segunda-feira, 7 de maio de 2012

Barbies

Duas barbies, mas em moreno. Altas, vistosas e tão aprumadas como só as barbies são. Vem um parvalhão atrás delas, desvairado com tamanha beleza, entra na mesma loja que elas e pergunta se alguma teria perdido um molho de chaves. Elas admiram-se, abrem muito os olhos pintados, a boca aberta como quem se depara com uma enorme surpresa. Dizem que não perderam nada e o bicho fica amarelo e baza. Uma delas exclama:
– Ah, o tipo seguiu-nos, viste?!
A outra faz que sim. Mudam os semblantes. Completamente. Viram-se para mim, a do balcão, noto que sorriem ligeiramente, ainda atordoadas com a lata do estrupício que as seguiu. Vamos ao que interessa: querem um frasquinho vazio. Anuncio que não tenho frasquinhos desses para venda, não costumo ter, não vou ter. Vão ficando como que aborrecidas conforme assimilam a dura realidade. Depois, não podendo fugir, largam as duas um sorriso enorme e dizem quase em uníssono:
– Ok, obrigada!
Logo após, fico livre e desimpedida. E sinto-me estranha, é sempre confuso ver disparidades. Eu gosto mas baralha-me.

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