Ora bem, acabado um livro é certo que outro virá. Desta feita virei-me para um que já havia começado a ler: 'O Apicultor', Maxence Fermine.
«Aurélien refletiu e disse:
– Acreditas que se possa viver sete vidas?
O iemenita olhou-o com um ar estranho. Este jovem europeu falava como um velho sábio.
– Não sei. Talvez certas almas tenham necessidade de se construir com o tempo.
– Sete. É um bom número. A sétima vida vale ouro.
– Sim – disse o iemenita. - É também a última para finalmente a enriquecer.
Houve um grande silêncio, apenas perturbado pela música do vento.
– Então – disse Aurélien levantando-se -, é preciso continuar a caminhar mais e mais.
– Não estás cansado?
O apicultor passou a língua nos lábios secos pela sede.
– Não. Eu não estou cansado de viver.
Nessa noite, ao caminhar no deserto, Aurélien teve a intuição de uma coisa que chega na hora da morte: a vida prende-se unicamente à solidez de um fio. Um fio de ouro urdido por dias em que se compreende que a necessidade de sobreviver será sempre mais bela do que o prazer de morrer.
E desejou, com todas as suas forças, continuar agarrado a esse fio.»
Páginas 74, 75
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