Eu tinha 17 anos e envergava um casaco rosa curtinho, com ombros largos e chumaços altos, grande moda nos anos '80, e uma saia aos quadrados em que pelo menos uma das cores era a mesma do casaco. Fui eu que fiz, o casaco e a saia, andava a aprender a costura nessa época, o casaco até tinha um dos bicos um bocadinho imperfeito, que eu bem me lembro.
Tinha 17 anos, trabalhava em Lisboa, num atelier pouco importante numa zona de baixa condição social. Não era feliz nem infeliz. Tal como ouvi há dias alguém dizer: era feliz como uma rapariga pode e sabe sê-lo, e era infeliz como só uma rapariga pode e sabe sê-lo.
Naquele dia, 26 de abril de 1986, sábado à tarde, tudo mudou. Casualidades, destino, coincidências... Não sei. Mas mudou a minha vida. Para melhor, devo acrescentar, não se vá já pensar que estou a fazer queixinhas da minha vidinha facilitada e cheia de coisinhas boas daquelas que toda a gente cobiça.
O rico filho tem 17 anos, eu também tinha, o que significa que há 26 anos que isto aconteceu, uma vez que era a idade que eu tinha quando ele nasceu.
É este o meu fascínio pelos números, a vida é matemática e coincidências, só passa daí porque a gente quer.
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