imenso... Mas não podia desenvolver a conversa, demorando em pormenores, falando sem custo dos meus pesares do momento. Era melhor não dizer que tinha acabado de aturar uma fufa de merda com ares de quem tem falta de qualquer coisinha realmente boa, grande e que se mexa voluntariamente e sem pilhas e que me moeu os cornos até mais não... Porra para a mulher! Ou homem, ou lá que é aquilo! Também não ia contar da cliente (que me apreceu logo de seguida, nem dando tempo a que me recompusesse) e andou a escolher seis rolhinhas de cortiça ao milímetro, 'Ai esta aqui parece um nadinha mais estreita, já viu? Ou esta aqui, que acha? Hum, se calhar antes esta, não?'.

Não ia dizer nada destas coisas à la France... Então, escrevi-as. É fixe, isto de ter um refúgio.

Nota final: estavam dois marmanjos na loja que acharam que os meus calores se deviam à sua presença. Pobrezitos... Também é fixe, isto de provocar reações erradas ou desconcertantes nas pessoinhas do sexo masculino.

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