A dona Marília veio perguntar do carteiro, que ainda não havia chegado a boa nova: a pensão. Pensãozinha do mês, não é que seja muito, coisa pouca, poucochinho, não dá para nada.
É dia 12... Sabe que a gente começa a sentir a falta..., diz ela.
E desenrola a conversa do costume. Pergunta por mim e pelos meus. A dona Marília tem uma memória extraordinária. As perguntas são sempre as mesmas. Sempre, sempre.
Quantos meninos tenho...
Se já são crescidotes...
Que idades têm...
Se é um casalinho...
Qual é mais velho, ele ou ela...
Se já namoram...
Se já casaram...
Quando este diálogo termina, repete outro. Diz que sou uma querida, uma joia de senhora, muito simpática.
Hoje até tem uns brilhozinhos!, remata ela, com uma alegria tão sincera que me comove. A dona Marília vê muito mal, os brilhozinhos que ela viu foram os meus brincos, duas bolas enormes e prateadas que dão nas vistas porque abanicam ao mais pequeno movimento de cabeça...
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